sábado, 30 de novembro de 2013

Antevisão Especial Vitifrades II - O que nos dizem os forais de 1512 sobre o vinho da região...

A época de domínio romano cessara. É plausível que, durante o século V d. C., a villa de São Cucufate tenha sido abandonada. Instalar-se-ão dois reinos sólidos na Península Ibérica. Os suevos escolhem o Noroeste Peninsular e criam o seu próprio Estado sediado em Braga (antiga Bracara Augusta). Por seu turno, os Visigodos controlarão a maior parte da Península Ibérica, terão a sua capital em Toledo e albergarão também toda a região alentejana e algarvia.
Crê-se que a partir do século VI ou XIII (existem as duas teorias como já mencionamos anteriormente noutros textos), surgiu um Mosteiro Beneditino com invocação a São Cucufate, mártir cristão degolado pelos romanos no período de intolerância religiosa. É plausível que estes monges, responsáveis pelo povoamento e organização territorial (são eles que estarão na origem da designação de Vila de Frades), tivessem incutido um planeamento económico, já que a produção agrícola era essencial para a subsistência da povoação medieval.
É certo que estes mesmos frades, tutelados pelo Mosteiro de São Vicente de Fora (Lisboa), outorgaram, em data desconhecida, um primeiro foral à terra que havia irremedievalmente de se perder. Mas a sua existência está devidamente documentada através do segundo foral, promulgado em 1512 por el-rei D. Manuel I que empreendeu uma grande reforma neste sector, tentando modernizar e actualizar muitos dos dados aí contidos.
Tanto as povoações de Vila de Frades e da Vidigueira receberam foral nessa data, isto é, numa fase de transição entre as Épocas Medieval e Moderna.
As questões que se colocam são mesmo estas - o Vinho surge mesmo referenciado nesses documentos relativamente a essas duas povoações? E em que contexto? Podemos infirmar efectivamente que o vinho manteve a tradição que já era visível desde o período romano?
Neste artigo, vamos responder a tudo isto.
Comecemos por analisar o foral relativo a Vila de Frades e extrair o que nos é dito sobre o vinho:
 
 
"Pagarssea primeiramente na dita villa por direito real o dizimo de todo o pam (e) vynho que se colher na dita villa e termo. E assy linho y azeite y legumes desta maneira a saber: o pam na eira y os  legumes e o vynho a bica e o azeite y linho y tinta no tendal. E pagarsse o dito dizimo desta maneira a saber: de dez pagam huum de dizimo a Deos y aju(n)tam os nove que ficam com huum mais y daquelles dez pagam huum ao senhorio" (Excerto do Foral Manuelino de 1512 relativo a Vila de Frades, 01-06-1512, assinado por Fernão de Pina).
 
 
Os habitantes de Vila de Frades tinham que pagar presumivelmente dois dízimos, um à Coroa e outro ao Senhorio (talvez o eclesiástico - os frades do Mosteiro de São Cucufate). Ou seja, com a junção dos dois impostos, os agricultores tinham que abdicar de 20% da produção. Eram épocas bastante duras que exigiam tremendos esforços e sacrifícios do povo perante as classes privilegiadas. O vinho era um dos produtos taxados por este tributo, mas o pão, azeite, linho e tinta também não escapavam aos direitos reais e quiçá senhoriais. Estes produtos seriam os principais da vila (só se cobram direitos sobre o tipo de produção existente na vila).
Noutras partes, relativas aos impostos ou sua isenção, são referidos ainda outros produtos, nomeamente frutas, ortaliças e trigo. A referência a capões comprova-nos que a criação de gado seria também visível na localidade.
Neste foral de Vila de Frades de 1512, há a particularidade de o pão (cereais) e o vinho terem sido os primeiros produtos a ser mencionados, o que poderá ser um sinal de que seriam os mais cobiçados e prestigiados.
 
 
 
 
 

 
Imagem nº 1 - O Foral de Vila de Frades, onde o rei (principalmente este) e senhorio cobravam direitos (reguengos, sesmarias, quarentena) sobre a povoação que, em troca, ganharia alguma autonomia enquanto entidade concelhia.
Retirado do Livro dos Forais Novos de Entre Tejo e Odiana. Lisboa, [1501-1520]
 
 
 
"Pagarssea primeiramente na dita villa por direito real o dizimo de todo o pam (e) vynho que se colher na dita villa e termo. E assi do azeite y legumes desta maneira a saber: o pam na eira y os legumes e o vynho a bica e o azeite y linho y tinta no tendal. E pagasse o dito dizimo nesta maneira a saber: de dez pagam huum de dizimo a Deos y aju(n)tam os nove que ficam com huum mais y daquelles dez pagam huum ao senhorio (...) Item ha na dita villa y termo dous regemgos a saber huum que chamam das Reliquias e pagam delle do pam y azeite que agora nelle ha o quinto a saber de cinquo huum. E tem mais outro regemgo da [Codesseira] de que assy mesmo pagam de cinquo huum dos vinhos y azeites que se ora nelle colhem (...) E por quanto pollo dito foral foy loguo reservado pera a venda do nosso vinho o tempo do rellego que sam os primeiros tres meses de cada huum ano começados por primeiro dia de Janeiro no dito tempo ninhuma pessoa da dita villa ou termo nam vendera ninhuum vinho na dita villa sem licença do almoxerife nosso ou nosso official ou rendeiro delle so(b) pena de polla primeira vez ou segunda que for achado fazendo o comtrairo pagara por cada hua vez nove reais para o rellegueiro e se a terceira vez vender sem a dita licença ser-lhe-há emtornado ho vinho y quebrada a vasilha em que o tiver. E as pessoas que no tempo do Rellego quiserem trazer vinho à dita villa a vender de fora do termo della podello-ham fazer pagamdo ao Rellegeiro huum almude de cada hua carga. E se venderem o dito vinho de fora do termo sem a dita paga ou licença perderam o dito vinho e os ditos nossos officiaaes nam meteram no tempo do rellego nem venderam ninhuum outro vinho assy da villa como de fora della salvo o que na dita villa y termo se ouver dos nossos regemgos. Com tal emtendimento que se o dito vinho nosso nom abastar os ditos tres meses de rellego que logo di por diante em qualquer tempo que se acabar fique em liberdade da dita villa poder vender seus vinhos que quiser sem ninhuma pena nem paga. E se por ventura o nosso vinho for tanto que se nom possa vender nos ditos tres meses de rellego queremos e mandamos que passados os ditos tres meses nam se possa mais vender atavernado na dita villa nem no termo. E porque somos certificado que com a venda do nosso vinho se mete por alguuns oficiaaes do Rellego y rendeiros dellle outro muito vinho de que nossos povoos se sempre agravaram avemos por bem para isto evitar que tanto que nossos vinhos forem recolhidos ajam a vista delles os oficiaaes da camara da dita villa, os quaaes screveram passado dia dos sanctos em cada huum anno a cantidade y callidade do dito vinho y as vassilhas em que estever para se nom poder mais outro vinho com elle meter nem vender". (Excerto do Foral Manuelino de 1512 relativo à Vidigueira, 01-06-1512, assinado por Fernão de Pina)
 
 

 A descrição introdutória deste foral da Vidigueira é semelhante à passagem inicial que também é visível no de Vila de Frades. Não haveria grandes diferenças quanto às potencialidades produtivas destes dois concelhos autónomos (há referência que aponta a existência de organismos municipais), embora partilhassem muitos factos em comum, nomeadamente ambos eram alvo da influência dos Duques de Bragança (ainda antes da chegada dos Gamas que só se oficializa em Dezembro de 1519) e de instituições religiosas (os beneditinos de São Cucufate detinham um maior poder em Vila de Frades, enquanto que a Paróquia de Santa Clara tutelava o culto religioso na Vidigueira medieval).
Também aqui nos parece que eram cobrados dois dízimos, um ao rei outro ao senhorio (seriam os duques de Bragança ou antes a Paróquia de Santa Clara?). Os produtos tributados aqui eram: o pão, o vinho, o azeite, os legumes, o linho e a tinta. Por isso, esta realidade era exactamente igual em ambos os forais.
Mas as menções ao vinho da Vidigueira são ainda maiores. Nesta vila, existiam dois reguengos, isto é, propriedades do rei que eram arrendadas a particulares. Num deles, e a troco da exploração dos recursos, o arrendatário teria que abdicar de um quinto da produção do vinho e azeite como meio de pagamento à coroa. Também no anterior foral de Vila de Frades, há referência a existência dum reguengo, onde se pagava um quinto de toda a produção (é possível que o vinho aí estivesse integrado, embora o documento não especifique mais nesse caso).
Na Vidigueira, era ainda célebre a imposição do relego que determinava a época (os três primeiros meses de cada ano!) em que se vendia exclusivamente o vinho do rei dentro das vilas e cidades. Evidentemente, que o vinho vinha das terras reguengas que se encontravam na vila. Este sistema nada equitativo favorecia os interesses da Coroa e quem ousasse vender o seu vinho nesse período trimestral estipulado, sem licença ou autorização dos oficiais da coroa, seria alvo de coimas e, em caso de reincidência, poderia ficar sem o seu vinho que era entornado e a vasilha, que o armazenava, seria destruída.
No foral da Vidigueira, há referência a outros produtos, nomeadamente frutas, ortaliças, alhos secos, cebolas, madeira, pescado (este último seria transportado doutros sítios e não escapava ao tributo da portagem)...
Há inclusive referências à pastorícia, nomeadamente a porcos, vacas e galinhas (aliás, o carniceiro da vila não escapava ao pagamento da açougagem que, neste caso concreto, custaria 740 reáis por ano).
 
 
 

 
Imagem nº 2 - No Foral da Vidigueira, encontramos um número considerável de menções ao seu vinho.

 Retirado do Livro dos Forais Novos de Entre Tejo e Odiana. Lisboa, [1501-1520]
 
 

Em jeito de conclusão, e depois de termos despendido algum tempo na transcrição paleográfica de determinadas passagens destes dois documentos históricos da era manuelina, podemos concluir que a tradição vinícola manteve a sua influência na região desde a Idade Antiga com os romanos, e depois na transição da era medieval para a moderna.
A tributação régia e/ou senhorial abrangia evidentemente o vinho, o que comprova a sua produção nestas duas vilas. Este era o preço a pagar para que os dois concelhos mantivessem, na altura, a sua autonomia e identidade...
 
 
Referências Consultadas:

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Antevisão Especial Vitifrades I - A produção na longínqua era romana

Em jeito de antevisão da próxima edição da Vitifrades, que se realiza entre os dias 6 e 8 de Dezembro na freguesia de Vila de Frades (Município da Vidigueira), iremos agora reflectir um pouco sobre a importância do seu vinho, o que compreenderá, da minha parte, a redação de alguns textos até à realização oficial do evento, onde tencionarei efectuar uma reportagem sobre o mesmo. São esperados visitantes provenientes de variados espaços do país e até do estrangeiro. Tive inclusive a oportunidade de conhecer recentemente um turista espanhol, residente em Cádiz (Espanha) que me confidenciou a sua intenção de estar presente neste evento, até porque era um admirador confesso de vinhos ibéricos.
Hoje, vamos esmiuçar as raízes do vinho em Vila de Frades, o que nos levará, pelo menos, até ao caso concreto da villa romana de São Cucufate que conheceu uma tremenda evolução entre os séculos I e IV d. C.
Como é do conhecimento público, os romanos que aí instalaram a sua villa apostaram imediatamente na produção de vinho (juntamente com o azeite e o trigo), transportando-o em ânforas e armazenando-o ainda em talhas nas suas adegas que compunham o piso inferior da mansão senhorial romana. Existe mesmo um lagar (seria de azeite ou vinho? questão ainda nada consensual entre os historiadores e arqueólogos), onde se encontrou, debaixo dos dois pesos cilíndricos, grainhas de uva.
O espólio, recolhido e exposto no Núcleo Museológico da Casa do Arco, revela-nos a existência de facas de vindima, fragmentos de talhas, ânforas, pratos de balança, entre outros objectos conotados com esta produção específica.
A tradição vinícola, no lugar hoje correspondente a Vila de Frades, remontava então já ao período romano e terá permitido ao senhor da villa, um homem abastado e influente, saborear a qualidade do produto e garantir expressivos lucros já que a produção vinícola excedentária seria transacionada no Mercado citadino de Pax Iulia (Beja), decerto bastante cobiçado naquelas eras mais recuadas.
Até os conceituados escritores daqueles tempos se renderam às evidências. 
O célebre poeta romano Horácio, no exercício da sua arte escrita, não se esqueceu de salientar a importância de se beber uns valentes copos de vinho. Por seu turno, Cícero, filósofo romano, já dizia acertadamente:


"Os vinhos são como os homens: com o tempo, os maus azedam e os bons apuram"


Por seu turno, Plínio, historiador do séc. I D. C., referia mesmo: "O vinho é o sangue da terra". 
Séneca, grande intelectual latino, desvenda factores motivacionais para a ingestão deste produto: "O vinho lava nossas inquietações, enxuga a alma até o fundo, e, entre outras coisas, garante a cura da tristeza".
Por isso, os romanos já sabiam mesmo o que era agradável e usufruíam duma técnica praticamente infalível para enfrentar as amarguras da vida.
Como observamos neste artigo, a História do vinho em Vila de Frades tem, pelo menos, mais de 1600 anos recheados de testemunhos reais. 
Já agora não deixe de visitar as majestosas Ruínas Romanas de São Cucufate bem como o Museu da Casa do Arco. Só assim compreenderá perfeitamente a tradição vinícola desta terra, a qual assumirá um papel central nas festividades da Vitifrades com a aprazível visita às adegas. Efectivamente, esta arte de produzir bom vinho conheceu uma raiz que importa conhecer detalhadamente.




Imagem nº 1 - O célebre lagar (de azeite ou vinho) que pode ser observado na antiga villa romana de São Cucufate, sita em Vila de Frades.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 2 - A zona dos antigos celeiros/adegas na villa romana, onde se armazenava a produção agrícola. Aqui seriam depositadas as talhas recheadas de vinho e azeite.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 3 - Uma ânfora, utilizada para o transporte de vinho, azeite e preparados piscícolas, que pode ser visualizada no Museu - Casa do Arco.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira


Referências Consultadas: ALARCÃO, Jorge de - Roteiros da Arqueologia Portuguesa - São Cucufate; Textos Publicados no Núcleo Museológico de Vila de Frades - Casa do Arco; http://www.academiadovinho.com.br/biblioteca/citacoes.htm.

Notas: Se pretende visitar a villa romana de São Cucufate bem como o museu da Casa do Arco, aconselho que visitem este site: http://casadoarco.wix.com/ruinasromanas.
Mais se informa que, no início da próxima semana, apresentaremos novos textos, em jeito de antevisão, sobre o simbolismo do vinho nesta terra. Por isso, estejam atentos e já agora compareçam nos eventos!

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A Igreja da Misericórdia da Vidigueira


No ano de 1592, é iniciada a sua primitiva construção por António Carvalho. Em 1620, procede-se à feitura da Sala do Despacho. Contudo os azares também fazem parte da vida, e em 1687 deflagra um incêndio que destruirá irremediavelmente o altar do Santo Cristo bem como outros sectores do imóvel.
Em Janeiro de 1688, é estabelecido um contrato com o entalhador Francisco Delgado Camaninho que se responsabiliza pela criação do retábulo-mor, e é crível que nessa data tenham decorrido ainda reparações no templo devido ao anterior incêndio. Nos inícios do século XVIII, é a vez de António Pereira colocar azulejos pintados e assinados por si. Nesse período, procede-se a uma nova reconstrução, o que incluirá a feitura das capelas colaterais. Em finais do século XVIII, é construída a Capela do Santíssimo e a tribuna.
Na década de 1820 é concretizada a Capela de Nossa Senhora das Dores.
Como podem observar, este templo foi alvo de modernização, restauros e construção de novas estruturas.
Este edifício situado na esquina da Praça da República da Vidigueira, individualiza-se pela sua ornamentalidade e, nesse cenário, podemos ressalvar os painéis figurativos de azulejaria, os retábulos de talha dourada e as próprias esculturas que aí se podem apreciar. 
Também se podem verificar algumas inscrições que confirmam a deflagração dum incêndio que deixou evidentes marcas na Igreja.


Inscrições: OS HER(DE)IROS (DE) / ES(TE)Vã P.RA MãDARã / FAZER ESTA CAP.A (C_) IAZ.O / P.A SI. E SEOS (DE)SEDE(TES) / P.A NELA SE DIZER A MISSA / COTIDIANA Q. O (ME)SMO POS / (DE) PEÇã / NO MORGAD.O Q. (IN)S/TITUIO (DE) SVA 3.A Q FOY / PREMV/TA.DA P.A ESTA CAP.A POR / B.VE (DE) SVA SANT.DE MO/REO / EM 1.O (DE) FEU.RO / (DE) 740. EM 24 DE IVNHO P.A 25 / DE 1687 SVCEDEO / O LAMENTAVAL INCENDIO / NA CAPELA E IMAGEM SAG.R DO S.TO CHRISTO REEDIFICOCE / NO ANO / DE 1688. (Sarcófago do fidalgo Rui Pereira assente em dois leões afrontados, com o brasão dos Pereiras e dos Henriques)

Ainda hoje o local é utilizado para o culto cristão, atraindo inúmeros crentes que residem no Concelho.



Imagem nº 1 - A Igreja da Misericórdia da Vidigueira na Praça da República - Vidigueira



Imagem nº 2 - O templo compreende um enquadramento ornamental e estético.



Referência Consultada: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4322, (José Falcão e Ricardo Pereira, SIPA).

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O Natal chegou à Vidigueira; Novo Livro Apresentado


Como já todos repararam, o espírito natalício já paira por aí. Ainda recentemente tive a oportunidade de contribuir com algumas moedas para uma Associação Solidária que visa apoiar crianças necessitadas. Defendo a ideia de que no Natal é mais importante dar do que receber
Mas é também evidente que pretendo digerir uns valentes doces (logo eu que sou um admirador confesso dos mais deliciosos chocolates!) de forma a comemorar tal data festiva. 



Imagem nº 1 - Uma estrela de Natal em cima da histórica Cascata da Vidigueira.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira


No dia 23 de Novembro, foi ainda apresentado um novo livro intitulado "A minha boca parece um Deserto" da autoria de Jorge Serafim e José Francisco. A história gira em torno da escassez de água, realidade que é, por exemplo, visível em muitos países do Terceiro Mundo. A água é pois um bem essencial e não devemos desperdiça-la em vão.



Imagem nº 2 - A apresentação decorreu no Centro Multifacetado das Novas Tecnologias - Vidigueira.
Foto - Direitos - CM da Vidigueira

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Poema VII - Ai frio que tanto me aborreces

Ai frio que tanto me aborreces
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


Desprovido das minhas saudosas calorias,
Aconselha-me este retumbante país da austeridade,
A não desperdiçar as minhas moedas na gastronomia da ostenticidade,
Enquanto não se evidenciarem as mais ambicionadas melhorias!


Sem energias quentes, enfrentamos todos este gelo,
Nem as lareiras e aquecedores
Disfarçam o flagelo
Que coloca em causa os nossos bons humores!


Como é tão agradável estar na caminha,
Dormir debaixo de espessos cobertores
E exercer o estatuto de um dos maiores sonhadores,
Sendo ainda resguardado pela minha casinha!


Ai frio! Que vieste para ficar!
O Inverno disse-te para nos incomodares
E tu, obediente, vais acentuar as disparidades
Que ricos e pobres conhecem, para te enfrentar!


Espero pela Primavera Pacificadora,
Amiga fiel dos homens e animais,
Verdejante e Conciliadora,
Que conforta os simples mortais!


Até lá, não nos podemos engripar,
As consultas custam os seus dinheiros,
E neste país, temos que continuar a trabalhar!
Senão lá se vão ao ar muitos mealheiros!!!




Imagem nº 1 - O Inverno está mesmo aí à porta...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

VI Poema - Os frades de Vila de Frades


Os frades de Vila de Frades
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


 Um lugar calmo, harmonioso e solitário,
Procuravam, nesta vila, os respeitados frades,
Afastando-se assim dos vícios das cidades,
Onde estava em voga o interesse monetário!


Primeiro, instalaram-se os beneditinos em Cucufate,
Depois, os capuchos criaram também o seu Convento,
Enfrentavam todos eles o mundano tormento,
Prestando caridade, enquanto forma de remate!


Os freires do Mosteiro Medieval,
Estimularam um coerente povoamento,
Concederam foral,
E não deixaram a vila cair no amaldiçoamento!


Dedicaram atenção às suas vinhas e olivais,
Zelando pela subsistência comunitária,
Para além da arte visionária,
Que promoveram mediante as pinturas murais!


Eles já abandonaram a terra e a sua actividade!
Não, não nos legaram enormes riquezas,
Mas sim património e identidade,
Que tornam Vila de Frades, um centro de infindáveis proezas!




Imagem nº 1 - O Mosteiro Beneditino de São Cucufate.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Duas Novas Questões de Cultural Geral


Bom Dia, meus caros leitores e demais seguidores!
Hoje, trago-vos dois desafios culturais. Espero muito sinceramente que acertem!
Por um lado, agradecia que me dissessem quantas fases de evolução conheceu a Villa Romana de São Cucufate, Monumento Nacional sito em Vila de Frades, enquanto que por outro, espero que vocês me saibam datar os momentos em que Dom Vasco da Gama exerceu o título nobiliárquico de Conde da Vidigueira.
Se estiveram sempre atentos aos textos do meu blog, então vão considerar as perguntas extremamente fáceis!
Vamos lá, participem nas questões presentes na margem direita! Não vale fazer batota! Respondam logo no momento!




Imagem nº 1 - Será que conhecem bem a história de Vila de Frades e Vidigueira?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Hospital da Misericórdia/Conservatório do Espírito Santo

A Vidigueira já possuiu, noutros tempos, um hospital que acolhia os enfermos, de forma a prestar-lhes a atenção necessária. Foram épocas em que o cenário de desertificação do Alentejo não existia ainda enquanto fenómeno demográfico. Para além disso, os sectores dos transportes e das comunicações ainda não se tinham modernizado, o que implicava um maior número de hospitais por cada região, dado que as distâncias seriam percorridas com maior tempo. E como sabemos em caso de urgência, todos os minutos contam para salvar uma vida humana ou preservar o nosso maior bem - a saúde!
Exposto isto, o referido hospital começou a ser construído no ano de 1668 com evidente conexão religiosa. Acreditamos que os membros clericais tutelaram, a sua existência, nos seus primórdios. No ano de 1883, dá-se a extinção da casa religiosa e posterior entrega do edifício à Santa Casa da Misericórdia. Nos princípios do século XX, decorre a alteração da fachada e a partir do ano de 1999, o imóvel é adaptado a um centro de recolhimento (ainda com um cariz assistencial).
Ricardo Pereira descreve, mais uma vez, as características deste bem patrimonial:


"Paredes de alvenaria de pedra e cal e de tijolo, rebocadas e caiadas, abóbadas de tijolo rebocadas e caiadas, telhado em telha de aba e canudo, caixilharias de madeira, gradeamentos de ferro forjado, pavimentos de mosaico hidráulico, marmorite e tacos de madeira".




Imagem nº 1 - O antigo hospital (agora lugar de recolhimento) situa-se próximo dos Paços do Concelho e da Igreja da Misericórdia da Vidigueira.
Direitos da Foto: SIPA



Imagem nº 2 - A vista do seu interior.
Direitos da Foto: SIPA


Referência Consultada: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=16998, (Texto da autoria de Ricardo Pereira, SIPA).

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A Ermida de São Rafael - um pouco da sua história e simbologia


Nos inícios do século XVII, talvez pela mão de D. Francisco da Gama (4º Conde da Vidigueira e Vice-Rei da Índia), foi construída a ermida, que recebeu a imagem de São Rafael que acompanhara o seu bisavô, D. Vasco da Gama, na famosa viagem marítima, bem sucedida, à Índia.
Crê-se que, desde cedo, este templo mereceu uma considerável devoção, motivando quiçá peregrinações e procissões populares.
No século XIX, a ermida é profanada e cai mesmo em ruína. A imagem de São Rafael foi mesmo transferida para o Recolhimento do Espírito Santo.
Nos anos de 1912 e 1942, a Câmara Municipal procede a obras de restauro. Em 1965, a imagem de São Rafael voltou a ser entronizada no altar.
Finalmente, em 1980, tivemos novas obras de restauro, desta feita, no interior do templo, a cargo da autarquia.
As suas paredes são feitas de alvenaria de pedra e cal, rebocadas e caiadas. A cobertura é assegurada com telha de canudo. O seu pavimento é de tijoleira. Possui ainda um portal e cunhais de cantaria.
Existe ainda uma lápide que assinala as origens da ermida, com a seguinte inscrição:
 
 
 
ESTA ERMIDA FOI MANDADA ERIGIR / PELOS DESCENDENTES DO CONDE / D. VASCO DA GAMA PARA RECOLHER / A IMAGEM DE S. RAFAEL QUE O / GUIOU DA INDIA / RESTAURADA PELA CÂMARA MUNICIPAL EM 1942.
 
Imagem nº 1 - A ermida de São Rafael remonta aos princípios do Século XVII, e detém uma arquitectura religiosa de cariz maneirista.
 
 
Referência Consultada: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4327, (José Falcão, Ricardo Pereira, Paula Figueiredo, SIPA).
 
 


domingo, 10 de novembro de 2013

Exposição "Dos Simbolismos aos não lugares" de Silvestre Raposo apresentada na Igreja da Misericórdia

Depois de já ter estado presente no Centro Multifacetado das Novas Tecnologias (Vidigueira), a Exposição "Dos Simbolismos aos não lugares" foi, no dia de 9 de Novembro, apresentada na Igreja da Misericórdia em Vila de Frades.
Cerca de duas dezenas de personalidades conhecidas afluíram ao local, entre as quais, representantes da Junta de Freguesia de Vila de Frades e da Câmara Municipal da Vidigueira.
Contudo, o maior protagonismo vai indiscutivelmente para o artista Silvestre Raposo, natural do concelho de Serpa e licenciado em Artes Plásticas (pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa), que discursou à medida que ia apresentando as suas pinturas e objectos, que estimulam seguramente o raciocínio e espírito crítico do ser humano.
Numa parte da Exposição, tínhamos pinturas e objectos conotados com o Sagrado, também se visualizaram pinturas de vastas paisagens, e ainda, se abordaram os elementos do misticismo (água, terra, fogo e ar). Alguns desenhos ilustram ainda passagens de obras conhecidas de Luís Vaz de Camões (Os Lusíadas) e de Miguel Cervantes (Dom Quixote).
O autor Silvestre Raposo, para além do seu talento para a arte, revela ainda um espírito crítico muito assertivo. Por exemplo, num objecto relacionado com o estado da Justiça (onde estão retratadas a balança e a espada), consegue colocar ainda as imagens de: moscas (porque ludibriam ou turvam a visão dos juízes), aranhas (os processos arrastam-se por muito tempo e ganham teias!) e ratos (pois há criminosos que conseguem sempre escapar pelos buracos da lei). Noutro exemplar, onde se retrata o sangue de Nosso Senhor a ser derramado pela cruz (após ter sido atirada a lança por parte de Longino, soldado romano), recorda que a dor é comum a todos nós, pois levamos, ainda que metaforicamente, com lanças, durante a vida, que nos deixam inteiramente desolados. O nosso artista exibiu ainda uma peça da chegada dos portugueses à Índia (1498), colocando mesmo aí uma nota de réis, pois os interesses económicos (e as grandes suspeitas de corrupção que chegaram mesmo a ser visíveis nos altos organismos portugueses da Índia do século XVI) falaram sempre mais alto.
Exposta esta apresentação, decorreu posteriormente um momento de convívio livre com pequenos aperitivos gastronómicos.
Esta iniciativa de Silvestre Raposo, apoiada pela Junta de Freguesia de Vila de Frades e Câmara Municipal da Vidigueira, é digna de merecer uma adesão significativa por parte dos vilafradenses.
Recordamos que esta Exposição estará gratuitamente exposta ao público entre os dias 9 de Novembro e 1 de Dezembro de 2013, das Quartas aos Domingos, entre as 13:30-17:30 (parte da tarde), na Igreja da Misericórdia, em Vila de Frades. Aconselho, para além de visualizarem as obras de arte, a lerem, com atenção, as respectivas legendas, pois assim compreenderão a crítica e a razão de ser de cada vertente exposta.



Imagem nº 1 - Silvestre Raposo apresentou a sua notável exposição na Igreja da Misericórdia em Vila de Frades.
Retirada de: http://www.flickr.com/photos/7388824@N06/444312197/, (Isabel Magalhães)



Imagem nº 2 - O altar da Igreja da Misericórdia. À sua frente, dois objectos simbólicos, um que retrata o estado da justiça em Portugal e outro que ilustra a aprendizagem do ser humano ao longo da vida.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 3 - Pinturas de paisagens.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 4 - À esquerda, quadro sobre a obra Dom Quixote (Miguel Cervantes) e outro, à direita, sobre os 4 elementos do Misticismo.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 5 - O retrato do sangue de Nosso Senhor a derramar da cruz para um cálice, após o perfuramento do seu corpo pela lança de Longino. Todos nós também conhecemos, duma forma ou outra, a dor que também faz parte da nossa existência.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 6 - O objecto da Justiça, composto pela balança e espada, mas também por moscas, ratos e aranhas que dificultam ou até impedem o seu exercício eficaz.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A Cascata da Vidigueira

Em 1891, foi construída a célebre Cascata da Vidigueira, de forma a comemorar a inauguração do abastecimento de água à vila. Inicialmente, este chafariz satisfez várias das necessidades das populações. Actualmente, já não é utilizado para tal finalidade.
A descrição estrutural, que é feita por parte de Ricardo Pereira, é exímia:


"Muro de suporte caiado a amarelo, rematado por capeamento de cantaria, ao centro do qual se destaca um pano de alvenaria de rocha argamassada; ao centro deste rasga-se nicho em arco de volta perfeita onde se insere um tanque resguardado por murete de cantaria; remate em platibanda, caiada a amarelo, com capeamento de cantaria e remates laterais em plintos de cantaria; ao centro lápide de cantaria de formato rectangular, com os ângulos chanfrados em curva e molduração de meia cana, onde se destaca o cronograma 1891; sobre a platibanda, ao centro, fuste de secção octogonal, munido de plinto quadrangular, interrompido por um anel e rematado por candeeiro moderno; assenta numa base escalonada de três registos, de perfil polilobado e decorados por folhagens relevadas, destacando-se sobre o primeiro e segundo registos uma pedra de armas do município, de formato rectangular; nos extremos elevam-se urnas de cantaria com caneluras, assentes em plintos decorados com florões e articulados com a base do fuste por meio de volutas, decoradas com ramagens; a face tardoz segue esquema idêntico com excepção das armas do município, aqui substituídas pelas iniciais "C" no segundo registo e "M.V" no primeiro; abaixo da platibanda o muro é contrafortado por rampa de alvenaria pintada a amarelo e capeada a cantaria".


A Cascata, para além da sua vertente estética, tem claramente um valor simbólico, como já indicamos no topo deste texto. Está naturalmente classificada como um imóvel de interesse municipal!



Imagem nº 1 - A Cascata construída pela Câmara Municipal da Vidigueira em 1891.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 2 - Outra perspectiva sobre a mesma estrutura.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira


Referência Consultadahttp://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=17007, (texto da autoria de Ricardo Pereira, SIPA).

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Sobre a Igreja Matriz de Vila de Frades

Recentemente, tive a oportunidade de visitar a Igreja Matriz de Vila de Frades, seguramente um dos templos mais atractivos em termos ornamentais/estéticos. Fui inclusive bem recebido pelas senhoras que aí efectuavam a manutenção do espaço.
O início da construção da Igreja ocorre em 1696, embora só tenha sido concluída no ano de 1707. O seu construtor foi João Gomes Coelho. 
Em 1710, é assegurada a finalização da cobertura em abóbada por parte do mestre pedreiro Domingos Gonçalves.
Suspeita-se ainda que aí esteja a sepultura do célebre poeta João Xavier de Matos, falecido em 1789.
O espaço referente ao altar-mor não deixa ninguém indiferente. A talha dourada que aí foi aplicada, revestindo as estruturas e objectos religiosos, faz com que esta Igreja seja indubitavelmente uma das mais belas em todo o Alentejo.
O templo possui ainda altares laterais onde se guardam estatuetas que merecem a adoração dos crentes: São Cucufate (que antes estava presente no Mosteiro Beneditino que se instalou na villa romana), São Sebastião, Nossa Senhora da Assunção, Nossa Senhora da Conceição, São Pedro, Menino Jesus, São Brás... É claro que não nos foi nada fácil identificar cada uma destas esculturas, pois nenhuma delas tem uma legenda completamente visível. Por isso, deciframos tais obras de arte recorrendo aos nossos conhecimentos gerais e ainda aos escritos de Túlio Espanca que estudou o Património do Distrito do Beja.
Actualmente, celebram-se eucaristias, durante a semana, neste templo.
Vila de Frades é pois uma terra com forte tradição religiosa, exibindo uma invejável arte sacra!




Imagem nº 1 - O monumental altar-mor da Igreja Matriz de Vila de Frades.


Referências Consultadas - Túlio Espanca - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Beja; http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4325, (artigo da entidade SIPA cuja autoria individual pertence a José Falcão e Ricardo Pereira).

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Dia Europeu do Enoturismo

Vidigueira


Integrada no programa do Dia Europeu do Enoturismo vai decorrer, no próximo dia 10 de novembro, pelas 15 horas, na villa romana de S. Cucufate, em Vila de Frades, a iniciativa "Conversas à Roda do Vinho" com os seguintes intervenientes:

- Prof. Arlindo Ruivo – Produtor de vinho de talha

- Eng. Nuno Bicó – Diretor da Adega Ribafreixo (Vidigueira)

- Eng- José Maltez – Representante da Confraria dos Enófilos do Alentejo

- Luís Amado – Presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Algum Vandalismo registado na Vidigueira durante o Halloween

Ontem, comemorou-se o Halloween em todo o Mundo. É o dia das bruxas, dos fantasmas, dos zombies, do paranormal... e dos doces!
Confesso que sou um pouco medricas, mas gosto da parte dos doces! Sou mesmo guloso! É mais forte do que eu, percebem? 
O que é certo é que os mais jovens se entusiasmam e começam a pregar partidas que, por vezes, são excessivas. Tocam insistentemente às campainhas, e nalguns casos, atiram ovos ou outros objectos que sujam os muros das moradias. Este cenário aconteceu também na Vidigueira, segundo dados recolhidos.
Brincar não é pois vandalizar os bens de outrem. Os mais jovens deveriam perceber que há formas civilizadas de festejar este dia que tem pois uma vertente cultural.
De qualquer das formas, foi um dia especial, e como ontem não tive oportunidade de comemorar, hoje vou comprar um frango de churrasco, e comemorarei efusivamente tal evento!




Imagem nº 1 - Tenham medo, muito medo!