O Cante dos Reis da Vidigueira
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)
Que noite fria,
Eu desconfortavelmente sentia,
Agasalhei-me, passei pela centenária Cascata,
E, na Praça do Município, encontrei uma fogueira calorosa
Que quebrou a minha malapata.
Aí se concentravam duas ou três centenas de curiosos,
Muitos conviviam e trocavam afectos,
Mas eu guardava bem os meus ares discretos,
Embora registasse os pormenores mais minuciosos.
Os grupos cantavam alentejanamente,
A populaça batia efusivas palmas,
E vivia o acontecimento lentamente
Encantador daquelas almas!
Até as jovens raparigas
Me piscavam o olho,
Mas o fumo tapava-me de tal forma as vistas,
Que mais parecia um mirolho.
Naquela noite, ainda veio o bolo-rei,
Decerto tão delicioso que era,
Mas que não pude provar
Porque era longa a espera!
Ensonado, abandonei o lugar,
Consciente da iniciativa animadora
E porventura essencialmente promotora
Desta tradição secular.
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