quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A Casa do Conselheiro Justino Matoso

Na rua Poeta João Xavier de Matos, visualizamos um edifício solarengo que deverá remontar ao século XVIII (ou, em último caso, aos inícios do século XIX!). Trata-se da célebre habitação que chegou a acolher, no decurso do século XIX, um conceituado conselheiro e par do reino (1862) que também chegou a desempenhar as funções de deputado (1857) e de administrador geral de Beja. Nas suas proximidades, existe ainda uma horta que terá pertencido igualmente a esse oficial de nomeada.
O seu nome é Justino Maximo Baião Matoso (1799-1882). Era filho de Joaquim Matoso (amigo e protector do célebre poeta João Xavier de Matos, sepultado na Igreja Matriz de Vila de Frades) e de Maria Vitória, e deveria ser natural de Vila Nova da Baronia (Concelho de Alvito). 
Em 1825, terá contraído matrimónio com Maria José Pessanha. Deixou uma filha - Maria Luísa Infante Baião Matoso que se casaria com  Tristão Guedes Correia de Queiroz, 1º marquês da Foz. 
Justino Matoso teria ainda pertencido aos Cavaleiros da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa a partir de 1837.
Faleceria presumivelmente em Vila de Frades a 29 de Junho de 1882, e encontra-se sepultado num mausoléu do cemitério público da localidade. Refira-se que a sua sepultura chegou a ser posteriormente vandalizada por gente sem escrúpulos e respeito pela dignidade humana. Mesmo assim, o seu jazigo detém características que atestam a sua especificidade. 
Sobre a Casa do Conselheiro, consideramos pertinente o seguinte excerto da obra de Fialho de Almeida que procede à sua caracterização:


"A Casa do fidalgo ficava no outro extremo da vila, isolada dos casebres por uma alameda de freixos enormes. À roda era a horta, e por detrás dos laranjais, o olival sem fim. (...) A casa do conselheiro mal aparecia ao fundo, com a sua linha de grandes janelas morgadias, cujas pesadas cimalhas avultavam numa faixa confusa de granito" (ALMEIDA, Fialho de - Contos, p. 111). 


A habitação conta actualmente com nove varandas (ou balcões de sacada!), 3 portas de cor verde, e um portal com grades encimado por um azulejo interessante de Nossa Senhora das Dores. Pelo que apuramos ainda, a fachada é composta por alvenaria caiada de branco, destacando-se ainda frontões estilizados e urnas decorativas. O edifício parece incorporar ainda árvores seculares, e um velho tanque de pedra circular, detendo uma taça de repuxo com elementos naturalistas. Poderá ser ainda portador dum importante espólio, em termos de mobiliário e de peças de arte. Numa das dependências altas, existe a capela familiar, fechada com portas de talha exemplarmente esculpidas.
Recorde-se ainda que foi neste edifício que se achou uma janela manuelina (cujas origens desconhecemos) e que seria (re)colocada mais recentemente junto à Torre de Menagem que hoje testemunha a existência dum antigo castelo, cujos paços foram habitados pelos Gamas, condes da Vidigueira.



À procura do Exmo. Sr. Conselheiro Baião Matoso
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


Após a Igreja Matriz e a Junta de Freguesia avistar
Enveredei pelo caminho a sul
Estava um dia gélido sem qualquer andorinha-do-sul
Que sobrevoasse alegremente para um sorriso me arrancar!


Continuei a peregrinar nestas ruas de calçada portuguesa,
Ora não estivéssemos numa localidade tradicional,
Onde se desfruta dum ambiente consensual,
E que potencializa o vinho como uma certeza!


Mas necessitava eu dum elaborado conselho,
Sobre um assunto específico
Que só poderia ser solucionado por alguém honorífico
Talvez um ancião mais velho!


Soube da prévia existência de Baião Matoso,
Um par do reino de excelência,
Oxalá que ele seja amistoso
E me resolva esta questão de existência!


A Casa do Conselheiro finalmente encontrei,
Procurava pelo sábio conselheiro.
Oxalá que ele não me cobre dinheiro,
Senão, nesta crise, definitivamente me afundarei!


Infelizmente, as três portas estavam encerradas,
Certamente, a nossa célebre individualidade estava ausente
A tratar dum dossier mais premente
E assim ninguém veio à varanda dar-me as vitais coordenadas,




Imagem nº 1 - A histórica Casa do Conselheiro alberga nove balcões de sacada, 3 portas verdes e várias janelas.






Imagem nº 2 - O portal gradeado, encimado pelo azulejo de Nossa Senhora das Dores e por frontões.








Imagem nº 3 - A horta que antigamente fora tutelada pelo Conselheiro. Situa-se logo após o Posto Médico da localidade.




Imagem nº 4 - O Mausoléu onde estão sepultados os restos mortais de Justino Maximo Baião Matoso. O jazigo destaca-se pela presença de dois anjos que veiculam a seguinte inscrição: 

"JAZIGO DE FAMILIA DO CONCELHEIRO E PAR DO REINO JUSTINO MAXIMO MATOUZO BAIAO"


No canto inferior esquerdo, pode ler-se uma segunda inscrição:


"FEITO NA OFFICINA DE SEVERIANO J. D ABREU AOS PAULISTAS EM LISBOA 90 92"


Nota extra - Cremos que o actual cemitério público de Vila de Frades, situado junto à actual estrada que segue em direcção a Alvito, deverá remontar ao século XIX, até porque não conseguimos detectar jazigos mais antigos (embora não tenhamos usufruído da oportunidade de ler todas as lápides que se encontravam nas sepulturas). Contudo, não descartamos ainda de todo que o mesmo tivesse sido criado no século XVIII, embora mantenhamos as nossas dúvidas (estamos mais inclinados para uma criação deste no século XIX, porém no passado, talvez o cemitério se localizasse noutro espaço da antiga vila e não nos podemos esquecer que muitos dos restos mortais eram anteriormente depositados nos templos cristãos ou no seu redor). Certo é que se trata dum cemitério pequeno, embora esteja previsto o seu alargamento. Para além disto tudo, encontra-se ainda dotado dum parque de estacionamento.



Referências Consultadas:

  • ALMEIDA, Fialho de - Contos. Porto: Lello & Irmão-Editores, 1981 (originalmente publicado em 1881).
  • ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Beja, Lisboa, 1992.
  • PESSANHA, José Benedito - Os almirantes Pessanhas e sua descendência. Porto: Imprensa Portuguesa, 1923. 
  • Diário do governo: 1822, Edições 152-230, ver p. 1446. Digitalizado integralmente no Google Books.
  • http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=104374, (Consultado em 29-01-2014).
  • Fotos tiradas a partir do meu telemóvel.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Os frescos dos templos de São Cucufate

Após o abandono da villa por parte dos romanos no século V d. C., rezam as crónicas de que se instalou inicialmente uma igreja paroquial do período visigótico junto ao actual tablinum/átrio, e da qual restarão, caso tenha efectivamente existido (tema que ainda gera alguma controvérsia), apenas ruínas. Referem alguns historiadores antigos que seria um convento beneditino, mas o que é certo, é que não encontramos pinturas murais desse período da Alta Idade Média, todavia a sua existência não pode ser excluída de todo.
Na fachada setentrional, e a partir de meados do séc. XIII, iniciar-se-à o processo de instalação dos monges crúzios do Mosteiro de S. Vicente de Fora, já que em 1255 receberam com o consentimento do rei D. Afonso III e D. Martinho (bispo de Évora) todo aquele casarão, originalmente romano, de forma a instaurarem o seu culto em torno de São Cucufate, o padroeiro daquele templo, o que farão através do reaproveitamento parcial do antigo armazém romano (adega/celeiro do século IV d. C.). Os monges vicentinos promoverão o povoamento da terra, organizarão as actividades económicas (estimularão aqui a produção agrícola), e como novos senhores eclesiásticos da vila, outorgarão foral em data incerta (e que seria confirmado pelo rei D. Manuel I em 1512). São estes mesmos frades que estarão por detrás da designação toponímica desta terra. O mosteiro vicentino de São Cucufate irá prolongar-se até meados ou finais do século XVI. Durante a sua permanência por mais de 300 anos, detectamos já alguns frescos pintados neste templo medieval. Deste período (séc. XIII-XVI), chegaram até aos nossos dias duas pinturas murais que reivindicam o estatuto de maior antiguidade. A primeira, datada dos finais do século XIV, exibe presumivelmente o padroeiro São Cucufate (conhecido por ter sido degolado pelos romanos na Catalunha nos inícios do século IV d. C.) ladeado por duas Santas Mártires. Esta decoração pictórica trecentista encontra-se mesmo no antigo presbitério. 



Imagem nº 1 - O fresco mais antigo do templo parece representar São Cucufate rodeado por duas outras santas.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira


Do século XV ou dos inícios do século XVI, visualizamos ainda uma modesta imagem que representa, num dos alicerces dos arcos, a Virgem com o menino ao colo, embora o seu estado se encontre já muito degradado, podendo mesmo passar despercebido entre muitos dos seus visitantes. Também este fresco deverá ter sido pintado anonimamente no período em que os monges crúzios ainda aí professavam. É provável que tenham existido outras pinturas desse longínquo período, mas é certo que não se conservaram até aos dias de hoje.
Em meados ou finais do século XVI, ocorre o abandono por parte dos últimos monges que deixam definitivamente o sítio do Mosteiro consagrado a São Cucufate, passando agora este espaço a acolher uma Capela dedicada a São Tiago Maior. A estatueta de São Cucufate fora deslocada para a Igreja Matriz de Vila de Frades, sendo que agora no cimo do altar estava uma estátua equestre de São Tiago. O culto seria assegurado pelos capelães sustentados pela Santa Casa da Misericórdia de Vila de Frades que abriam, com alguma regularidade, as portas do templo aos fiéis e peregrinos. Assim o foi até 1723, data do falecimento do derradeiro ermitão que culminará na desertificação e no amaldiçoado vandalismo que se fez sentir posteriormente naquele histórico local.
É neste período de pouco mais do que cem anos que assistimos ao auge artístico daquele lugar de culto. José de Escovar, um pintor provavelmente de origem espanhola mas residente em Évora, é o homem escolhido para colorir mais aquele espaço. É da sua autoria o retábulo fingido que ilustra São Tiago Maior e São Bartolomeu. Em cima, ainda se pode visualizar o fresco do Baptismo de Jesus Cristo por São João Baptista. Estas obras de arte terão sido realizadas por volta de 1600, isto é, na transição entre os séculos XVI e XVII.



Imagem nº 2 - O retábulo fingido que retrata, na parte inferior, São Tiago Maior e São Bartolomeu (?). Na parte superior, é ilustrado o baptismo de Jesus Cristo. A oficina eborense de José de Escovar foi responsável por esta intervenção do Período Moderno.
Foto da minha autoria



Na segunda metade do século XVII, procede-se ao revestimento do corpo da nave e da cobertura abobadada da Capela/Ermida de São Tiago. É neste preciso momento que se pintam os anjos, os símbolos solares, os santos do hagiólogo, cobrindo assim grande parte daquela ornamental capela!
No início do século XVIII, realizou-se ainda algumas pinturas na zona do templo constituída pelo espaço entre a entrada e os primeiros arcos, nas paredes e na cobertura.




Imagem nº 3 - Anjos músicos, símbolos solares e ainda o escudo da Ordem de Santiago.
Foto da minha autoria



Imagem nº 4 - Maior zoom sobre o tecto/cobertura.
Foto da minha autoria




Imagem nº 5 - Vulto talvez dum santo ainda não identificável.
Foto da minha autoria



Imagem nº 6 - São Diogo.
Foto da minha autoria



Imagem nº 7 - São Francisco de Assis e São Bento.
Foto da minha autoria



Imagem nº 8 - Anjos tocando instrumentos musicais, e símbolos solares.
Foto da minha autoria



Imagem nº 9 - Outra perspectiva, em que se destacam ainda as barras ornamentais.
Foto da minha autoria



Imagem nº 10 - Santo António com o Menino Jesus e um crucifixo.
Foto da minha autoria



Imagem nº 11 - A parte superior do retábulo e a cobertura.
Foto da minha autoria



Imagem nº 12 - Vista exterior a partir da entrada do templo, repleto de frescos que causam euforia nos seus visitantes.
Foto da minha autoria


Referências Consultadas: 

  • MOURA, Abel; CABRITA, Teresa; SERRÃO, Vitor - As Pinturas Murais do Santuário de São Cucufate. Coimbra: Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras de Coimbra, 1989.
  • ALARCÃO, Jorge - Roteiros da Arqueologia Portuguesa - São Cucufate. IPPAR, 1998.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Convento de Nossa Senhora das Relíquias - Quinta do Carmo

Um dos edifícios mais simbólicos da Vidigueira é, sem dúvida, o Convento de Nossa Senhora das Relíquias pertencente à ordem carmelita.
As suas origens remontam aos finais do século XV, talvez por volta do ano de 1496. A tradição popular menciona que o aparecimento da Virgem a uma humilde pastora (nos anos de 1480-1481, mais concretamente no lugar da Várzea) terá desencadeado a criação de todo este novo culto.
Evidentemente, o cenóbio recém-instalado gozou imediatamente de protecção especial por parte dos Gamas, condes da Vidigueira, que acabaram por ser sepultados nesse lugar religioso (por exemplo: os restos mortais de Vasco da Gama que sempre mostrou afeição por este convento estiveram aí repousados entre 1539 e 1898, data da sua trasladação para o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa). 
A igreja conventual foi reconstruída em 1593, por iniciativa de D. Miguel da Gama, que nunca chegou a ser conde da Vidigueira visto que era apenas o segundo filho do 2º Conde da Vidigueira (D. Francisco da Gama). Este edifício serviu de panteão para os descendentes do almirante, condes da Vidigueira e marqueses de Nisa.
Com o decreto da extinção das ordens religiosas em 1834, o convento cairia, tal como muitos outros, num cenário de abandono o que culminaria com a sua venda em hasta pública. Nos finais do século XIX, o visconde da Ribeira Brava, que viria a ser responsável por todo aquele património, traçou uma remodelação do edifício original. O antigo cenóbio passaria agora a ser o palacete duma família nobre. As obras destes viscondes prolongaram-se pelo século XX. Até a própria Igreja viria a ser destituída do seu carácter primitivo, funcionando aí um celeiro, isto é, nada mais do que um armazém de utensílios de lavoura e adega.
Em termos de descrição estrutural, começamos por observar uma cerca conventual, detentora dum portal armoriado e ladeado por pequenas torres octogonais. Em frente da Igreja, ergue-se um cruzeiro pétreo do século XVII.
O templo em si revela-nos uma construção fortificada com a presença de varandas, empenas e torres. Sobre a portal principal, visualizamos ainda uma figura tardo-setecentista desenhada em mármore com inscrição alusiva a D. Vasco da Gama .
O interior, profanado e modificado, é composto por uma única nave. Para além do coro, o tecto incorpora pinturas dos medalhões que ostentam cruzes da Ordem de Cristo e escudos de Portugal. No altar principal, pode ser observado ainda um quadro da autoria de Simão Rodrigues que retrata a Ascensão da Virgem. Mas é certo que, noutros tempos, o templo conteve outros painéis (talvez datados dos séculos XVI-XVII) que acabaram por se dispersar por inúmeras áreas de residência.
Na capela dedicada ao Santíssimo Sacramento, anteriormente consagrada a Nossa Senhora da Conceição, pode ser observado um fresco dos inícios do século XX que representa a Última Ceia. Nesse lugar, temos ainda o monumento fúnebre dedicado ao padre André Coutinho, uma personalidade do tempo de D. Miguel da Gama que terá professado no Oriente antes de se estabelecer no convento, onde fundaria na nova igreja a sua capela tumular.


Imagem nº 1 - A Quinta do Carmo e o lendário Convento de Nossa Senhora das Relíquias.




Imagem nº 2 -  Perspectiva mais aproximada sobre este agradável templo.



Poema sobre a Quinta do Carmo
(Autor: Mensageiro da Vidigueira)


Ah! Na Vidigueira, existe um lugar emblemático,
É o Convento de Nossa das Relíquias,
Inserido num ambiente estático,
Mas no qual a conjunção de cores ilustra nobres fasquias!


Dom Vasco da Gama venerava este Convento lendário,
Onde antes a Virgem aparecera a uma pastora
Que levava uma vida batalhadora,
Motivando a criação dum culto primário.


Dom Miguel da Gama esmerou-se pela sua conservação,
Era o lugar mais cativante da vila,
Decerto que os peregrinos, noutros tempos, faziam fila
Para orar pela sua eterna salvação.


Que Convento imponente e fortificante!
Acolhedor de obras de arte
E dos túmulos de quem, na história universal, tomou parte,
Naquele período intenso e desgastante!



Imagem nº 3 - Postal antigo sobre a Cerca Conventual.


Outra curiosidade: De acordo com a tradição popular, as freiras deixaram-nos imensas doçarias (nomeadamente a gila e o mel) que foram transmitidas de geração para geração, o que revela a sua vocação para a arte da gastronomia.


Referências Consultadas:


Nota: Agradecemos ao Sr. Rosa Mendes o manancial de informação que nos cedeu generosamente para a elaboração deste e doutros estudos.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Alguns azulejos da Vidigueira e Vila de Frades

A Vila da Vidigueira apresenta aos seus inúmeros visitantes diversos azulejos que retratam os espaços mais simbólicos do Município. Por exemplo, junto às Piscinas Municipais temos, em frente á rotunda mais próxima, um pequeno muro que se reveste de azulejos criados pelos artistas especialistas.
As fotografias que se seguem são da nossa autoria.



Imagem nº 1 - Um mosaico de difícil interpretação. Contudo, a torre do relógio parece estar simbolizada bem como a tradição da vinha.



Imagem nº 2 - As antas de Corte Serrão - Marmelar.



Imagem nº 3 - Igreja de Marmelar.



Imagem nº 4 - A Praça da República com os Paços do Concelho e a Igreja da Misericórdia da Vidigueira.



Imagem nº 5 - A célebre Cascata da Vidigueira.



Imagem nº 6 - As ruínas romanas de São Cucufate - Vila de Frades.



Imagem nº 7 - A ponte "romana" de Selmes.


Imagem nº 8 - A Igreja de São Francisco na Vidigueira.



Imagem nº 9 - Uma placa toponímica em estilo que parece remontar a 1938, de acordo com a inscrição.


De seguida, apresentamos outros dois exemplares de azulejos, desta feita, sitos no Mercado Semanal de Vila de Frades.



Imagem nº 10 - A mansão senhorial de São Cucufate.



Imagem nº 11 - A ermida de Santo António dos Açores.


Haverá seguramente mais azulejos por fotografar, mas estes onze que aqui apresentei chegam para atestar o gosto destas gentes pelo seu património.
Sim, estes azulejos são mais do que boas obras de arte... Constituem pois o reflexo das vertentes identificativas, a nível histórico e cultural, do Concelho.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O Chafariz de Vila de Frades


Na verdejante Praça de 25 de Abril, existe mesmo no seu centro um pequeno chafariz. Dada a existência óbvia duma torneira e bebedouro, é presumível que o consumo de água por parte dos habitantes tivesse sido uma realidade evidente, dado que a rede de distribuição existente noutros tempos não deveria ser suficientemente eficaz.
Esta estrutura foi construída por iniciativa da Câmara Municipal da Vidigueira em 1900 (a inscrição ainda pode ser lida) e destaca-se, ao contrário do que muitos possam julgar, pelo seu carácter simbólico. O chafariz, enquanto centro da povoação, tornou-se num claro símbolo da sociedade liberal, até porque presumivelmente substituiu o velho pelourinho, símbolo tradicional do antigo regime.
No espaço em seu redor, imperam as laranjeiras, os bancos de madeira e um pavimento de calçada portuguesa que parece ter sofrido intervenções em 1984. 
Trata-se dum espaço pacato e acolhedor.

Referências: Túlio Espanca, Ricardo Pereira (IHRU)



Imagem nº 1 – O Chafariz de Vila de Frades, e atrás, os antigos Paços do Concelho já extinto em 1854.
Foto da minha autoria




Imagem nº 2 – Outra perspectiva sobre a mesma estrutura. 
Foto da minha autoria


Imagem nº 3 – A inscrição não deixa dúvidas quanto à data da sua construção e entidade promotora. 
Foto da minha autoria


Imagem nº 4 – A Verdejante Praça 25 de Abril e, ao longe, o chafariz! 
Foto da minha autoria



Imagem nº 5 – O Pavimento em seu redor terá sofrido reformulações em 1984.
Foto da minha autoria

domingo, 19 de janeiro de 2014

Apresentação do Livro - "Reforma Agrária - A Revolução no Alentejo"

No passado dia 11 de Janeiro, o Centro Multifacetado de Novas Tecnologias da Vidigueira recebeu a visita do ex-deputado do PCP, José Soeiro, que apresentou o seu novo livro - "Reforma Agrária - A Revolução no Alentejo". Participaram ainda neste acto solene o Prof. Dr. Luciano Caetano da Rosa e Manuel Narra, Presidente da Câmara Municipal da Vidigueira.
José Soeiro deixa-nos um livro de 15 capítulos, dos quais se destacam: "A formação dos sindicatos agrícolas e as primeiras convenções colectivas de trabalho de âmbito concelhio”, capítulo I; “A Declaração de Beja”, capítulo VI; “Conferências da Reforma Agrária, a razão da «Revolução no Alentejo»”, capítulo XIII e “Basta! Não foi para isto que se fez Abril! – É preciso! É urgente! Salvar Portugal! – Sim! Portugal precisa de uma Reforma Agrária”, capítulo XV.
Por isso, se apreciarem esta temática, não hesitem em efectuar leituras e este livro será seguramente interessante para que se abordem tais matérias.



Imagem nº 1 - José Soeiro apresentou o seu novo livro na Vidigueira.
Foto Direitos - Câmara Municipal da Vidigueira


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Diário de Vasco da Gama nos Registos da Memória do Mundo da UNESCO


"O diário da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia foi inscrito, esta quarta-feira, na lista dos Registos da Memória do Mundo da UNESCO. No total foram agora reconhecidos 54 documentos pelo comité, num total de 84 candidaturas. (...) Para além do recente reconhecimento do diário de Vasco da Gama, já outros três documentos portugueses já integravam o Registo Memória do Mundo: a carta de Pêro Vaz de Caminha ao rei de Portugal D. Manuel I sobre a chegada ao Brasil, o Tratado de Tordesilhas (em versão castelhana) e um conjunto de 83.212 registos, que datam de 1161 a 1699, comprovativos das relações entre europeus, sobretudo portugueses, e os povos africanos, asiáticos e latino-americanos. Cada um destes documentos faz parte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo". 


Apesar do testemunho ter sido presumivelmente redigido por Álvaro Velho, trata-se pois duma novidade que orgulha os Vidigueirenses que acolheram Vasco da Gama na recta final da sua vida (recorde-se que esta personalidade foi conde da Vidigueira entre 1519 e 1524, e é plausível que tenha chegado a habitar os paços do Castelo que aí existia).
Aceita-se perfeitamente esta decisão, com toda a justiça, dado que a descoberta do caminho marítimo para a Índia abriu horizontes novos para a Humanidade. 
A coragem e o conhecimento náutico reservaram a Vasco da Gama um lugar ímpar na História Universal.
O testemunho do cronista Álvaro Velho torna-se uma mais valia para compreendermos as circunstâncias que originaram este feito tremendo - alcançar a Índia das famosas especiarias!



Imagem nº 1 - O Diário da Primeira Viagem de Vasco da Gama à Índia foi reconhecido pela UNESCO.




Imagem nº 2 - Uma página do diário da Viagem de Vasco da Gama, cuja autoria é atribuída a Álvaro Velho.





Referências Consultadas:

Poema XII - A Hospitalidade Vilafradense


A Hospitalidade Vilafradense
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


Quando aqui cheguei,
Não encontrei especial erudição,
Mas sim uma admirável educação
Dos seus habitantes que sempre cumprimentei.


Esboçaram-me sempre sinceros sorrisos,
Trocamos preciosas impressões
Sobre inúmeras questões
Que clarificariam os mais indecisos.


Houve episódios de bom humor
Que deliciavam a nossa humilde existência,
Privilegiando a nobre consciência,
E tratando o próximo com primor.


Vila de Frades concentra sua beleza
Na Paisagem e nos seus habitantes
Que manejaram sempre com pureza
A simpatia e a harmonia como virtudes relevantes.




Imagem nº 1 - Os moradores de Vila de Frades destacam-se pela sua intimidade e adequado tratamento ao próximo. A sua simpatia e ideal sentido de hospitalidade caracterizam-nos igualmente no exterior.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Fundação Rotary visitou o concelho...

A Fundação Rotary portuguesa esteve presente em Vila de Frades e na Vidigueira, onde teve a oportunidade de conhecer os espaços mais simbólicos destas duas terras.
Devidamente acolhidos pelo Presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades, Luís Amado, os cerca de 20 visitantes tiveram a oportunidade de usufruir das visitas às adegas (onde degustaram o famoso vinho de talha), às ruínas romanas de São Cucufate (com direito a visita guiada) e ainda ao Museu Municipal da Vidigueira, vislumbrando aqui o espólio etnográfico do concelho.
Pelo meio, soubemos ainda que houve um almoço animado na Adega da Vitifrades, sendo que as ementas servidas foram do total agrado dos visitantes que ficaram ainda positivamente surpreendidos com a recepção amigável que lhes fora assegurada.
É necessário salientar que estas acções de divulgação só enriquecem o Concelho da Vidigueira.



Imagem nº 1 - A Fundação Rotary em visita às ruínas romanas de São Cucufate.
Foto da autoria de Luís Amado

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Quem foi João Xavier de Matos?

Actualmente, os seus restos mortais repousam na Igreja Matriz de Vila de Frades, terra onde faleceu no ano de 1789. Todavia, comecemos por falar um pouco sobre este erudito, cuja sabedoria afinal não poderá ser ignorada.
João Xavier de Matos terá nascido entre 1730 e 1735, numa povoação ribeirinha do Tejo. Estudaria Direito em Coimbra, mas não chegaria a terminar o curso. Rumou ao Porto, onde estará presente entre 1762 e 1770. Aí fará parte da Arcadia Portuense e apaixonou-se ainda por uma freira.
A sua vida não foi fácil, já que este poeta a soldo teve que passar por inúmeros trabalhos, doenças, exílios e pobreza. Foi inclusive detido por agredir um padre devido aos seus amores conventuais.
Conseguiu, mesmo assim, a protecção do Marquês de Nisa. Outro mecenas que o apoiou foi D. Manuel do Cenáculo. 
Do ponto de vista ideológico, Xavier de Matos, através do seu pseudónimo - Albano Eritreu, deixou-se influenciar pelo Iluminismo, embora se tenha inspirado igualmente no Neoclassicismo e no Romantismo
Conhecido ainda pela sua capacidade crítica, não deixa de apontar o dedo à nobreza de sangue e até à religião. Tratou ainda diversas temáticas - o amor infeliz, a perseguição da sorte inimiga, o horror fúnebre, a paz da vida rural, o sentimento de igualdade, os vícios e desenganos da Cidade...
Luís Vaz de Camões foi uma das suas principais referências que o terá inspirado.
A sua principal obra intitula-se Rimas, divididas em três tombos que foram publicados em Lisboa entre  os anos de 1770 e 1783. Tornou-se ainda famoso com a écloga Albano e Damiana (1758), cantada pelos cegos de Lisboa. 
A melancolia, o pessimismo e a tristeza estão patentes nos seus escritos.




Imagem nº 1 - A principal obra de João Xavier de Matos que faleceria em Vila de Frades no ano de 1789, após uma vida de privações.



Poema/Soneto sobre o Peso da Idade -
(João Xavier de Matos)


Já lá vão sete lustros, que este monte

Berço me foi: Já da vital jornada

Mais de meia carreira está passada;

E cedo iremos ver outro horizonte:



A mão já treme, já se enruga a fronte,

Já branqueja a cabeça, e com a pesada

Considração da vida mal gastada,

Vai-se apagando a luz, secando a fonte.



Pouco nos resta, que passar já agora;

E para as derradeiras agonias

De tantos anos, aproveite hum’hora.



Esperanças, temores, vãs porfias,

Paixões, desejos, ide-vos embora;

Favor, que me fareis por poucos dias.



Curiosidade: Existe uma rua com seu nome em Vila de Frades.


Referências Consultadas:


domingo, 12 de janeiro de 2014

Uma especialista em doçarias vive na Vidigueira

Vidigueira - Para a «Estrelinha» doces sem carinho não saem bons

Na cozinha pouco farta da mãe, na Vidigueira, deu os primeiros passos na doçaria. Na vila alentejana há 40 anos que adoça a boca dos que entram na pastelaria Estrela. Maria Luísa, a doceira proprietária, já é conhecida como a «estrelinha». Os anos dedicados aos bolos deixam-na revelar um segredo: os bolos também precisam de carinho para saírem bons.

Sara Pelicano | sábado, 13 de Novembro de 2010

A vila da Vidigueira traz à memória de muitos os vinhos e as laranjas. Mas em terras do Baixo Alentejo fala-se também de doces, maioritariamente conventuais. Foi a esta arte de juntar ingredientes saborosos que Maria Luísa se dedicou.

Maria Luísa começa, tímida, a contar que foi na cozinha da mãe que fez os primeiros bolos, apesar dos parcos recursos da família. «O meu pai era caiador, faleceu era eu muito nova. A minha mãe ficou sozinha e as patroas do meu pai davam muitas coisas. Assim de uma vez tirava um ovo, quando havia mais açúcar, tirava uma colherada. Ia assim até ter quantidade para fazer um pão-de-ló, por exemplo».

«Quando a minha mãe dava conta eu já tinha um bolo feito», conta já mais à vontade com a estranha que interpela numa feira de turismo náutico em Reguengos de Monsaraz. «Costumo vir a estas feiras. Acho que agora já sou conhecida um pouco por todo o Portugal», diz enquanto parte uma fatia de bolo de requeijão.

«Este é o meu preferido», confessa. Maria Luísa tem uma fábrica de produção e também uma pastelaria na vila alentejana onde dá a conhecer o saber feito pela experiência. O cabelo grisalho deixa perceber que a idade já vai avançada. Maria Luísa, de baixa estatura, mãos ágeis, coloca os bolos nas vitrinas de exposição.

«Já sou conhecida como a estrelinha», acrescenta.

O dia começa cedo. Pelas cinco horas da manhã, o marido de Maria Luísa acende os fornos. Na noite anterior, um dos bolos característicos da Vidigueira, os folhados e rodilhas ficaram a «fintar» e pela manhã cozem.

Na lide diária, Maria Luísa conta com a ajuda da filha, que lhe segue os passos na cozinha dos doces. A «Estrelinha» faz agora um apontamento sério: «sabe menina, não gosto de fazer albardas». «Albardas?», pergunto.

«Sim, bolos mal feitos. Sabe que os bolos precisam de carinho para saírem bem-feitos», conta Maria Luísa, deixando escapar um dos segredos da sua arte.

Aos folhados, juntam-se outros bolos doces tradicionais como o pão de rala, o bolo de gila e amêndoa, conhecido na vila como bolo das noivas por ser o escolhido para assinalar o casamento, o bolo de mel e o bolo rançoso.

As latas onde o bolo rançoso é cozido são untadas com banha. Antigamente, o porco era morto uma vez no ano, e os processos de conservação da banha eram menos refrigerados do que agora. Assim, quando se recorria à banha para untar as formas, esta já estava rançosa, passando um pouco para o bolo.

É assim que nasce o bolo rançoso. A amêndoa, a gila e os ovos são os ingredientes mais utilizados na doçaria tradicional alentejana



Notícia retirada na íntegra a partir de: http://www.cafeportugal.net/pages/sitios_artigo.aspx?id=2107, (artigo da autoria de Sara Pelicano - Café Portugal).

sábado, 11 de janeiro de 2014

Quatro Novas Sondagens

Como já é natural, deixamos mais duas questões relativas à História Local. Queremos pois saber quem ordenou a construção da Ermida de Santa Clara (Vidigueira), e conhecer a vossa interpretação sobre um dos frescos presentes na Capela de São Brás (Vila de Frades).
Para além disso, deixamos duas sondagens inerentes ao blog. Temos curiosidade em saber que idade atribuem ao autor deste blog, e claro, indicar que tipo de artigos apreciam mais.
Por fim, só me resta apelar à vossa participação, e desejar-vos um óptimo fim de semana!




Imagem nº 1 - A Capela de São Brás em Vila de Frades.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Poema XI - Vidigueira, aquela menina formosa


Vidigueira, aquela menina formosa
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


Vagueava pelos campos,
Quando encontrei uma menina singular,
Chamava-se Vidigueira, 
Que, dos seus olhares, irradiava luzes de pirilampos!


Muitos a ambicionavam desmedidamente,
Ela era uma conceituada dama,
Que encantara, no passado, qualquer Gama
Que a acarinhara incondicionalmente.


A Vidigueira gosta muito de beber
E trabalha arduamente para produzir bom vinho,
Este conhecido até à região da Minho,
Onde lhe dão graças de tão singela senhora conhecer.


Cuida carinhosamente dos pomares,
E ainda zela pelos seus fornos,
Adquire ainda os seus belos adornos,
E apresenta os seus inesquecíveis colares.


Amiga Fiel dos seus visitantes,
Ela reivindica indubitavelmente
Os momentos mais emocionantes
Que assistimos afavelmente.


Ela acolhe-nos de braços estendidos,
Ora sejamos mais perspicazes
Ou mais incompreendidos,
Postulando uma sabedoria e actividade eficazes.


Os seus olhos são verdinhos,
Influência milagrosa da sua cúmplice Paisagem
Da qual conhece todos os cantinhos
E onde todos lhe querem prestar vassalagem.


Altiva, e de cabelos alourados,
Assim determinou o Sol agora seguidor
Da sua fisionomia e olhares incrivelmente traçados
Desta sua filha amada que repudia toda a dor.


Ai! Ai! Que eu estou apaixonado!
Pela jovem Vidigueira,
Que declama poesia verdadeira
E me deixa totalmente inspirado!


Peço-a em casamento?
Enveredo apenas por uma união de facto?
Mas ela recorda-me que agora tem um pacto
De não deixar qualquer habitante ciumento!


O Meu Coração ficou eternamente despedaçado!
Ela declinou a minha proposta,
Eu que até me tinha ajoelhado,
E que levara com uma negativa resposta!




Imagem nº 1 - A Vidigueira personificada.

O Convento de Nossa Senhora da Assunção

Confesso perante os meus caros leitores que agora vou abordar uma temática que até então não foi devidamente analisada pelos eruditos. A escassez de fontes para períodos tão recuados não nos permite traçar com segurança a evolução deste convento. Mesmo assim, vamos tentar reconstituir um pouco da sua história.
Em 1545, D. Francisco da Gama (2º Conde da Vidigueira) e a sua mulher D. Guiomar de Vilhena fundam o Convento de Nossa Senhora da Assunção de Vila de Frades, talvez no lugar que terá acolhido noutros tempos a Ermida de São Bento (já desaparecida).
De acordo com António Xavier (SIPA), os frades terão abandonado o templo, restando apenas a capela-mor que seria novamente dedicada a São Bento. Entre 1701 e 1716, um novo convento parece ter sido construído, ou o anterior fora reabilitado. 
Em 1834, ou ainda poucos anos antes (já li estas duas versões), o Convento acabou por se extinguir. Há alguma controvérsia quanto ao motivo do seu desaparecimento. Se o mesmo se deu em 1834, é evidentemente tentador relacionar o seu fim com o decreto da extinção das ordens religiosas desse ano. Contudo, se o seu término decorreu antes desta data, já é mais difícil encontrar as causas do sucedido. Estaria o Convento a ficar sem monges? Terão estes considerado o lugar pouco atractivo para a sua presença? 
Certo é que estes frades capuchos, integrantes da Província da Piedade, deixaram igualmente o seu legado na história de Vila de Frades.
A título de curiosidade, Fialho de Almeida dedica algumas frases sobre este templo já extinto na sua obra - O País das Uvas. Por seu turno, a tradição oral aponta que a designação de farrapeiros, atribuída maliciosamente pelos vidigueirenses aos vilafradenses, poderá radicar nas vestimentas humildes e pouco modernas que seriam utilizadas por estes frades capuchos que, de vez em quando, percorriam a antiga vila.
Actualmente, e da sua presença, só nos resta a antiga Cerca do Mosteiro, as ruínas de um antigo portal e uma pequena ponte sobre um ribeiro actualmente seco. É ainda presumível que esteja ocultado um poço antigo entre o ameaçador silvado. 
O interior da cerca foi aproveitado recentemente para exploração agrícola. A estrutura situa-se próxima da Rua dos Capuchos, num lugar muito solitário e tranquilo, rodeado por vinhas e olivais.



Imagem nº 1 - A ponte dos Frades Capuchos - Franciscanos em Vila de Frades.
Fotografia cedida gentilmente por Manuel de Carvalho


Nota: De acordo com estimativas, o Convento deveria albergar, em média, 13 ou 14 monges. O mesmo terá sido ainda patrocinado carinhosamente pelos Gamas, Condes da Vidigueira e futuros Marqueses de Nisa.


Referências Consultadas:

Cine-Teatro Lusitano da Vidigueira

Cine LusitanoA sua existência remonta ao ano de 1943.  Recentemente, no ano de 2000 foi alvo de obras de beneficiação. Tem capacidade para albergar 210 espectadores. A sala, de consideráveis dimensões, encontra-se actualmente em bom estado de conservação.
Desde a sua existência, são transmitidos filmes, peças musicais e teatrais, fornecendo assim aos seus visitantes o acesso a um dos maiores bens que podemos obter - o poder do conhecimento.
Este estabelecimento situa-se na Rua de Santa Clara, nas proximidades da Rua de Portel e do Largo da Cascata.
Cada município que se preze, deve ter um centro dinamizador da cultura, e por isso, dentro deste contexto, o Cine-Teatro da Vidigueira não foge a esta regra básica.
Deve pois ser estimado devidamente, para que perdure por bastante tempo.
                


Referências Consultadas:

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Poema X - O Cante dos Reis da Vidigueira


O Cante dos Reis da Vidigueira
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


Que noite fria,
Eu desconfortavelmente sentia,
Agasalhei-me, passei pela centenária Cascata,
E, na Praça do Município, encontrei uma fogueira calorosa
Que quebrou a minha malapata.


Aí se concentravam duas ou três centenas de curiosos,
Muitos conviviam e trocavam afectos,
Mas eu guardava bem os meus ares discretos,
Embora registasse os pormenores mais minuciosos.


Os grupos cantavam alentejanamente
A populaça batia efusivas palmas,
E vivia o acontecimento lentamente
Encantador daquelas almas!


Até as jovens raparigas
Me piscavam o olho,
Mas o fumo tapava-me de tal forma as vistas,
Que mais parecia um mirolho.


Naquela noite, ainda veio o bolo-rei,
Decerto tão delicioso que era,
Mas que não pude provar 
Porque era longa a espera!


Ensonado, abandonei o lugar,
Consciente da iniciativa animadora
E porventura essencialmente promotora
Desta tradição secular.



Imagem nº 1 - A fogueira que nos aquecia com ternura.



Imagem nº 2 - A actuação dos grupos alentejanos.

Poema IX - Tributo ao Dr. José Luís Conceição Silva


Tributo ao Dr. José Luís Conceição Silva
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


Homem querido da terra vilafradense,
Dinamizador da cultura,
Difusor da música e do teatro,
Transmitia os seus benéficos ensinamentos 
A um povo que vivia da agricultura.


Deixou-nos uma descrição narrativa
Sobre a sua preferida localidade alentejana,
Que o acolhera por bastante tempo,
E na qual serviu de exemplo.


Amante confesso da liberdade,
Enfrentou o Regime Ditatorial,
Que nas gentes, causava todo o mal
E desrespeitava inclusive a privacidade.


Sentindo-se perseguido,
Emigrou para o Brasil,
Onde foi professor Universitário distinguido,
Com uma humanidade multiplicada por mil!


Faleceria muito recentemente,
Após 94 anos de intensa actividade,
Mas fora homenageado ainda em vida
Pela aldeia que o recebeu com eterna amizade.



Imagem nº 1 - O Dr. José Luís Conceição Silva rodeado dos seus quatro filhos.