No dia 10 de Junho de 2014, dia de Camões e de Portugal, foi inaugurado em pompa e circunstância, para efeito, o novo Centro de Leitura de Vila de Frades.
Antes da cerimónia solene, já se notava algum movimento e frenesim em torno do acontecimento. Foram disponibilizadas 60 cadeiras na Praça para assegurar comodidade aos espectadores. Mas foram ainda assim poucas para um público tão visível, chegando a estar presentes cerca de 200 pessoas.
No imediato, um maestro, de seu nome Martinho Caeiro, recheado com a sua vocação musical, animou, através do seu saxofone, a plateia presente, tocando músicas clássicas o que permitiu a animação do espaço.
A Praça 25 de Abril, antiga Praça Nova, desterrou o seu passado histórico. Recordou Fialho de Almeida (1857-1911), para muitos, o melhor escritor do Alentejo, e para além disso, transformou a antiga cadeia num novo Centro de Leitura, pequeno mas com uma configuração bastante colorida e funcional.
Imagem nº 1 - Já estava tudo a postos para o início da inauguração.
Imagem nº 2 - A plateia começava a compor-se quando faltavam 20 minutos para o início da cerimónia.
Imagem nº 3 - 10 minutos depois, e o largo já estava praticamente cheio. Mais pessoas apareceram nos momentos subsequentes.
Imagem nº 4 - O maestro Martinho Caeiro animou, com músicas tradicionais, a Praça 25 de Abril, caracterizada outrora por Fialho pelo seu "quadrilátero de casarões".
Imagem nº 5 - Muita gente assistia de pé junto ao Arco.
Imagem nº 6 - As melodias musicais encantavam a plateia.
Pouco depois das 18:30, Diogo Conqueiro, membro da Junta de Freguesia de Vila de Frades, foi o primeiro a tomar a palavra, relembrando que "o Centro de Leitura Fialho de Almeida é um serviço cultural da Freguesia".
De seguida, decorreu uma passagem da reportagem radiofónica da TSF da autoria do jornalista Fernando Alves que efectuou uma longa referência a Fialho de Almeida, às tradições e aos lugares mais simbólicos de Vila de Frades.
Imagem nº 7 - Diogo Conqueiro procedeu à apresentação deste evento marcante que em muito dignificou o dia da Literatura Portuguesa!
Após a passagem deste trecho, foi a vez do Professor Universitário de Évora - António Cândido Franco que recordou um pouco a biografia do conceituado escritor. Fialho teria conhecido 3 períodos no decurso da sua vida: o nascimento e infância em Vila de Frades (1857-1866), Lisboa (1866-1893) e Cuba (1893-1911). A sua vida começaria então em Vila de Frades, passou aqui os seus nove primeiros anos, viveu com os pais, aprendeu as primeiras letras com o seu pai - Valentim Pereira de Almeida (mestre-escola/mestre-primário) e, pela primeira vez, irá deparar-se com a realidade do campo. É certo que depois seguirá novos rumos, mas esta realidade inicial marcou-o, e por isso, nunca se esquecerá de Vila de Frades, retratando pormenores descritivos sobre a terra, nos livros que redigirá posteriormente. Ele transportou o nome do Alentejo, pela primeira vez, para a literatura nacional. No final do seu discurso, o Prof. António Cândido Franco assinala que hoje todos nós temos uma dívida importante para com Fialho.
Imagem nº 8 - O Prof. Dr. António Cândido Franco salientou o apreço que Fialho tinha pela sua região de origem - o Alentejo dos campos verdejantes.
Depois foi a vez de Luís Amado, Presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades, proferir algumas palavras ao público presente. De acordo com o mentor do novo Centro de Leitura, Fialho traçou o perfil de cada um, gente interessada ou não, descreveu a povoação que desfilava na
rua fidalga da vila - a rua de Lisboa. Fialho não se esqueceu igualmente das profissões tradicionais e nunca cedeu na defesa do ensino, e para esse efeito, deixou 10 contos de réis para a construção da actual Escola Primária da terra, a qual já formou muitas pessoas que se sentem hoje gratas por esse benefício. Fialho deixou ainda dinheiro para ajudar os mais pobres de Vila de Frades e Vidigueira, para que tivessem igualmente acesso às necessidades mais elementares, nomeadamente assistência médica. Mesmo depois da sua morte, a sua casa foi condecorada com três lápides comemorativas, a mais importante talvez ocorrida em 1957 (há imagens no Centro de Leitura que reavivam esse momento) em que esteve cá o Ministro da Educação da altura, e onde se voltou a recordar a imagem deste conceituado escritor nacional. Ainda antes, em 1932, Diogo de Macedo procede à colocação dum busto de bronze na Escola Primária. Mas Fialho de Almeida acabaria por cair no esquecimento por quase meio século, de acordo com Luís Amado, o que foi totalmente lamentável, já que se tratava dum prosador de alta categoria, um dos vultos mais importantes da nossa literatura. Foi necessário pois desbravar um caminho longo e contrariar más vontades que nomeadamente visavam a extinção da freguesia de Vila de Frades e o encerramento das ruínas romanas de São Cucufate e núcleo museológico da Casa do Arco.
Imagem nº 9 - Luís Amado, Presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades, sentia-se um homem realizado, após ter concretizado um projecto que já tinha sido idealizado em 2005.
Por fim, Manuel Luís Narra, Presidente da Câmara Municipal da Vidigueira, tomou a palavra, felicitando a povoação de Vila de Frades pela concretização dum sonho, no qual o Município facultou igualmente o seu apoio. Referiu ainda que se Fialho estivesse vivo hoje, sentir-se-ia traído porque hoje estão a fechar-se várias escolas primárias, sendo que a da freguesia de Selmes deverá ser uma das próximas a encerrar.
Imagem nº 10 - Intervenção de Manuel Luís Narra, Presidente da Câmara Municipal da Vidigueira, que felicitou o povo de Vila de Frades pelo novo sucesso.
Posteriormente, Luís Amado conduziu uma visita guiada no novo Centro de Leitura, descerrou-se a placa inauguradora do espaço, e mostrou-se os cantos à nova casa da cultura, perante uma forte afluência da população que tencionava conhecer este novo reduto. À entrada, vislumbramos um espaço infantil dedicado às crianças, 3 computadores com acesso gratuito e rápido à Internet, e ainda fotos da recente e derradeira homenagem a Fialho de Almeida em 2007, para além de dois painéis descritivos sobre a vida e obra do autor.
Na parte posterior, encontramos estantes que armazenam livros variados (há para todos os gostos e géneros literários), com destaque especial para as obras do homem que "miou pouco, arranhou sempre e nunca temeu" e que assim se tornou o "patrono" cultural daquele novo espaço. Aí se exibiam igualmente medalhões comemorativos sobre aquela figura incontornável. Há igualmente mesas no interior e no exterior do edifício para que os visitantes possam consultar os livros e até as revistas e jornais da região.
Na parede, estavam afixadas as imagens das homenagens de 1957 (centenário do nascimento de Fialho de Almeida), quando o ministro da Educação esteve cá, rodeado por uma população que, na altura, rondaria os 2 mil habitantes.
Refira-se que este Centro de Leitura foi patrocinado pela Junta de Freguesia de Vila de Frades (principal mentora) e pela Câmara Municipal da Vidigueira, para além do fundamental co-financiamento do PRODER.
Imagem nº 11 - Comemorações de 1957 bem recordadas no Centro de Leitura dedicado ao homem cujo lema era "miando pouco, arranhando sempre e não temendo nunca".
Imagem nº 12 - Estantes de livros e o brasão da Casa dos Almeidas.
Imagem nº 13 - Medalhão e mais livros disponibilizados para consulta ou requisição.
Imagem nº 14 - Outra medalha sobre Fialho e com livros específicos do autor.
Imagem nº 15 - As fotografias antigas atestam o prestígio de Fialho em meados do século XX.
Imagem nº 16 - O Centro de Leitura também terá jornais e revistas da região, para além de desenvolver novas actividades de cariz cultural que serão apresentadas em breve.
Imagem nº 17 - As pessoas preparavam-se para visitar o novo Centro de Leitura, quando cessaram os discursos.
Imagem nº 18 - As pessoas fartaram-se de esboçar sorrisos.
Imagem nº 19 - Momento do descerramento da placa inaugurativa.
Imagem nº 20 - Placa que ficará para a posterioridade.
Imagem nº 21 - Uma criança divertia-se já no espaço infantil.
Imagem nº 22 - Três computadores, com acesso livre à Internet, tinham como imagem de fundo a imagem de Fialho de Almeida.
Imagem nº 23 - Uma mesinha destinada aos desenhos que serão, mais tarde, elaborados pelas crianças.
Imagem nº 24 - Houve muito bom gosto na decoração.
Imagem nº 25 - As comemorações de 2007, ou melhor, dos 150 anos do nascimento de Fialho.
Imagem nº 26 - Gracinda Palma, uma das padeiras recentemente homenageadas pela CM da Vidigueira.
Imagem nº 27 - O feedback foi bastante positivo.
Imagem nº 28 - O Presidente da Junta de Freguesia de Selmes também apoiou a iniciativa.
Imagem nº 29 - Os vilafradenses trocavam bastantes impressões.
Imagem nº 30 - No ano de 1957, o povo de Vila de Frades recebeu, em grande pompa, o Ministro da Educação. Cristo Fragoso, mestre primário da Escola sita na vila, destacou-se nessas celebrações.
Imagem nº 31 - Medalhão de 1957, comemorativo dos 100 anos do nascimento de Fialho de Almeida.
Imagem nº 32 - Diogo Conqueiro ressalvando o lema de vida de Fialho, que assim se caracterizou no Prefácio de "Os Gatos".
Imagem nº 33 - António Rosa Mendes, um dos beneméritos da vila, juntamente com Manuel Chato e um dos conhecidos cantores do grupo coral destas terras.
Imagem nº 34 - Retrato de Fialho de Almeida da autoria de Manuel Carvalho (2007).
Imagem nº 35 - Muita diversão garantida para os mais pequenos.
Imagem nº 36 - As crianças não foram esquecidas pelos mentores deste projecto.
Imagem nº 37 - Muita gente saía e entrava para conhecer o novo espaço.
Imagem nº 38 - Gertrudes Lemos, secretária da JF de Vila de Frades, fez questão de estar presente e de elogiar o evento.
Imagem nº 39 - Nuno Parreira foi um dos que mais trabalhou para que este projecto se tornasse real.
Imagem nº 40 - Outro retrato, este mais antigo, sobre Fialho.
Imagem nº 41 - Brasão da Casa dos Almeidas, que se situava ali mesmo ao lado, onde antigamente era a residência dos párocos de São Vicente de Fora.
Imagem nº 42 - Portas de acesso identificadas com o devido autocolante.
Imagem nº 43 - Joaquim Madruga, o vilafradense das caminhadas!
Imagem nº 44 - Os aparelhos de som utilizados na animação de Martinho Caeiro.
Imagem nº 45 - Maria João também se empenhou incansavelmente para reavivar a memória de Fialho.
Imagem nº 46 - Mesa no exterior, onde à luz do sol e duma ternurosa brisa, os leitores poderão consultar os livros que desejarem.
Imagem nº 47 - Restante Praça 25 de Abril.
Imagem nº 48 - O entardecer estava prestes a acontecer e as pessoas começavam a abandonar o local.
Posteriormente, na adega da Vitifrades, houve momento para os comes e bebes, isto é, um pouco de gastronomia. Sumos e Vinho, mais pequenos bolos, batatas fritas, doçarias, chouriço, tostas, pão...
Foi em jeito de convívio que se garantiu o término das sessões comemorativas.
Como fui a pé para esse edifício, aproveitei para tirar mais algumas fotos ao longo do caminho.
Imagem nº 49 - Os antigos Paços do Concelho e posteriormente Escola Primária na segunda metade do século XIX, isto é, no tempo de Fialho de Almeida.
Imagem nº 50 - Busto de Fialho da autoria de Diogo Macedo (1932) . Foi a esta escola primária, construída posteriormente, que Fialho deixou 10 contos de réis no seu testamento.
Imagem nº 51 - As pessoas dirigiam-se a pé ou de carro rumo à adega da Vitifrades, mesmo junto à actual Escola Primária de Vila de Frades.
Imagem nº 52 - Ao longe, observava-se a paisagem verdejante dos outeiros.
Imagem nº 53 - Gastronomia apetecível estava à nossa espera!
Imagem nº 54 - O sucesso desta cerimónia ficará seguramente para a posterioridade. A festa traduziu a confluência de múltiplos esforços do executivo e do povo vilafradense que estão de parabéns.
Imagem nº 55 - À ida embora, passei pela Casa do Conselheiro, moradia de Justino Máximo Baião Matoso, antigo benemérito da terra, que hoje estaria igualmente radiante se estivesse vivo.
Imagem nº 55 - Frontão com azulejo de Nossa Senhora das Dores.
Imagem nº 56 - A imponência da mansão dum homem que chegou a ser igualmente par do reino, juiz da paz, conselheiro e presidente da Câmara de Vila de Frades (1841-1842).
Imagem nº 57 - Antes de terminar a minha reportagem, tirei ainda uma foto sobre a antiga casa onde esteve refugiado Humberto Delgado, após o fracassado golpe de Beja, que estará a ser alvo de recuperação.
A cultura é pois o caminho para a liberdade.