terça-feira, 30 de julho de 2013

Menir de Mac Abraão (Vila de Frades)

Mais uma vez, prometo-vos um texto repleto de incertezas e curiosas impressões. Mas não será isto que torna a História fascinante? Eu creio que sim!
Com este artigo, entramos na secção destinada aos monumentos megalíticos que remontam à Pré-História. O problema é que estas estruturas remotas continuam a dar azo a intensos e inconclusivos debates na comunidade científica. De facto, e pelo que me foi possível apurar, no caso concreto dos menires (que nos interessa aqui abordar), concluo imediatamente que os mesmos poderiam ter inúmeras funcionalidades, de entre as quais se destacam as seguintes (talvez as principais): a adoração de um Deus, a celebração dum acontecimento importante, o culto da fecundidade, orientação de locais, definição de marcos territoriais... 
Em suma, estamos perante múltiplas interpretações sobre a mesma tipologia patrimonial. É natural que assim o seja, pois estamos a falar de estruturas construídas há uns milénios atrás. Por isso, quase nada se sabe sobre esse período remoto.
O que é que então sabemos sobre o menir? Traduzindo por palavras simples, é um grande bloco de pedra, cravado verticalmente no solo que conhece origens pré-históricas e funcionalidades que poderão variar de caso para caso.
O menir de Mac Abraão, localizado em Vila de Frades, não foge a este panorama geral. Talvez remontará algures entre os anos 3 000 a. C. e 2000 a. C. Por isso, pode tratar-se dum monumento do Neo-Calcolítico. 
Para que serviria esta estrutura? Remetemos imediatamente o leitor para o segundo parágrafo. Infelizmente, não dá para saber, com exactidão, qual seria a pertinência exclusiva daquele menir, mas é possível que um dos motivos registados em cima estivesse por detrás do mesmo.
Refere-se ainda que a pedra utilizada na sua construção terá sido proveniente dum afloramento rochoso situado a 1 km a noroeste do local onde foi erguido o mencionado menir.
Podem ainda ser visíveis incisões geométricas na referida estrutura, nomeadamente círculos e linhas picotadas. 
Actualmente, o menir está tombado e semi-soterrado, contudo terá chegado a medir 4 metros de altura, o que é deveras fascinante. 
A presença desta estrutura pré-histórica poderá atestar a existência duma comunidade bastante antiga no espaço que hoje corresponde à Freguesia de Vila de Frades. Recorde-se também que foram encontrados achados arqueológicos nas Ruínas de São Cucufate que também remetem para este período. Na Casa do Arco, que conserva todo esse espólio, podemos aceder a restos de cerâmica, a pedra polida e a pedra talhada desse período.
O menir de Mac Abraão situa-se a 6 Km da Vidigueira, numa zona completamente ruralizada, visto que o monumento está rodeado por terrenos agrícolas. 



Imagem nº 1 - O Menir de Mac Abraão em Vila de Frades.
Foto retirada de: http://www.lifecooler.com/baixoguadiana/desenvRegArtigo.asp?reg=351496 (Câmara Municipal da Vidigueira, Junta de Freguesia de Vila de Frades).




Referências consultadas:

sábado, 27 de julho de 2013

Uma Exposição a Visitar

As excelentes fotografias de Manuel de Carvalho já mereceram algumas visitas, aquando da sua exposição no Auditório de São Cucufate. Mas agora as mesmas encontram-se na Casa do Arco (Largo José Luís Conceição Silva - Vila de Frades), só que desta feita as entradas são totalmente livres. 
Uma oportunidade a não desperdiçar, não acham? Tragam os vossos familiares e amigos!




Imagem nº 1 - Não hesitem em visitar a Exposição. Manuel de Carvalho é um artista reconhecido no Concelho da Vidigueira.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Reflexões Curiosas em torno da Torre do Relógio da Vidigueira

Infelizmente, nenhum autor se aventurou em lançar uma data para as suas reais origens, nem mesmo o nosso erudito José Palma Caetano, normalmente rigoroso no assinalamento dos mais diversos marcos históricos inerentes ao Concelho da Vidigueira.
O primeiro dado oficial que temos sobre a Torre do Relógio, remonta a 1520, quando Vasco da Gama , Primeiro Conde da Vidigueira, cedeu o sino à mesma. Ou seja, a sua existência nos inícios do século XVI é, pelo menos, segura e indiscutível. A questão a saber, tendo em conta a sua presumível existência anterior, terá que passar necessariamente pela obtenção da data da sua construção? Se a Vidigueira, enquanto povoação começou a afirmar-se em meados do século XIII (quem o diz é José Palma Caetano), então deixem-me aventurar e lançar uma teoria, embora que ainda longe de estar bem fundamentada, de que a torre terá sido edificada entre os séculos XIII-XV. Ou melhor, talvez entre os anos de 1250 e 1500. Em 1520, a torre alegadamente medieval sofre um acrescento com o mencionado sino de Vasco da Gama, mas a sua presença física anterior deveria então constituir um cenário bastante provável.
Qual a funcionalidade desta estrutura que, para além da Vidigueira, também pode ser observada em Vila de Frades? Pois entramos novamente numa discussão interessante que dificilmente nos levará a uma certeza absoluta no final, até porque a escassez de documentos e testemunhos constitui uma realidade inegável para estes períodos tão remotos. Mas história é mesmo isto - debate, discussão (construtiva) e reflexão.
Na actualidade, algumas pessoas dessas localidades orientam-se pelo horário visível na Torre, quando não estão munidas dos seus relógios. Alguns querem agora "colar" essa tradição para os primórdios da sua existência. Mas aqui, meus caros leitores, entramos então numa nova discussão. José Palma Caetano refere que a estrutura assinalada no século XVI era obviamente diferente da actual (ao longo dos tempos, restaurada por várias vezes) até porque... não havia ponteiros nem sistema de iluminação (a instalação destes mecanismos na referida torre é apenas recente). Quanto ao sistema de iluminação, útil no período nocturno, não penso que mereça muitos debates, pois foi uma funcionalidade aplicada num passado breve e confesso que não estou surpreendido pela sua inexistência na Idade Média. Mas em relação aos ponteiros, os tais que nos indicam fundamentalmente as horas, aí sim, creio que merece alguns apontamentos. Em primeiro lugar, se são recentes (e tudo indica que sim!), então como é que as pessoas se guiavam há 4 ou 5 séculos por um "relógio" sem ponteiros? Sendo a maior parte esmagadora da população analfabeta como é que eles poderiam interpretar as horas, mesmo que o relógio tivesse (José Palma diz que nunca teve, excepto no período mais recente) os ditos ponteiros? Em suma, de uma forma ou outra, as pessoas não conseguiam saber as horas exactas do relógio presente na Torre. Por isso, a tradição actual (essa sim que incorpora no seu cenário ponteiros e atrai pessoas já minimamente formadas a nível cultural) não pode ser portanto colada às Épocas Medieval e Moderna. Agora, com a existência do sino em 1520, poderemos lançar uma questão pertinente - Se o relógio estava inapto, terá o sino conhecido a funcionalidade de badalar às horas mais marcantes do dia (por exemplo, às 12 horas e às 24 horas?)? Se sim, então a comunidade da Vidigueira guiar-se-ia pelo som do sino e não pela visualização do relógio (sem ponteiros). 
Outras funcionalidades possíveis para a torre, poderiam envolver questões decorativas ou de sinalização da zona central da localidade. Mas lá está, também não é fácil provar tais teorias. Desafio todos aqueles que souberem mais sobre este assunto ou desejarem fornecer a sua opinião sobre as suas origens e a sua pertinência inicial, a partilharem os pensamentos que poderão ser enriquecedores em torno desta matéria específica.
Como referi, e ao contrário do que se passou no dossier do Castelo da Vidigueira (ver um dos artigos anteriores), a Torre do Relógio foi devidamente restaurada e preservada ao longo dos tempos. Recentemente, e como já o dissemos, foi dotada de novos mecanismos que beneficiam as comunidades da região. Isto sim, é um facto que merece justos aplausos!




Imagem nº 1 - A Torre do Relógio da Vidigueira, durante o dia!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 2 - Sabe que horas marca ali o relógio? Então diga lá, mas tem de saber ler os números romanos!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 3 - Uma das ruelas que lhe confere acesso!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira


Leia-se também: CAETANO, José Palma - Vidigueira e o seu concelho. 2º Ed. Beja: Câmara Municipal da Vidigueira, 1994, p. 183-184.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Castelo da Vidigueira - Passado vs Presente

José Palma Caetano não considera que esta fortaleza tenha sido tão relevante como muitos investigadores tencionaram insinuar, contudo também é certo que a sua constituição não deveria restringir-se apenas à torre de menagem que ainda hoje pode ser visível.
De acordo com aquele erudito, o Castelo remontará à primeira metade do século XV, sendo atribuída a iniciativa da sua construção a D. Fernando, 2º Duque de Bragança e Senhor das Vilas da Vidigueira e Vila de Frades.
Apesar disso, existe uma evidente discórdia em relação a estes dois alegados factos. No Site Oficial do IGESPAR, o Castelo deveria remontar já ao Século XIII (se não, até antes!), dado que o Mestre Tomé (Tesoureiro da Sé de Braga) teria sido já congratulado pelo rei D. Afonso III com a doação da Vila da Vidigueira (e seu Castelo). Aliás, Tomé ficaria responsável pela região não há muito conquistada aos muçulmanos. E poderá ter sido neste âmbito que tenha erguido (ou apenas reforçado - caso haja lugar a uma existência anterior) o castelo, enquanto bastião defensivo da linha do Guadiana. Para além disso, este homem da confiança de D. Afonso III terá edificado a antiga Igreja Matriz de Santa Clara. Segundo este mesmo site, só a Torre de Menagem é que seria construída mais tarde por D. Fernando, 2º Duque de Bragança (século XV).
Por isso, perduram ainda algumas indefinições quanto à real origem do Castelo. Certo é que o mesmo foi habitado por gente ilustre, nomeadamente Vasco da Gama (Conde da Vidigueira entre 1519-1524; ver artigo anterior) e seus descendentes. Também podemos avançar com a certeza de que teria conhecido uma configuração mais ampla. O Castelo foi muito mais do que aquela estrutura abandonada que se observa actualmente.
Mas não é fácil reconstituir as suas antigas estruturas. Avança-se, como hipótese provável, a existência dum Palácio, rodeado por fortificações. É certo que não seria um Castelo magnificente, mas seria seguramente digno de receber semelhante designação. Ainda hoje se pode vislumbrar de lado uma janela de estilo manuelino, possivelmente pertencente ao presumível palácio. Talvez, esta pequena estrutura tenha sido ali colocada posteriormente. A sua proveniência poderá ser de Vila de Frades, talvez de uma casa nobre dos Condes da Vidigueira. Em suma, desconhece-se a verdadeira localização e configuração do alegado Palácio.
Quanto à Torre de Menagem, "sobrevivente" a par da janela, gostaría de assinalar que existe, numa das suas fachadas, uma pedra de armas, aí colocada também posteriormente, exibindo as armas do Conde da Vidigueira, tal como foram dadas ao próprio Vasco da Gama (com escudete ao centro, formado por cinco escudetes postos em cruz).
Contudo, o abandono de todo este espaço que tinha servido de estadia aos Condes da Vidigueira seria uma realidade posterior. O próprio povo ajuda-o a demolir, de forma ignorante, dado que arrancava-lhe as pedras para construir as suas casas. O vandalismo humano ditaria um fim desprestigiante para esta respeitável Fortaleza. Também a erosão do tempo, nada perdulária, reduziu o Castelo a um patamar minimamente enganador para muitos que o contemplam sem saber as suas origens verdadeiras.
Se um dia desejarem visitar o Castelo da Vidigueira, não hesitem em fazê-lo. Aliás, ali viveu gente que marcaria a História da Humanidade.
 
 
 


 
Imagem nº 1 - Vista exterior do que resta do Castelo Medieval da Vidigueira.
 
 
 
 
 
Imagem nº 2 - Subindo as Escadas da Torre, esta é a realidade do piso superior.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira
 
 

 
Imagem nº 3 - A famosa janela de estilo manuelino.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira
 
 
 
 
Imagem nº 4 - Outra visão sobre o edifício.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira
 
 
 
Bibliografia Consultada:
 



terça-feira, 23 de julho de 2013

Vasco da Gama, Navegador Exímio e posteriormente Conde da Vidigueira



Introdução


Todos nós sabemos que Vasco da Gama descobriu, em 1498, o caminho marítimo para a Índia, feito que marcou o curso da História Mundial. O seu nome percorreu a Europa de então. A sua valentia e capacidade de liderança ditaram um feito ímpar. O genovês Cristóvão Colombo, ao serviço da Coroa Espanhola, bem tentara alcançar o Paraíso das Especiarias e demais preciosidades orientais, mas estava escrito no Céu que seria um grande português a concretizar essa façanha. 
Agora o que nem toda a gente sabe, é que este ilustre senhor foi posteriormente Conde da Vidigueira entre 1519-1524, tendo mesmo residido nos Passos do Castelo, cujas ruínas ainda podem ser vistas actualmente (apenas uma antiga torre permanece bem conservada, o resto desapareceu com a erosão do tempo e o vandalismo humano). Contudo, vamos começar por traçar a sua célebre carreira, de forma sintetizada, desde o seu nascimento até ao momento em que ele entra triunfantemente no novo Condado, sendo acolhido entusiasticamente pelo povo que se sentia honrado por ter uma figura tão conceituada à frente dos seus destinos.


1- Vasco da Gama - Início da sua Vida e a Epopeia da Índia 


Vasco da Gama nasceu em 1469 na localidade de Sines. Era filho de Estevão da Gama (1430-1497), alcaide-mor de Silves e Sines, para além de ter sido Mestre da Ordem de Santiago. Desconhecem-se os primeiros anos de vida de Vasco da Gama. Lança-se a possibilidade de ter estudado matemática e astronomia em Évora, mas nada está claramente provado. Sabemos que, por volta de 1480, segue as pisadas de seu pai e ingressa na Ordem de Santiago. Em 1492, está a seguir as ordens de D. João II que manda atacar ou capturar navios franceses, dado que estes não estariam a respeitar as condições inerentes ao período de paz então estabelecido. Vasco da Gama terá começado a dar provas da sua real capacidade nesta precisa ocasião, tendo merecido a confiança do rei D. Manuel I que governa a nação a partir de 1495 e que não hesitará em confiar-lhe o cargo de capitão-mor da frota que zarpará de Belém, em 8 de Julho de 1497, rumo à Índia. A expedição, constituída por quatro naus e cerca de 170 homens, era meramente exploratória. O objectivo passaria por estabelecer relações políticas e comerciais favoráveis com os povos do Oriente. Durante o longo e penoso percurso, os portugueses tiveram que fintar inúmeras adversidades (tempestades e a hostilidade dos muçulmanos) para conseguirem alcançar a tão desejada Índia, o palco de todos os sonhos daquela época!
A 20 de Maio de 1498, a frota atinge finalmente Calecute, ficando aberto o caminho marítimo dos europeus para o Oriente Asiático. Vasco da Gama procura agora vantagens comerciais junto de Samutiri Rajá, Samorim de Calecute (o título de Samorim era atribuído ao mais alto representante hindu daquele Estado). Contudo, os produtos transportados pelos portugueses para eventuais trocas não impressionaram o Samorim nem os seus representantes, muito menos, os mercadores árabes que aí se encontravam e temiam este cenário de concorrência indesejada. Todavia, Samutiri parece ter ficado agradado com as cartas de D. Manuel I, e por isso, acabou por autorizar Vasco da Gama a comercializar naquela região, tendo este obtido uma carta de concessão de direitos. O nosso navegador, antes de regressar ao reino para transmitir as novidades, dá mesmo ordens a alguns portugueses que aí permaneceriam para assegurar a criação duma nova feitoria. A viagem de regresso começou no dia 29 de Agosto de 1498. O retorno será mais penoso e fatal. As tempestades e o escorbuto levarão muitos dos seus homens à desgraça. Dos 148 homens que integravam esta armada, só 55 regressariam sãos e salvos a Portugal. Paulo da Gama, irmão mais velho de Vasco da Gama, é um dos que tem o azar de falecer, tendo adoecido e terminado os seus dias na Ilha Terceira. Apenas 2 embarcações chegariam ao fim deste arriscado trajecto. Vasco da Gama chegava a Portugal em Setembro de 1499, assegurando, pelo menos, o seu legado para o futuro da Humanidade.
Ele foi recompensado com títulos, nomeadamente os de Dom e Almirante-mor dos Mares da Índia. Receberia agora uma renda anual de trezentos mil réis anuais.
A 12 de Fevereiro de 1502, enceta a sua segunda viagem rumo à Índia. Desta feita, estamos perante uma frota com 20 navios de guerra. Agora, o objectivo passava por impor os interesses portugueses a bem ou a mal. Quando regressa à Índia, tem conhecimento de que os portugueses aí deixados para criar uma feitoria, foram mortos. Tal obrigou Vasco da Gama a bombardear intensamente Calecute, destruindo os postos de comércio árabes. Posteriormente, ruma até Cochim, reino rival do anterior Estado, e aí será bem recebido, o que lhe permitiu regressar, em breve, à Europa com ouro e seda. Fundará aí uma colónia portuguesa. Entretanto, nova guerra estala entre Calecute e Cochim. Vasco da Gama, talvez em apoio destes últimos, derrota as forças navais do Samorim de Calecute e obriga este a retratar-se e a assegurar novas concessões comerciais favoráveis aos portugueses. Em Setembro de 1503, Vasco da Gama regressa triunfante! Agora, era altura, de repousar alguns anos no seu reino de origem e tentar ser agraciado com novos títulos.


Ficheiro:Vascodagama.JPG

Imagem nº 1 - A chegada de Vasco da Gama a Calecute (Índia) em 1498!



Vasco da Gama - Conde da Vidigueira e Vice-Rei da Índia


Vasco da Gama, agora estabelecido no reino de Portugal, passa algum tempo em Évora. Tenta instalar-se em Sines, mas não será bem recebido. Ele desejava obter um importante título aristocrático, a nível nacional. Chegará mesmo a demonstrar sinais de impaciência, ameaçando rumar a Espanha. De forma a evitar este lamentável cenário, o rei D. Manuel I e o Duque D. Jaime (senhor da Casa de Bragança e até então detentor das Vilas da Vidigueira e de Frades) viabilizam as intenções do reputado navegador. É certo que Vasco da Gama terá de abdicar da tença anual de 400 000 réis que recebia da Coroa e foi obrigado a despender mais 4 000 cruzados de ouro para obter o seu direito ao recém-criado Condado da Vidigueira. No dia 29 de Dezembro de 1519, é oficializada a sua tomada de posse, na altura, com o licenciado Estevão Lopes a representá-lo nas cerimónias solenes. Certo é que nos meses iniciais de 1520, Vasco da Gama e sua família (é justo ressalvar o papel de sua mulher - Catarina de Ataíde) mudam-se para a Vidigueira. É plausível que se tenham instalado no Castelo que já existia desde os finais do primeiro quartel do século XV. O povo terá recebido bem o seu novo senhor. Aliás, a Vidigueira tinha visto o seu estatuto a ser elevado a Condado. O orgulho e a honra estavam bem patentes na população vidigueirense daquele tempo. Por seu turno, Vasco da Gama alcançava um novo título aristocrático invejável (era conde!), para além, de ter a oportunidade de repousar nas terras calmas do Alentejo (ele já tinha 50 anos, tendo passado por muitas adversidades, nos inúmeros momentos em que serviu heroicamente o seu País).
O recém-instituído Conde da Vidigueira terá oferecido o sino da Torre do Relógio que ainda hoje se conserva em bom estado na Vidigueira. Terá ainda demonstrado uma fervorosa afeição pelo Convento de Nossa Senhora das Relíquias, mantendo relações cordiais com o prior e os frades. Não será de estranhar que Vasco da Gama tenha sido posteriormente sepultado neste espaço.
Infelizmente, não sabemos muito mais sobre a sua acção na Vidigueira. É certo que não ficará aqui muito tempo, pois em 26 de Janeiro de 1524, é nomeado Vice-rei da Índia e para lá, terá de partir. A corrupção e os interesses individuais grassavam nos altos organismos portugueses do Oriente. O monarca D. João III sabia que Vasco da Gama, apesar de ser um homem com mão de ferro, procurava ser honesto e lutar contra muitos dos vícios. Era pois a personalidade mais indicada para inverter o rumo dos últimos acontecimentos. O prestígio em torno do cargo de vice-rei já tinha conhecido melhores dias. Vasco da Gama preferiu renunciar ao descanso e à paz que satisfaziam a sua alma, para mais uma vez, defender os interesses da pátria em territórios tão longínquos e perigosos. A idade já não perdoava, mas mesmo assim, aceitou o desafio em nome do país que tão exemplarmente servira. Vasco da Gama viajaria para nunca mais voltar. Chegara a Goa em 11 de Setembro de 1524, mas o seu governo não chegou a durar sequer quatro meses. Por motivos naturais, faleceria em Cochim no dia da véspera de Natal desse mesmo ano. Não fora o único Gama a morrer enquanto servia a Pátria. Os seus filhos Paulo da Gama (tomba em 1534 diante do Sultão de Ugentana) e D. Cristóvão da Gama (capturado e executado em 1542, como mártir, na Etiópia, pois não renegou à fé cristã) também terminariam os seus dias no Oriente. Também o seu neto, Vasco Luís da Gama, terceiro conde da Vidigueira, faleceria na batalha de Alcácer Quibir (1578), quando lutava ao lado de D. Sebastião. O seu bisneto Jorge da Gama (e filho do já mencionado terceiro conde da Vidigueira) seria morto em 1586, quando integrava uma armada que fora arrasada pelos Niquilus.
O sangue de muitos Gamas ficaria assim derramado em terras do Oriente, visto que pelejaram pela causa cristã e ainda zelaram pelos interesses nacionais.
Em 1538 ou 1539, os restos mortais de D. Vasco da Gama foram trasladados para Portugal, mais concretamente para o Convento de Nossa Senhora das Relíquias, na Vidigueira. Em 1880, dá-se nova trasladação, desta feita, para o Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa). É claro que surgiram algumas dúvidas quanto à eficácia dessa transferência dos restos mortais, tendo sido levantada a hipótese de ter existido alguma confusão, mas de acordo com José Palma Caetano, tudo não passará dum mito. A trasladação, com a maior ou menor dificuldade, terá sido devidamente realizada.
Mas ninguém poderá jamais negar a grandeza de Vasco da Gama bem como a sua apreciável passagem pelas terras da Vidigueira e Vila de Frades.




Imagem nº 2 - Estátua de Vasco da Gama na Vidigueira. Esta foi inaugurada em 1970. A praça, onde se pode visualizar tal escultura, acolheu o nome do seu navegador. 
Retirada de: http://www.waymarking.com/gallery/image.aspx?f=1&guid=b148f118-addc-4167-93d7-609da0cd8370&gid=3, (autoria de Paulo Jota)

Na legenda desta Estátua pode ler-se:

Dom Vasco da Gama
1469-1524

Descobridor e Almirante do Mar da Índia
1º Conde da Vidigueira
Vice-Rei da Índia

"Aquelle illustre Gama,
Que para si de Eneas toma a fama"
(CAMÕES, Luís, 1572)



Por fim, dedico, em sinal da minha sincera homenagem, o seguinte poema a este nobre lusitano:



Vasco da Gama, o herói nacional
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


O nosso encorajado navegador,
Superando tempestades e demais adversidades
Que semeavam, na armada portuguesa, um total pavor,
Encontrava o caminho para a tão desejada Índia das preciosidades!


Por Portugal, ele terçou armas,
Ordenou a criação de feitorias
Para a transacção das mais cobiçadas mercadorias,
Mas alguns invejosos tentaram colá-lo ao grupo dos catarmas.


Vasco poderia ser severo e intolerável,
Mas combatia a conspiração e a corrupção,
O que o tornavam aos olhos do rei, um homem admirável
Capaz de gerir, no exterior, os assuntos do País com a necessária isenção.


Morreria no País que lhe asseguraria a fama!
Na famosa Índia, sonhada pelos grandes mercadores!
Mas apenas atingida pela ousadia do Gama
Que abriu lugar a novos amores.


Ele não só divulgou a língua portuguesa,
Como escreveu uma página de ouro na Náutica,
Através da sua ambição e destreza,
Que lhe granjearam uma grandeza automática.


Ah! Como ele é adorado no seu antigo Condado,
A Vidigueira assegurou-lhe sempre o repouso e a oração,
A sua marca está presente no Convento de Nossa Senhora das Relíquias,
Pelo qual sempre mostrou uma tremenda devoção,
A torre do relógio tem, por si, um sino encomendado;
Com este vulto, certamente se atingiram todas as fasquias!


PS: Um catarma é normalmente uma vítima expiatória, isto é, alguém que costuma ser objecto de desprezo. Todos sabemos que Vasco da Gama, pelo seu carácter autoritário e quiçá implacável nos momentos mais críticos, ganhou vários inimigos, muitos destes talvez interessados nos seus objectivos pessoais e não dos da Nação. Não seria o único a fazer parte do grupo dos catarmas ou dos bodes expiatórios, mas a História julgou-o como um dos aventureiros mais bem-sucedidos de sempre! Quanto maior é a grandeza do homem, também a inveja proveniente de outrem tenderá a aumentar!
Quanto ao termo "novos amores", é certo que a miscigenação entre portugueses e indianas foi também uma realidade nas futuras colónias orientais. Procurei dotar este poema com alguma paixão, pois desenvolveram-se laços interessantes entre as duas civilizações, caracterizadas por valores culturais distintos.



Bibliografia Consultada:

  • CAETANO, José Palma - Vidigueira e o seu Concelho. 2º Ed. Beja: Câmara Municipal da Vidigueira, 1994, p. 87-99.
  • ALVES, Ivone Correia - Gamas e Condes da Vidigueira. Percursos e Genealogias. Lisboa: Edições Colibri, 2001, p. 163-168.
  • http://www.infopedia.pt/$vasco-da-gama, Infopédia - Página Consultada em 23/07/2013.
  • http://www.vidaslusofonas.pt/vasco_da_gama.htm, (23/07/2013 - artigo da autoria de Fernando Correia da Silva).
  • Wikipédia.

domingo, 21 de julho de 2013

O Encontro Europeu ITER VITIS (Vidigueira & Vila de Frades ) traduziu-se num evidente sucesso

Como sabem, as vilas da Vidigueira e Vila de Frades são conhecidas pela sua famosa produção vinícola. O encontro europeu ITER VITIS, cuja primeira edição se realizou entre os dias 12 e 14 de Julho, mereceu mesmo uma afluência significativa. Os eventos caracterizaram-se pela sua diversidade cultural.
No primeiro dia (12 de Julho, sexta-feira), destaco as apresentações que decorreram no auditório de São Cucufate (Vila de Frades) que introduziram a temática. Destaco a intervenção do Presidente da Câmara Municipal da Vidigueira, o Sr. Dr. Manuel Narra que lembrou o número significativo e invejável de adegas existentes no Município, mesmo quando se trata do 4º concelho mais pequeno do Alentejo. Também os intervenientes asseguraram a apresentação oficial do itinerário cultural da Vinha de S. Cucufate.
Nesse auditório, estava ainda uma exposição que apresentava a paisagem e atestava a tradição da vinha nesta região. Creio que (quase) todos os seus quadros pertenciam a Manuel de Carvalho, um homem que revela um talento artístico invejável. 
É claro que houve uma visita guiada às Ruínas de São Cucufate que remontam à época Romana, mais concretamente aos séculos I-IV d.C. A Dra. Susana Correia (Direcção Regional da Cultura do Alentejo) tratou de liderar exemplarmente a apresentação deste espaço arqueológico. É verdade que desta vez havia alguém que procurava coroar esta visita com humor e divertimento - tratava-se de Baco, o Deus do Vinho (divindade representada por uma senhora, cujo nome desconheço, mas que arrancou umas valentes gargalhadas no público presente). Certo é que já no período romano, existiam aqui estruturas agrárias dedicadas à produção do trigo, azeite... e vinho! Sim, senhor - os nossos amigos romanos já sabiam o que era bom! De facto, os achados arqueológicos em São Cucufate atestam esta evidência. Foram encontradas grainhas de uvas, facas de vindima, ânforas (nas quais se armazenava o vinho) cujas origens pertencem à Antiguidade! 
Houve ainda uma visita à Casa do Arco com a Dra. Luísa Costa (Museu da Vidigueira) a apresentar a biografia de Fialho de Almeida, um célebre escritor (ver artigo anterior) que chegou a designar Vila de Frades como o País das Uvas, nome curiosamente do restaurante que acolheria, de seguida, os ilustres organizadores e demais visitantes. É justo ressalvar que neste espaço museológico da Casa do Arco se encontra o espólio recuperado pelas escavações do século anterior. A diversidade de achados chega a ser fascinante (moedas romanas, armas, vasos, ânforas, pratos, objectos de adorno, materiais agrícolas...). Se quiserem visualizar tudo isto com os vossos próprios olhos, visitem então as Ruínas de São Cucufate e o Museu da Casa do Arco, ambos situados em Vila de Frades. Acreditem que vale mesmo a pena! Ficarão encantados, disso podem ter a certeza!
Exposto isto, os felizes contemplados por estas iniciativas dirigiam-se ao País da Uvas, restaurante de grande qualidade localizado na mesma vila. Houve uma prova de vinhos, com a presença em força dos representantes de 6 adegas! É claro que os copinhos eram minimamente enchidos, até porque havia sempre o risco de ficarmos todos avermelhados e dizer alguns disparates. Eh eh eh. Mas sim, os vinhos eram todos de qualidade reconhecida. Não houve nenhuma crítica negativa durante esta prova. Depois disto, chegara a hora abençoada da refeição. A carne de alguidar e aquelas batatas fritas que nos serviram, eram, de facto, saborosas! Ahhhh, eu só queria mais daquilo! E depois, como sobremesa, foi servida uma espécie de "rolo de laranja" (talvez este não seja o nome técnico!) que deliciou ainda mais os convidados. Houve alegria, entretenimento e promoção das maiores virtudes desta região. 
À noite, houve algumas actuações musicais com a participação do Grupo Coral - Os Vindimadores, Pedro Mestre, Carlos Filipe e Ana Tareco (estes dois últimos no fado) e Disco Sound ("Ritmos do Vinho").
No Sábado, dia 13 de Julho, houve um colóquio internacional, intitulado - Vinho, Paisagem e Desenvolvimento Turístico, que decorreria no Centro Multifacetado de Novas Tecnologias (Vidigueira). Infelizmente não pude estar presente por motivos alheios, mas os temas abordados foram os seguintes: A Cultura da Vinha e a Construção da Paisagem; O Vinho: entre a Herança Histórica e o Desenvolvimento Económico; Vinho, Cultura e Desenvolvimento Turístico. Segundo testemunhos que obtemos posteriormente, é de destacar o desenvolvimento exemplar destas sessões que originaram novos conhecimentos e divulgaram as potencialidades inerentes a esta tradição.
Nesse segundo dia de eventos, houve visitas guiadas que permitiram a apresentação das invejáveis paisagens e património vinhateiro da Vidigueira. Houve ainda teatro com a presença de Ana Reis, Isabel Gaivão e João Maria Pinto, workshop's de culinária, espectáculo de fogo de artifício e ainda tivemos... a eleição da Rainha das Vindimas, evento que se realizou no recinto das Piscinas Municipais. Que belas eram as candidatas! O Alentejo está cheio de sorte com tanto potencial estético! Mas só uma poderia ser a vencedora e o júri nomeou, como Rainha das Vindimas, Sofia Cartaxo (Vidigueira) de 23 anos. A primeira e segunda damas de honor foram Ana Manso (Alenquer) e Kateline Cardoso (Cadaval). O Mensageiro da Vidigueira, autor deste conceituado blog, felicita, desde já, as participantes e as grandes premiadas da noite!
No Domingo, dia 14 de Julho, e ainda no recinto das Piscinas Municipais da Vidigueira, vislumbrei a existência duma nova tenda, onde algumas provas de vinho se realizavam. Apreciei a forma como a Dra. Mariana, em representação da Herdade Grande, demonstrou os seus conhecimentos sobre esta questão, promovendo as qualidades do vinho que apresentava aos visitantes. Eu gostei de provar todos os tipos de vinho. Para além de ser gratuito, o meu paladar confirmou os excelentes atributos dos mesmos. Ficamos ainda a conhecer os ingredientes que compunham os diversos tipos de vinho.
Em suma, a organização destes complexos eventos envolveu decerto animação, convívio, conhecimento e diversidade cultural. O feedback foi consideravelmente positivo. Penso que nestes três dias, os visitantes, talvez ao todo na ordem dos milhares, puderam enriquecer a sua bagagem intelectual e provar não só os vinhos de qualidade, mas também os produtos apetecíveis da nossa gastronomia local! Há-que repetir mais vezes! É imperioso promover as qualidades desta bela região. Viva a Vidigueira! Viva Vila de Frades! E viva o restante concelho!



Imagem nº 1 - A Tenda, localizada nas Piscinas Muncipais, que acolheria as provas de Vinhos
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 2 - Os preparativos para a realização dos eventos musicais foram devidamente assegurados.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 3 - Os insufláveis para os mais jovens se entreterem.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 4 - Ao longe, uma garrafa enorme, embora de plástico, que simbolizaria o bom vinho alentejano.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 5- Lugares para que as pessoas se pudessem acomodar.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 6 - O local escolhido caracterizava-se pela sua vertente estética.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 7 - Alguém já está à porta! É sinal de que há novidade no interior da tenda. Já lá iremos!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 8 - Um espaço tradicional junto à Tenda.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 9 - Têm a certeza que não querem descansar um pouco? Eh eh eh
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 10 - Se alguém precisasse de ir à casa de banho, este era o local mais apropriado para o efeito.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 11 - Está tudo preparado para receber algumas centenas de visitantes.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 12 - Os pais poderiam ver os filhos a divertirem-se naquele castelo insuflável.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 13 - Vamos ao interior da tenda! Ah, que variedade de vinhos!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 14 - Gosto muito desta exposição e você aí em casa decerto não discordará!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 15 - Várias empresas vinícolas promoviam o seu produto.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 16 - Olha a marca de vinho - Guadalupe!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 17 - A foto não foi a melhor até porque a mensagem rodava com o vento, mas podia ler-se o seguinte: O Vinho é citado no Velho Testamento 155 vezes e no Novo Testamento apenas 12 vezes
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 18 - Quanto vinho se deve pôr no Copo? Para se provar, normalmente até dois terços; regra de ouro, nunca encher. - Eh eh eh Para as próximas provas, quero que me encham o copo com dois terços e não com pinguinhas! Eh eh eh
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 19 - Outra curiosidade - Quantas uvas são necessárias para produzir uma Garrafa de Vinho? Em média, uma garrafa contém cerca de 600 uvas.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 20 - A Maior Garrafa de Vinho: O Vinho Five Virtues Shiraz foi produzido a partir da união de uma série de vinhas australianas. Ao todo são 87 garrafas de vinho, com 290 litros cada, somando tudo, são 112.230 litros.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 21 - Outro expositor de vinhos.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 22 - Um quadro aí existente espelhava a admirável paisagem de Vila de Frades.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 23 - O nosso rio Guadiana que chega a banhar a freguesia de Pedrógão!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 24 - Mais uma mensagem curiosa, mas creio que esta não é preciso transcrever pois vê-se nitidamente bem! O Vinho mais caro do Mundo, em termos históricos! Deveria ser mesmo bom! Feliz, o seu bebedolas!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 25 - Em 2012, o mergulhador Christian Ekstrom descobriu nas profundezas geladas do Mar da Região das Ilhas Aaland (Finlândia), 30 garrafas de Champanhe num Navio Naufragado. As garrafas foram produzidas em 1840. O Champanhe estava intacto.  
É caso para dizer, mas que grande sortudo!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 26 - Outro expositor.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 27 - A paisagem desta região alentejana é mesmo apetecível.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 28 - A prova de vinhos comentada. Destaque para a apresentação da Dra. Mariana.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira


CANDIDATA DE VIDIGUEIRA

Imagem nº 29 - O meu tributo à Rainha das Vindimas e às duas Damas de Honor. São todas muito giras! Muitos parabéns!
Foto da autoria - CM da Vidigueira. Retirada de: http://www.cm-vidigueira.pt/municipio/noticias/c/51E42F44A8B9B



Imagem nº 30 - A Dra. Susana Correia apresentava o antigo mosteiro de S. Cucufate, enquanto o atrevido Baco, Deus do Vinho, estava no altar para desconversar e fazer rir. Eh eh eh
Foto da autoria - CM da Vidigueira - A Vila dos Gamas. Mais poderão ser vistas no link que disponibilizarei em baixo.




Imagem nº 31 -O encontro Europeu do Iter Vitis foi promovido ainda pelo Presidente da CM da Vidigueira, o Sr. Dr. Manuel Narra, que divulgou o evento pelo Correio da Manhã.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 32 - Mapa da Concelho da Vidigueira, a região do vinho por excelência.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 33 - As zonas que foram privilegiadas por esta organização.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 34 - Alentejo é mesmo terra de bom vinho.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 35 - Vidigueira, a Cidade Portuguesa do Vinho em 2013! Ela é a capital do produto mais venerado em Portugal! Mas também é justo ressalvar que Vila de Frades tem como grande especialidade o vinho de talha!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira


As melhores fotos, cujos direitos pertencem à Câmara Municipal da Vidigueira, podem ser vistas em:    http://www.flickr.com/photos/cm-vidigueira/9297531609/, (página consultada em 21/07/2013).
Aconselho a sua visualização, pois a reportagem fotográfica foi magnífica, atestando, em simultâneo, a presença de vários intervenientes, para além do público presente.
A sério, venham visitar a Vidigueira e Vila de Frades. Decerto que serão bem recebidos pelas suas gentes pacíficas e solidárias.
Já agora um excelente Domingo! Divirtam-se!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Fialho de Almeida, um erudito de Vila de Frades

Se há personalidade que marcou a história de Vila de Frades, essa foi, sem dúvida, José Valentim Fialho de Almeida. 
Nascido em 7 de Maio de 1857 na terra em cima descrita, este jovem talento, filho dum pequeno proprietário, realizaria os seus estudos num colégio em Lisboa (1866-1871), aonde teria já obtido classificações interessantes enquanto aluno. Contudo, e apesar das dificuldades que teve para prosseguir os seus estudos, Fialho atingiria o auge das suas habilitações académicas, ao formar-se em Medicina, entre 1878 e 1885. Mas não seria nesta área que serviria exemplarmente a Sociedade, mas sim no campo das letras. Os seus célebres textos marcarão uma geração! Aliás, enquanto vivera na capital portuguesa, teria frequentado cafés e tertúlias, convivendo com a intelectualidade da época.
No ano de 1893, regressa ainda à sua região, tendo contraído núpcias com uma mulher abastada - Emília Pego, natural de Cuba (Alentejo), embora esta tivesse falecido, devido a tuberculose, no ano seguinte. Posteriormente, Fialho foi aí lavrador, mas nunca deixou de publicar artigos (para os jornais) e vários contos/crónicas. Também é certo que após o falecimento da sua mulher, empreendeu algumas viagens pela Europa, o que enriqueceu os seus conhecimentos.
A sua obra mais notável intitula-se "Os Gatos", a qual redigiu entre os anos de 1889 e 1894. Também são conhecidos os seus trabalhos "O País das Uvas" (1893) e "A Cidade do Vício" (1882). Os seus livros mereceram um acolhimento significativo por parte da população portuguesa.
Em termos de pensamento, foi considerado, por alguns investigadores, como um artista de natureza anárquica, pois demonstrava a sua revolta para com tudo e todos! Adoptou muito a crítica e a sátira nos seus textos. Em relação aos temas abordados, Fialho privilegiava os seguintes: a vida na cidade, os vícios, a pobreza, a decadência, a vida tranquila e realista da sua região - o Alentejo. De facto, o estilo que adoptou para a escrita, merecerá o respeito e o  temor de muitos. Também não é de estranhar que tenha conseguido atrair bastantes inimizades. Fialho era frontal, dizia o que tinha a dizer, quer gostassem ou não dele! Apontou vários defeitos nos regimes que vigoraram no seu tempo (a Monarquia Constitucional e a Primeira República). Os seus rasgos de génio eram ainda evidentes, o que favorecia o seu estatuto de escritor reputado. É importante constatar ainda que era imparcial e não alinhava em partidarismos. 
Este célebre escritor deixaria o nosso Mundo no dia 4 de Março de 1911 (com apenas 54 anos!), deixando um legado importante à nossa literatura. Os seus textos constituem fontes importantes que permitem analisar as vivências daquele período crítico em Portugal, no qual se dará a transição da Monarquia para a República. Nas suas obras, ele descrevera os problemas que afectavam a sociedade e apresentaria propostas para os ultrapassar que nomeadamente passariam pela educação e instrução do povo, sendo assim possível uma opinião pública esclarecida, de forma a combater a ignorância, a decadência e a corrupção.
O reconhecimento da sua carreira ainda hoje é visível. O seu nome é recordado em inúmeras localidades, nomeadamente na sua terra natal - Vila de Frades (e quiçá no restante concelho da Vidigueira), na qual existe uma escultura e até registos toponímicos em sua memória. 
Mas é em Cuba (Alentejo) que está sepultado. O seu jazigo tem, no topo, uma escultura que representa dois gatos (em alusão a uma das suas célebres obras). Nessa mesma obra - "Os Gatos", ele terá mesmo demonstrado, no seu prefácio, a sua forma de estar na vida e literatura: "miando pouco, arranhando sempre e não temendo nunca".



Imagem nº 1 - Semi-estátua de Fialho de Almeida numa escola em Vila de Frades.
Foto do Mensageiro da Vidigueira


Imagem nº 2 - A casa onde nascera Fialho de Almeida.
Foto do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 3 - Placa de homenagem nesse edifício.
Foto do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 4 - Outra tabuleta que nos elucida sobre a importância que este erudito colhe em Vila de Frades.
Foto do Mensageiro da Vidigueira 



Imagem nº 5 - Outro dado importante - os 150 anos do seu nascimento, comemorados em 2007!
Foto do Mensageiro da Vidigueira



Imagem nº 6 - A casa bem como as referidas placas inerentes a Fialho de Almeida podem ser visualizadas neste largo existente em Vila de Frades.
Foto do Mensageiro da Vidigueira


Imagem nº 7 - Fialho de Almeida também é recordado no Espaço Museológico - Casa do Arco.
Foto do Mensageiro da Vidigueira



Afirmações Históricas de Fialho de Almeida (in Citador):


  • "Um cínico disse: só os imbecis se portam bem. E eis aí uma verdade universal.".
  • "Em países cultos e com uma noção definida de liberdade, república e monarquia constitucionais são tabuletas anunciando uma só mercadoria".
  • "Instruir, salubrizar, enriquecer... Nenhuma obra de governo forte pode assentar sobre aquisições que não sejam as derivadas próximas destes postulados máximos e extremos".
  • "Civilizado ou embrutecido, todo o homem é presa de duas forças rivais que constantemente se investem e disputam primazias. Uma, que o reporta ao passado e lhe transmite por hereditariedade as ideias, hábitos e modos de ser e de ver dos antecessores. Outra, evolutiva, que adapta o indivíduo aos meios novos, e não cuida senão de o renovar e transformar rapidamente. A vida humana não é mais que o duelo entre duas forças antagónicas".
  • "A liberdade só é dom precioso quando estejam os povos feitos para ela. Dar a um semibárbaro instintivo as regalias de um ser culto e consciente, é pôr a civilização na contingência de um regresso brutal à barbárie."


 Fontes Consultadas: