terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Quem foi João Xavier de Matos?

Actualmente, os seus restos mortais repousam na Igreja Matriz de Vila de Frades, terra onde faleceu no ano de 1789. Todavia, comecemos por falar um pouco sobre este erudito, cuja sabedoria afinal não poderá ser ignorada.
João Xavier de Matos terá nascido entre 1730 e 1735, numa povoação ribeirinha do Tejo. Estudaria Direito em Coimbra, mas não chegaria a terminar o curso. Rumou ao Porto, onde estará presente entre 1762 e 1770. Aí fará parte da Arcadia Portuense e apaixonou-se ainda por uma freira.
A sua vida não foi fácil, já que este poeta a soldo teve que passar por inúmeros trabalhos, doenças, exílios e pobreza. Foi inclusive detido por agredir um padre devido aos seus amores conventuais.
Conseguiu, mesmo assim, a protecção do Marquês de Nisa. Outro mecenas que o apoiou foi D. Manuel do Cenáculo. 
Do ponto de vista ideológico, Xavier de Matos, através do seu pseudónimo - Albano Eritreu, deixou-se influenciar pelo Iluminismo, embora se tenha inspirado igualmente no Neoclassicismo e no Romantismo
Conhecido ainda pela sua capacidade crítica, não deixa de apontar o dedo à nobreza de sangue e até à religião. Tratou ainda diversas temáticas - o amor infeliz, a perseguição da sorte inimiga, o horror fúnebre, a paz da vida rural, o sentimento de igualdade, os vícios e desenganos da Cidade...
Luís Vaz de Camões foi uma das suas principais referências que o terá inspirado.
A sua principal obra intitula-se Rimas, divididas em três tombos que foram publicados em Lisboa entre  os anos de 1770 e 1783. Tornou-se ainda famoso com a écloga Albano e Damiana (1758), cantada pelos cegos de Lisboa. 
A melancolia, o pessimismo e a tristeza estão patentes nos seus escritos.




Imagem nº 1 - A principal obra de João Xavier de Matos que faleceria em Vila de Frades no ano de 1789, após uma vida de privações.



Poema/Soneto sobre o Peso da Idade -
(João Xavier de Matos)


Já lá vão sete lustros, que este monte

Berço me foi: Já da vital jornada

Mais de meia carreira está passada;

E cedo iremos ver outro horizonte:



A mão já treme, já se enruga a fronte,

Já branqueja a cabeça, e com a pesada

Considração da vida mal gastada,

Vai-se apagando a luz, secando a fonte.



Pouco nos resta, que passar já agora;

E para as derradeiras agonias

De tantos anos, aproveite hum’hora.



Esperanças, temores, vãs porfias,

Paixões, desejos, ide-vos embora;

Favor, que me fareis por poucos dias.



Curiosidade: Existe uma rua com seu nome em Vila de Frades.


Referências Consultadas:


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