sábado, 31 de maio de 2014

Novo Site do Arquivo Municipal da Vidigueira

Foi ontem, apresentado no Centro Multifacetado das Novas Tecnologias, o novo site do Arquivo Municipal da Vidigueira, o qual pode ser consultado em: arquivo.cm-vidigueira.pt .
Para já, foram digitalizadas as actas do Município da Vidigueira, as mais antigas remontam ao ano de 1837, e ainda algumas colectâneas de fotografias antigas da localidade. 
Publicaram-se ainda os boletins noticiosos da localidade.
Saudamos o esforço dos responsáveis do arquivo, pois não só permitirão o acesso automático, livre e gratuito (pois os interessados escusam de gastar dinheiro em transportes e saídas), como contribuirão para o sentido de preservação documental (visto que agora os exemplares estão digitalizados na Internet). Cada colectânea documental, surge referenciada por uma descrição introdutória (ou sumário) que contextualizará os leitores.
Recorde-se que a documentação deste arquivo remete-nos sobretudo para os séculos XIX e XX.
Exibiremos, por fim, algumas das fotografias mais marcantes da história deste município. 





Imagem nº 1 - Inauguração da Cascata da Vidigueira e do abastecimento de água na vila em 1891.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 2 - Cerimónia de abastecimento de água na Vidigueira (1890)
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira





Imagem nº 3 - Procissão com a Nossa Senhora de Fátima na Vidigueira (ano de 1950)
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira




Imagem nº 4 - Inauguração de Fontanário em Vila de Frades (1890).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira






Imagem nº 4 - Procissão em Honra de São Cucufate em Vila de Frades, com uma santa a ser transportada no andor (1960-1970).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 5 - Procissão em Honra de Nossa Senhora das Relíquias em Alcaria da Serra.(1950-1960)
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 6 - Procissão em honra de Nossa Senhora das Candeias em Pedrógão do Alentejo. (1960-1970).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 7 - Oficina de Teares em Selmes (1950).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 8 - Pesca no Guadiana (Pedrógão - ano - ?)
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 9 - A apanha da Azeitona em Pedrógão do Alentejo.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 10 - Açude na Ribeira de Selmes (1940-1950).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira




Imagem nº 11- A Praça da República e a Igreja da Misericórdia da Vidigueira.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 12 - Estrada de Marmelar.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira




Imagem nº 13 - Bica da Cascata da Vidigueira.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 14- Fontanário de Vila de Frades que actualmente fica na Rua de Igreja.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 15 - A entrada na Quinta do Carmo em 1980.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 16 - Palacete em Selmes (1939).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 17 - Escola Primária - Vasco da Gama na Vidigueira.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira




Imagem nº 18 - Rio Guadiana. 
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 19 - Vidigueira coberta por neve (1940-1950).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 20 - Retrato do escritor Fialho de Almeida (1924).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira




Imagem nº 21 - Crianças no Carnaval da Vidigueira em 1930.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 22 - Grupo de crianças em Marmelar (1979-1980)
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 23 - Turma de alunos da Escola Primária Vasco da Gama na Vidigueira (1920-1930).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 24 - Convívio junto à azenha da aldeia ribeirinha de Pedrógão (1970-1980).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 25 - Turma da Escola Primária de Vila de Frades em 1927. Destaque para a presença do Professor Cristo Fragoso que mais tarde "daria" o nome a uma rua da vila.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 26 - Adega em Vila de Frades.
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira



Imagem nº 27 - Equipa de futebol de Marmelar (1970-1980).
Retirada do Site do Arquivo Municipal da Vidigueira


Todas estas fotos foram extraídas da Colecção "Vidigueira - Memórias a Preto e Branco" que está digitalizada em: http://arquivo.cm-vidigueira.pt/details?id=20320 .

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Festas em honra de Nossa Senhora das Relíquias na Vidigueira atraem milhares


1 - A Procissão


Não há muitas palavras para descrever a enorme devoção de quem seguiu esta ilustre procissão, cuja figura central é a da Nossa Senhora das Relíquias, transportada num andor que captou os olhos de centenas de fiéis e cidadãos da nobre Vidigueira.
A procissão partiu da Igreja Paroquial de São Francisco (construída em 1732), contornou a Cascata da Vidigueira (datada de 1891), rumou à Praça D. Vasco da Gama (onde se encontra a estátua do navegador construída no ano de 1970, e um Museu Municipal Etnográfico que outrora fora a escola primária da vila no séc. XIX) até atingir finalmente a Praça da República, aonde os andores seriam depositados na Igreja da Misericórdia da Vidigueira (remonta ao ano de 1592, e foi reconstruída em 1688 devido a um incêndio). 
Durante a procissão, avistei ainda a presença dos escuteiros e da fanfarra dos Bombeiros Voluntários da Vidigueira, isto para além da presença de mais dois andores, um transportando o Menino Jesus e outro São Rafael, segundo me informaram. Também o pároco esteve presente juntamente com os seus acólitos. 
Muitas pessoas seguiram a procissão, outras acompanharam a partir das suas varandas e/ou janelas.
Esta tradição é já muito antiga e baseia-se numa lenda que transcreveremos mais à frente. Até Fialho de Almeida, famoso escritor (1857-1911) se rendeu à mesma, quando era muito provavelmente ateu, ou pelo menos, um fervoroso agnóstico/céptico que bebia do anticlericalismo.



Imagem nº 1 - A procissão iria circundar a Cascata. Muitas pessoas acompanhavam lateralmente a mesma.
Foto da minha autoria




Imagem nº 2 - A escultura da padroeira Nossa Senhora das Relíquias.
Foto da minha autoria




2- A animação à noite e actividades do Programa


À noite, desloquei-me para assistir aos espectáculos que decorriam na Praça D. Vasco da Gama. Vislumbrei a existência dum palco, através do qual um Dj (de seu nome Miguel Azevedo), animava a comunidade rodando diversas músicas. Não tarda nada começariam os bailaricos. Jovens, adultos e idosos bailavam incessantemente, esquecendo os problemas e as preocupações de rotina e gozando assim o momento. Mulheres dançavam com Homens, Mulheres dançavam com Mulheres e até Homens bailaram com outros Homens! Mas o que importava realmente era o divertimento mútuo e isso foi assegurado para alegria das várias centenas de pessoas que ontem à noite se deslocaram para compor bem o largo.
Havia ainda barracas ou compartimentos móveis onde se vendiam cachorros, farturas, hambúrgueres (eu provei um, e até queria repetir, mas não pude porque não queria contribuir para as estatísticas da obesidade), bebidas diversas, isto para além das inúmeras mesas destinadas aos visitantes. Denotei ainda a presença dum pequeno parque de jogos (carrosséis) destinado às crianças que puderam igualmente usufruir da festividade.
Rute Marlene será uma das próximas artistas a pisar o palco no próximo Sábado, e aí espera-se que a adesão aumente bastante, dado o prestígio da cantora que irá animar com a sua música o povo da Vidigueira e demais visitantes que aqui se deslocam para as festas da Nossa Senhora das Relíquias. Por isso, é plausível que ao longo dos 4 dias (29 de Maio - 1 de Junho), a totalidade dos participantes atinja a esfera dos milhares, o que seguramente é muito bom para a terra.
De acordo com o programa, houve ainda largada de touros, bailes, festa da malha, convívio de sueca, jogos de futebol, entre outras actividades culturais.
É de saudar o empenho do Município da Vidigueira que compôs bem o largo com serviços para o agrado dos visitantes.
Deixamos em baixo a menção à lenda que originou todo este culto e que constitui parte integrante deste concelho alentejano.



Imagem nº 3 - O largo começava a compor-se perto das 22:30...
Foto da minha autoria



Imagem nº 4 - Passava da meia noite e já se dançava de qualquer forma.
Foto da minha autoria






3 - A Lenda de Nossa Senhora das Relíquias:


"Reinando neste reino o Sereníssimo Rei D. Afonso V, em torno da vila de Vidigueira havia uma povoação pequena, em que ainda hoje há dois moradores e se chama ao monte dos Alfaiates; vivia nela um lavrador, por nome Pedro Afonso, casado com Margarida Fernandes, e tinham uma filha chamada Maria, que o seu exercício era guardar o gado. Em uma manhã de muito frio lhe disse a mãe que fosse conduzir para o sítio conveniente, ao que ela não duvidou; mas pediu lhe desse pão para almoçar, e como o não tivesse e estivesse para amassar, a persuadiu se fosse, e quando voltasse lho daria. Obedeceu a filha, e pastorando o gado até chegar àquela várzea, se assentou debaixo de um zambujeiro; mas como a fome a apertasse, se pôs a derramar muitas lágrimas e a repetir soluços entre os quais teve a fortuna de ouvir uma voz, que lhe perguntou porque chorava; ao eco levantou os olhos e viu sobre o zambujeiro uma senhora cercada de luzes celestiais, que lhe tornou a inquirir qual era a causa da sua aflição, ao que satisfez, referindo o que lhe tinha sucedido com a sua mãe.
 A Virgem Senhora Nossa, que em sua imagem lhe apareceu e fez aquela pergunta, depois de a ouvir, lhe mandou fosse a casa, porque ela lhe teria cuidado do gado até que voltasse, e que pedisse outra vez pão a sua mãe, e que se ela lhe respondesse ainda não o tinha, lhe dissesse fosse ver a arca, que se o não achasse, ela tornaria para o gado contente sem ele. Foi a venturosa menina para casa, e pedindo pão à mãe, lhe respondeu esta que ainda não o tinha amassado; suplicou a filha com a instância que a Senhora lhe tinha dito, o que ouvindo a mãe, a levou dentro à casa em que estava a arca para a desenganar, como quem tinha certeza de que não havia nela pão; e abrindo-a para que a filha visse era verdade o que lhe dizia, ficou admirada de a ver cheia, quando sabia que nela não havia nenhum, e inquirindo a menina quem lhe dissera que na arca havia pão, lhe referiu o que lhe tinha sucedido; e inferindo do que ouvia contar a filha que naquele sucesso havia prodígio grande, deu logo parte ao marido e aos poucos vizinhos que ali moravam, e todos assentaram que fossem ver quem tinha falado à menina para que lhe disseram os guiasse ao lugar, e chegando a ele, apontando com o dedo, lhes mostrou a Senhora em cima do zambujeiro, dizendo para a mãe, aquela é a Senhora que me disse tínheis pão e que me mandou vo-lo fosse pedir, porque ela entretanto me guardaria o gado.
 Todos os que vieram a examinar o que a menina referia tiveram a fortuna de ver a Senhora muito resplandecente, e admirados do prodígio, se prostraram todos por terra, e ficando uns reverenciando aquele prodígio celeste, mandaram outros participar esta noticia à povoação mais próxima, a qual então era muito limitada e agora é a vila da Vidigueira.
 No mesmo dia foram ao monte dos Alfaiates a ver o prodígio do pão, e depondo todos os da casa que nela não havia, o tiveram por milagroso, e repartindo parte dele pelos que se acharam presentes, ficou ainda para os que depois vieram, e todos o estimaram como relíquia"



Desta lenda, nasceria o Convento de Nossa Senhora das Relíquias na actual Quinta do Carmo. Vasco da Gama e os seus sucessores, que lá chegariam a ser sepultados, sempre demonstraram uma devoção e grande respeito por esta instituição monástica.



4 - Poema com o testemunho do Mensageiro da Vidigueira





O Largo das Caras-Bonitas
(Poema da minha autoria)


Quando à noitinha cheguei, logo pude constatar:
Vasco da Gama deveras irritado
E por ventura bastante amuado
Por não ver as mulheres a dançar
Porque de costas estava para o palco!


Ele que adorava o culto de Nossa Senhora das Relíquias,
Tinha dores nas costas e não se conseguiu divertir
Nem sequer viu a procissão,
E nem sequer tem agora qualquer tostão!
É culpa da Troika que o nosso dinheiro soube extrair!


Mas eu digeri um hambúrguer apetitoso!
Eu até mereço tal recompensa
Porque sou um crente muito zeloso
E  também aprecio a beleza feminina
Isto sem querer gerar qualquer ofensa!


Perdido em tanta formosura, 
Houve uma imitadora de Vénus 
Que o meu olhar logo captou
Aquele cabelo castanho, ao longe, brilhou
Ao ponto do meu coração sofrer de enorme tortura!


Ai ai ai! Tal como o Vasco, também me tornei impotente!
Se disser que a amo, levo uma chapada
Que logo as minhas intenções desmente
Acentuando a minha vida azarada
E, por este andar, ainda viro a louco paciente.


A sua cara branquinha e oval, 
É digna de ser registada em verso!
Como ela, não há igual!
Vou ver se apaixonadamente rezo
Para que o meu sonho se torne real!


No meio dos bailaricos,
Também as figuras típicas dançavam!
A comunidade fartava-se de rir,
Os que não bailavam,
Comiam e bebiam até quase cair!



Imagem nº 5 - Muitas caras bonitas compareceram na derradeira noite de sonho que se pautou pelo frenesim.
Foto retirada de: http://www.magiazen.com.br/palavra-chave/deusa/page/4


Nota extra - Foi hoje lançado publicamente o novo site do Arquivo Municipal da Vidigueira, o qual irá incorporar diversas colectâneas que estão aí armazenadas, nomeadamente fotos antigas e actas das Câmaras Municipais da Vidigueira e Vila de Frades (esta extinta em 1854). É de elogiar este gesto muito importante que foi promovido pelas seguintes personalidades: Dr. Carlos Cristo, Conceição Lança, Vera Baetas e Francisco Caipirra.

sábado, 24 de maio de 2014

Vidigueira vintage...




Imagem nº 1 - Antiga Igreja Matriz da Vidigueira, actual templo dedicado a São Francisco.




Imagem nº 2 - O Convento consagrado a Nossa Senhora das Relíquias na Quinta do Carmo.




Imagem nº 3 - A Capela do Milagre na Quinta do Carmo.



Imagem nº 4 - Inauguração da Cascata da Vidigueira em 1891.



Imagem nº 5 - A Cascata da Vidigueira.



Imagem nº 6 - Tradicionais cantes alentejanos na Vidigueira.



Imagem nº 7 - O poeta vidigueirense Joaquim Tareco.

Um Poema de João Xavier de Matos (falecido em Vila de Frades no ano de 1789)


Pôs-se o Sol


Pôs-se o sol... Como já na sombra feia 
Do dia pouco a pouco a luz desmaia, 
E a parda mão da noite, antes que caia, 
De grossas nuvens todo o ar semeia! 


Apenas já diviso a minha aldeia; 
Já do cipreste não distingo a faia. 
Tudo em silêncio está; só lá na praia 
Se ouvem quebrar as ondas pela areia. 


Co’a mão na face, a vista ao céu levanto; 
E cheio de mortal melancolia, 
Nos tristes olhos mal sustenho o pranto. 


E se inda algum alívio ter podia, 
Era ver esta noite durar tanto 
Que nunca mais amanhecesse o dia! 



João Xavier de Matos, in 'Rimas' (1770-1783)




quarta-feira, 21 de maio de 2014

Chove a cântaros nas terras de Frei António Chagas e Fialho de Almeida

Desde ontem que os vidigueirenses e vilafradenses foram obrigados a recorrer aos tradicionais guarda-chuvas. O mau tempo veio para ficar, mas deve ir embora lá para o final da semana. A ventania também já deverá ter provocado alguns danos domésticos.
Vistas as coisas pelo lado positivo, os campos ficarão irrigados gratuitamente por São Pedro. Só esperemos que não em demasia, sob pena de causar indesejadas inundações e consequentes estragos materiais. Este mau tempo deverá afastar neste mês de Maio o primeiro surto turístico não só rumo à Vidigueira, como em relação ao restante Alentejo.
Todavia, em Junho, senão ainda nos dias finais de Maio, as temperaturas voltarão a subir, causando um belo bronzeado na pele dos habitantes destas povoações, ansiosos por abraçar o Sol que definitivamente se instalará nessa altura. Quando esse momento chegar, deixarão os guarda-chuvas de lado, e adquirirão os mais recomendáveis cremes solares e óculos de sol para contemplar a nova estação do ano.
Até lá, é altura de fazer sacrifícios, evitando pisar as poças e constipações desnecessárias, caso saia à rua.




Mapa de Chuva prevista para o País inteiro.

CÂMARA DE VIDIGUEIRA PROMOVE INICIATIVA “À RODA DO PÃO”



A Câmara Municipal de Vidigueira está a realizar até dezembro o programa Saberes com História, para divulgação dos tesouros do património natural e cultural, reinventando produtos identitários do território e proporcionando experiências únicas de redescoberta aos seus participantes. Durante um sábado, em cada mês, serão organizadas várias iniciativas temáticas dirigidas a todos os públicos e a todas as idades. No próximo dia 31 de maio terá lugar a atividade “À Roda do Pão”.

“Venha aprender a fazer pão à moda das nossas avós. Será uma tarde bem passada onde todos vão pôr a mão na massa. As escarapiadas e a tiborna também farão parte da ementa do dia. Não perca a oportunidade de se reencontrar com as tradições que deram nome à Vidigueira – Terras de Pão, Gentes de Paz”.

Local: Padaria Peninsular (parceiro da atividade)
Início: 14 horas (duração: 3 horas e meia)
Valor de participação: 5€ por pessoa (a partir dos 3 anos)
Inscrições Limitadas

Inscrições/informações:
Balcão de Informação Turística – Átrio da Câmara Municipal de Vidigueira
Tel. 284437400/410
E-mail: turismo@cm-vidigueira.pt




Retirado da Página Oficial do Facebook do Município da Vidigueira






O Pão da Vidigueira é um dos produtos mais cobiçados do Concelho da Vidigueira. Este evento fará seguramente parte da identidade desta terra. Aproveite a oportunidade e inscreva-se de forma a provar esta delícia grastronómica.
 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Conselheiro que também foi Presidente...

Natural de Vila Nova da Baronia (Alvito), Justino Máximo Baião Matoso (1799-1882) foi uma das personalidades mais incontornáveis da História de Vila de Frades. Obteve os cargos de conselheiro, juiz da paz e par do reino. Um homem que se destacou na arte da política em pleno século XIX e que seria sepultado no cemitério público da vila que o viu brilhar.
Mas Justino foi igualmente um homem que desenvolveu uma relação muito próxima com a terra, aonde se encontrava a sua conhecida mansão, apelidada tradicionalmente como a Casa do Conselheiro. Ao consultar as actas da Câmara Municipal de Vila de Frades entre os anos de 1838 e 1853, não podemos sequer duvidar da influência que manteve na Municipalidade.
Comecei por analisar as actas mais posteriores, por se encontrarem mais bem conservadas, e detectei que, pelo menos, entre 1846 e 1853, Justino Matoso foi vogal efectivo do Conselho Municipal de Vila de Frades, organismo que teria de se reunir com o Executivo (Presidente e Vereadores) para aprovar os orçamentos previstos para os anos económicos respectivos. Por exemplo, é por esta altura que o conselheiro requererá a demolição do torreão da antiga Ermida de São Sebastião, o qual ameaçava a segurança pública, utilizando a respectiva pedra para uma construção que promovia nas proximidades.
Entretanto, e para minha surpresa, quando consultei as actas mais antigas, respeitantes aos anos de 1841 e 1842, deparei-me com a figura de Justino Máximo Baião Matoso como Presidente da Câmara. Pelo que depreendo também nos outros casos, cada presidente (não poderia ter acesso a um segundo mandato) só ficaria à frente do Município por apenas dois anos, e o mesmo seria eleito e apresentado publicamente na primeira sessão de Janeiro, prometendo jurar, sobre os Santos Evangelhos, que iria dignificar o seu novo cargo.
Efectivamente, Justino Máximo Baião Matoso, antes de ser um conselheiro, deputado ou até Par do Reino, foi Presidente da Câmara Municipal de Vila de Frades, sucedendo assim a Joaquim José Pereira, conforme é lavrado na acta camarária de 24 de Janeiro de 1841, documento que transcrevemos na parte final deste artigo. O novo oficial máximo do Município contaria com a colaboração dos seguintes vereadores: José Linhares, Balthesar Mascarenhas, José Martins Leitão, José Anacleto da Costa, Diogo da Costa Branco, Fernando Coelho de Arce Cabo Perdigão e Joaquim de Mello Lobo.
No decurso da sua presidência seguiu com atenção alguns dos assuntos que já eram moda nesses tempos: a preocupação com o sustento das amas e dos expostos (o que exigia investimento), a guarda dos vinheiros, a arrematação e arrendamento da Casa da Farinha da vila, o imposto sobre o mosto, a promoção da construção do Cemitério da Freguesia de Nossa Senhora da Visitação de Vila Alva (o concelho de Vila de Frades chegou a prever o investimento de oitenta e três mil cento e quarenta e três réis em materiais de construção e homens de trabalho, contudo é presumível que a verba não tenha sido aplicada na totalidade, baixando parcialmente os gastos projectados inicialmente), arrematação das carnes verdes para consumo, pagamentos de ordenados aos oficiais da vila, nomeadamente ao relojoeiro...
Seria interessante constatar se Justino Maximo Baião Matoso chegou a ter alguma influência na vizinha Câmara Municipal da Vidigueira, algo que implicaria a consulta das actas desta entidade. Mas o que fica aqui provado é que Justino Máximo Baião Matoso foi uma das personalidades mais incontornáveis da Municipalidade de Vila de Frades, conhecendo bem os processos que aí eram abordados. Assim, enriquecia a sua experiência profissional, preparando-se para uma carreira que ainda seria mais ilustre, traduzida no acesso a novos cargos de nomeada.
Tutelou o Concelho de Vila de Frades nos anos de 1841 e 1842, mas teve que abandonar o cargo em Janeiro de 1843, integrando posteriormente (logo ou apenas alguns anos depois?) o Conselho Municipal, isto antes de seguir outros "voos"!



Acta de 24 de Janeiro de 1841, Paços do Concelho de Vila de Frades


"Aos vintte e quatro dias do mês de Janeiro de 1841 em estta Villa de Frades e Paços do Comcelho, sendo ahi reunidos em sessão extrordinaria, o Presidente da Câmara Joaquim José Pereira e mais veriadores: José Linhares, e Balthesar Mascarenhas, comparecerão o Dr. Justino Máximo Baião Matoso, e José Martins Leittão, e José Anacleto da Costa e Diogo da Costta Branco, e Dr. Fernando Coelho de Arce Cabo Perdigão veriadores eleitos para servirem pello o tempo de dois annos, na conformidade da Cartta de Lei de 29 de Outubro de 1840, a fim de prestarem o juramento de lei o Presidentte da nova Câmara nas mãos do Presidente da Câmara sesantte que em seguida o deferirá aos novos eleittos, e logo os novos eleittos, passarão a nomiar dentre si o seo Presidente, e nomiarão o Dr. Justino Maximo Baião Matoso, o qual prestou o juramento da lei nas mãos do Presidente sessante, e em seguida o deferio aos novos eleittos por todos foi recebido asim o prometerão cumprir e logo a nova Câmara se houve per constituída e entrou no exercício das suas funções, do que possa constar mandarão lavrar presentte actta que todos asignarão. Eu José Franco Mascarenhas, secretário da Câmara, que o escrevi".

Seguem-se as assinaturas de todos os oficiais envolvidos.




Imagem nº 1 - O conteúdo da acta de 24 de Janeiro de 1841. Documento transcrito por mim.
Carregar em cima para ver melhor



Imagem nº 2 - A assinatura dos protagonistas. A primeira é da autoria do Presidente cessante Joaquim José Vieira e a quarta é de Justino Maximo Baião Matoso, o seu sucessor.
Carregar em cima para ver melhor

sábado, 10 de maio de 2014

Um dia lúdico e interactivo nas Ruínas Romanas de São Cucufate e no Museu da Casa do Arco


1 - Descrição Geral do Evento


Graças a uma parceria estabelecida entre a Direcção Regional da Cultura do Alentejo, a Junta de Freguesia de Vila de Frades e a Escola Profissional Fialho de Almeida (Vidigueira), que começou a ser estudada nos inícios de Outubro de 2013, foi possível agora observar os primeiros frutos desta iniciativa.
Nesta passada sexta-feira, dia 9 de Maio, estiveram presentes cerca de 100 a 120 alunos da Escola Profissional Fialho de Almeida da Vidigueira (ao todo, com 7 ou 8 turmas presentes), correspondendo a uma mobilização de metade dos estudantes inscritos neste estabelecimento de ensino. As actividades prolongaram-se desde as 9 horas da manhã até às 16:30.
Efectivamente, desenvolveram-se inúmeras iniciativas nesse dia, sendo de destacar o empenho máximo dos seguintes docentes: Dra. Sónia Correia (Prof.ª de Turismo), Dra. Ana Patrícia (Prof.ª. de Integração Ambiental) e Dr. Cristóvão Amaral (Prof. de Educação Física).
Como já tinha mencionado, decorreram actividades para todos os gostos:

  • Caminhada desde as Escolas da Vidigueira até às Ruínas Romanas de São Cucufate. Um percurso de 3 ou 4 km, sendo que os alunos iam munidos com garrafas de água e acompanhados pelos docentes que se associaram a este célebre evento.
  • 1ª Paragem - Museu da Casa do Arco, onde todos os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o núcleo museológico, e escutar os elementos da turma organizadora (da área de Turismo, liderados pela Dra. Sónia Correia) que lhes comunicaram a história deste edifício bem como procederam à apresentação das vitrinas do piso superior que continham os artefactos maioritariamente romanos. Houve ainda breve referência à biografia do escritor Fialho de Almeida.
  • Em São Cucufate, o auditório foi utilizado para a projecção dum pequeno vídeo, com breves descrições e muitas fotos sobre Vila de Frades, as Ruínas Romanas e o seu Núcleo Museológico.
  • Realização de visitas guiadas para cada turma na villa romana de São Cucufate, esforço devidamente conseguido pelos elementos da turma organizadora.
  • Promoção de actividades físicas saudáveis encetadas pelo Dr. Cristóvão Amaral. Havia ainda colunas de som que animaram todo aquele lugar.
  • Palestra de Sensibilização/Preservação Ambiental conduzida pela Dra. Ana Patrícia.
  • Piquenique, o que proporcionou uma maior convívio entre alunos e docentes.
  • Caça ao Tesouro - Existiam perguntas sobre o espaço bem como o fornecimento de mapas e pistas. Os vencedores tiveram acesso a uma pequena peça de barro confeccionada por um ilustre artista da região, isto para além dos rebuçados que recheavam essa mesma caixa misteriosa, a qual não foi nada fácil de encontrar.

É de ressalvar o óptimo atendimento evidenciado por Carlos Vilhena, Gracinda Palma e Teresa Pires, isto sem esquecer o essencial contributo dos alunos da turma de Turismo da Dra. Sónia Correia que organizaram a maior parte das actividades desse dia épico e que, em muito dignificou, a invejável história daquele sítio arqueológico.
Com este evento, pretendeu-se valorizar o contacto agradável com a Natureza, houve espaço para a aprendizagem/cultura geral, convívio e diversão. Assim, se transmite, de forma lúdica, todo um manancial de conhecimentos que serão úteis a todos os que puderam associar-se a este evento.



2 - Resultados dos Inquéritos


Como estiveram presentes entre 100 a 120 alunos (adolescentes) nas Ruínas Romanas de São Cucufate e no Museu da Casa do Arco, optamos por elaborar 30 inquéritos como meio de medir o grau de satisfação e conhecimentos em torno deste mega-evento.
A partir desta amostra, conseguimos vislumbrar os seguintes resultados:


1- Já alguma vez tinha visitado as Ruínas Romanas de São Cucufate?

Sim - 17
Não - 13


2- Tinha conhecimento da existência do Museu da Casa do Arco?

Sim - 12
Não - 18


3- Adquiriu mais informação sobre estes dois espaços históricos?

Sim - 28
Não - 2


4- Como avalia este evento?

Muito Bom - 20
Bom - 9
Satisfatório - 1
Mau - 0



Antes demais, é necessário saudar o empenho e a envolvência dos estudantes que preencheram os inquéritos que espalhamos pelas mesas da recepção. Todos os 30 inquéritos foram entregues.
Em primeiro lugar, devemos destacar que a maior parte dos alunos presentes já teria visitado no passado as Ruínas Romanas de São Cucufate, embora existisse um número ainda que considerável de estudantes que nunca o tivesse feito (talvez a rondar a cifra dos 40%!!). Em relação ao Núcleo Museológico da Casa do Arco, o cenário inverte-se, visto que é um museu bem mais recente e não tão divulgado, e por isso, detectamos um número elevado de alunos que ficou apenas a conhecer, pela primeira vez, este Museu, através deste evento promovido pelas instituições já indicadas em cima.
Por fim, as últimas duas questões atestam que os alunos souberam adquirir vários conhecimentos sobre a presença romana na villa de São Cucufate, isto para além das múltiplas actividades que geraram ainda entretenimento e convívio social.
Foi pois um dia diferente que se traduziu num completo sucesso.
Em jeito de análise final, a parceria com as Escolas do Município da Vidigueira tem de continuar nos próximos anos, de forma a que a maior parte esmagadora dos alunos desta região possa conhecer este monumento nacional, que constitui mesmo um dos mais importantes testemunhos da civilização romana a nível peninsular.


3 - Fotos sobre o Evento



Imagem nº 1 - A chegada de uma das 7/8 turmas à Casa do Arco, após uma longa caminhada.



Imagem nº 2 - Outra turma ouvia atentamente a apresentação feita pelos seus colegas sobre a Casa do Arco e Fialho de Almeida.



Imagem nº 3 - A visita às vitrinas do piso superior do Museu.



Imagem nº 4 - Outra turma visita o Mosteiro medieval de São Cucufate/ Capela de São Tiago Maior e ficou rendida aos frescos que aí se encontravam.



Imagem nº 5 - Os alunos diante do tablinum e das ruínas dum possível cenóbio visigótico do séc. VI d. C.



Imagem nº 6 - Apresentação da varanda e das termas.



Imagem nº 7 - Outra turma deslocar-se-ia de seguida para uma visita guiada, sendo que decorreria no miradouro uma primeira e breve apresentação sobre o sítio arqueológico.



Imagem nº 8 - A visita do templo romano.



Imagem nº 9 - Os alunos perante a mansão senhorial.



Imagem nº 10 - Outra turma no mosteiro/capela, no seguimento do périplo pré-definido.



Imagem nº 11 - A afluência em termos de alunos foi elevada e seguramente enriqueceu ainda mais este evento.



Imagem nº 12 - Os alunos desfrutaram da visão maravilhosa no espaço da antiga varanda do piso nobre.



Imagem nº 13 - Actividades físicas com a presença de arcos, estafetas, corridas, isto para além das colunas de som que animavam o ambiente.



Imagem nº 14 - O sol começava a apertar e já havia quem procurasse a sombra.



Imagem nº 15 - A mobilidade foi intensa nas Ruínas Romanas de São Cucufate.



Imagem nº 16 - O exercício físico e o contacto com a Natureza foi uma das prerrogativas deste evento.



Imagem nº 17 - Outra turma reunida debaixo das árvores, procurando a sombra.



Imagem nº 18 - Proporcionaram-se grandes momentos de convívio.



Imagem nº 19 - O calor (embora não tão excessivo) também colaborou para que este dia fosse alegre.



Imagem nº 20 - Estava a chegar a hora do piquenique!



Imagem nº 21 - Os alunos começavam a merendar.



Imagem nº 22 - Houve quem se sentasse nas cadeiras junto ao auditório do Centro Interpretativo.



Imagem nº 23 - Os alunos demonstraram grande satisfação pela realização do evento, e aproveitaram também para descansar depois das caminhadas e das actividades físicas que realizaram.



Imagem nº 24 - Realização do Jogo do Moinho, inventado na Era Romana, em que os alunos tiveram que aprender as regras deste jogo não tão praticado nos dias de hoje.



Imagem nº 25 - Início da Caça ao Tesouro por grupos pré-definidos. Este evento demorou mesmo muito tempo, pois a caixinha da glória estava bem camuflada e escondida, alimentando o mistério.



Nota 1 - Decorreu ainda, na parte da manhã, uma visita guiada que envolveu cerca de 40 pessoas, e na qual a Dra. Susana Correia procedeu à apresentação deste sítio arqueológico.

Nota 2 - Como já havíamos referido, decorrem neste preciso momento, obras de manutenção nas Ruínas, cortando a vegetação expansiva (utilizaram-se ainda herbicidas) e tornando o espaço mais cómodo numa altura em que o número de visitantes tende a aumentar na Primavera e depois no Verão.