quarta-feira, 30 de abril de 2014

O Município de Vila de Frades e os anos moribundos de 1850-1853


Debrucei-me sobre dois livros de actas que integram o conteúdo das sessões decorridas neste período derradeiro da existência da municipalidade em Vila de Frades. Creio que terei consultado cerca de 100 actas, embora não as tenha contabilizado rigorosamente.
O panorama que se pode extrair desta investigação para os anos supracitados, é que a Câmara Municipal de Vila de Frades, de pendor rural e modesto, encontrava-se asfixiada pelas suas obrigações de cariz social. A sua capacidade económica estava longe de atingir níveis elevados. O Concelho, nestes tempos moribundos, parecia ser apenas uma sombra daquilo que fora no passado (por exemplo, entre 1696 e 1707, o Município teve meios para patrocinar a construção da imponente Igreja Matriz), e agora reduzia-se a cumprir determinações gerais, muitas delas provenientes do Governador Civil.
O cenário crítico chegou ao ponto do Juiz Ordinário deste Julgado, Francisco Felis Branco, lamentar o desarranjo e a indecência da Casa Municipal para a realização de actos públicos camarários e judicais. Solicitou-se mesmo a aquisição de novas cadeiras. 
O Concelho era ainda obrigado a investir verbas significativas na protecção dos expostos (as amas destes recebiam mesmo um salário por cuidar destas crianças abandonadas). Só para termos uma ideia, o Município de Vila de Frades, que na altura albergava duas Juntas das Paróquias, a de São Cucufate e a de Vila Alva, terá investido 180:000 reis para o ano económico de 1849-1850, e 198:000 reis para o posterior ano de 1850-1851, dinheiro canalizado para o pagamento dos ordenados às amas dos expostos. 
Para além disto, a Câmara Municipal tinha de se certificar e até mesmo garantir a guarda das vinhas, encarregando-se da sua protecção.
Na acta de 4 de Maio de 1850, ficam patentes as dificuldades das Juntas de Paróquia e Câmara Municipal em solver as despesas previstas nos orçamentos. Recorrem às derramas, ou à recepção de cabeças de pardais (este tributo recaía especificamente no âmbito da caça) e a outro tipo de contribuições para angariar  (lançamento de décimas) os fundos minimamente necessários.
A Câmara tinha ainda de pagar materiais para promover empreitadas de construção ou manutenção, isto para além, dos salários devidos aos seus funcionários. Por exemplo, sabemos que um escrivão auferia um ordenado anual a rondar a quantia dos 50 mil reis.
As despesas da edilidade e dos seus paços do Concelho era uma realidade que ninguém ousava desmentir. 
Para além desta situação precária, o Município era obrigado a praticar determinado tipos de acções:


  • O tesoureiro era convocado regularmente para apresentar contas da sua gerência.
  • Apresentação e Aprovação de Projectos de Orçamento Municipal (receitas vs despesas).
  • Viabilização das Contas das duas Juntas de Paróquia.
  • Obrigar os proprietários a assegurar o "despulgamento" das suas vinhas.
  • Envio de mapas do vinho maduro consumido, e das demais colheitas, nomeadamente os cereais e legumes.
  • Proceder à aquisição de instrumentos agrários.
  • Evitar estragos causados pelos rebanhos de gado ovino, suíno e vacum, que invadiam as vinhas e cearas, derrubando criações de madeiras e canas, e outros objectos de grande interesse para os proprietários.
  • Anunciar os funcionários municipais e os seus rendimentos, e enviar mapas com as contribuições directas e indirectas lançadas pela Câmara Municipal.
  • Comunicar ao Governador Civil os dados sobre o recenseamento.
  • Fixar os preços do trigo, azeite e cevada.
  • Apresentar relação de mulheres.

Apesar deste cenário mais adverso e menos propício ao investimento comum, a verdade é que este Município promoveu ainda assim algumas obras de certo relevo, nomeadamente:


  1. Aquisição de novas cadeiras para o Edifício dos Paços do Concelho, a pedido do Juiz Ordinário do Julgado.
  2. Realização de alguns amanhos na Torre do Relógio da vila, com recurso a um oficial de Relojoeira. 
  3. Colocação duma porta no curral público de Vila Alva.
  4. Demolição do torreão, derradeiro vestígio da Ermida de São Sebastião, com a ingerência do Conselheiro e Juiz da Paz Justino Baião Matoso nesta questão.
  5. Compra de materiais para os concertos das fontes de Vila Alva.
  6. Contratação dum cirurgião que cuidaria dos enfermos do concelho.
  7. Intervenções nas calçadas da Rua de Lisboa.


Os autarcas eleitos de Vila de Frades tinham previamente de prestar juramento à Carta Constitucional e ao Rei Português, confiando as suas palavras perante os Santos Evangelhos.
Em relação aos oficiais camarários de Vila de Frades, encontramos os seguintes entre os anos de 1850 e 1853.




Nome do Oficial
Cargo Autárquico/ Público
Joaquim Ferreira Godinho
Presidente da Câmara
Manoel António de Mira
Vereador
José Cesário Franco
Vereador
Francisco António Duarte
Vereador
António Afonso d’Arce Cabo Coelho Perdigão
Vereador Fiscal
Jerónimo Marques
Juiz Ordinário, Carcereiro e Oficial de Diligências da Administração do Concelho
António Linhares
Oficial de Diligências da Administração do Concelho
Joaquim Romão Franco
Procurador do Concelho
Valentim Pereira de Almeida
Tesoureiro
José Franco Mascarenhas
Escrivão
Francisco Theodosio de Sequeira e Sá
Escrivão Adjunto
José Fialho Zorrio
Administrador do Concelho
Joaquim Pinto da Silva e Mello
Médico da vila
Luís Vieira
Pregoeiro
Justino Maximo Baião Matoso
Membro efectivo do Conselho Municipal e Juiz da Paz
José António Rodrigues
Membro efectivo do Conselho Municipal
Dimas José Pissarra
Membro efectivo do Conselho Municipal
Luís António Carvalho
Membro efectivo do Conselho Municipal
José Diogo Cumqueiro
Membro efectivo do Conselho Municipal
Francisco António da Silva e Lemos
Vogal substituto do Conselho Municipal
Basto Gama Pissarra
Vogal substituto do Conselho Municipal
Francisco Manoel
Vogal substituto do Conselho Municipal
António Rodrigues Taborda
Vogal substituto do Conselho Municipal
Sebastião Gomes
Vogal substituto do Conselho Municipal


Tabela nº 1 - Oficiais Municipais de Vila de Frades para o biénio de 1850-1851.




Nome do Oficial
Cargo Autárquico/ Público
José Joaquim de Carvalho
Presidente da Câmara
José Linhares
Vereador
Manoel António Ferro
Vereador
Sebastião José de Almeida
Vereador
António Rodrigues Taborda
Vereador
Valentim Pereira de Almeida
Tesoureiro
José Franco Mascarenhas
Escrivão
Francisco Theodosio da Sequeira e Sá
Escrivão Adjunto
José Martins Leitão
Membro efectivo do Conselho Municipal
Dimas José Pissarra
Membro efectivo do Conselho Municipal
José António Rodrigues
Membro efectivo do Conselho Municipal
José Diogo Cumqueiro
Membro efectivo do Conselho Municipal
Luís António de Carvalho
Membro efectivo do Conselho Municipal
Joaquim Carapeto
Vogal suplente do Conselho Municipal
Francisco António da Silva e Lemos
Vogal suplente do Conselho Municipal
Manoel das Dores Bexiga
Vogal suplente do Conselho Municipal
João Fialho dos Santos
Vogal suplente do Conselho Municipal
Sebastião Gomes
Vogal suplente do Conselho Municipal
José Fialho Zorrio
Administrador do Concelho
Justino Maximo Baião Mattoso
Conselheiro Municipal e Juiz de Paz
Justino Augusto de Lemos Marques
Cirurgião (a partir de 1853)


Tabela nº 2 - Os Membros Camarários de Vila de Frades para o biénio de 1852-1853.


Nota: O Concelho de Vila de Frades seria extinto em 1854.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Superamos as 8 mil visitas...

É mais um marco atingido neste blog, por alguém que infelizmente poderá estar de saída, visto que a lenda do Mensageiro termina num prazo de um ano, mais concretamente em finais deste mês de Junho. Evidentemente que gostaria de continuar, mas somente poderia permanecer se acedesse a um contrato efectivo, o que duvido que aconteça, embora tenha criado inúmeras amizades neste cantinho alentejano. E depois, serei mais um desempregado, ou melhor, um génio incompreendido, a registar nas estatísticas nefastas do país, talvez com a sombra da emigração a pairar sob o meu destino.
O que é certo é que prometeremos a publicar novos textos sobre Vidigueira e Vila de Frades, no decurso dos próximos tempos, pois estas terras e as suas comunidades merecem que a sua história e tradições sejam honradas e divulgadas.
Viva as vilas dos Gamas, dos vinhos, das esbeltas mulheraças, das laranjas e do bom pão!
E viva esse ser misterioso, o enigmático e lendário Mensageiro!







Nota: Na Página Oficial do Facebook, estamos a um passo dos 300 seguidores. Tudo isto não seria possível sem dedicação e trabalho árduos. Para além do mérito nosso, há-que reconhecer a dedicação dos nossos leitores, cuja confiança agradecemos inteiramente! Muito obrigado por tudo!

O Grupo Coral dos Vindimadores da Vidigueira



Vídeo de actuação dos Vindimadores da Vidigueira
Retirado do Youtube


Esta colectividade cultural é liderada pelo Padre Manuel Trindade Reis e tem elevado bem alto o nome da Vidigueira que circula assim triunfantemente nas regiões vizinhas.
Como podem reparar, tratam-se de seniores que cantam com empenho e devoção as tradições da sua terra, procurando assegurar a consonância de voz nas cantigas entoadas. Todos eles encontram-se ainda com as vestimentas típicas que os distinguem dos demais! 
Os cantes alentejanos encontram assim eco na Vila da Vidigueira e constituem um marco característico de toda esta região.
É pois uma arte!

Mais um poema, este sobre a Beleza Feminina

Beleza feminina
(Poema da minha autoria)


Mulher airosa
Fruto da Primavera Florescente
Colorida como uma rosa
Tornas a minha alma incandescente!

O teu cabelo escuro ondulado,
Esses olhos verdes penetrantes,
Sem esquecer os dois bustos circundantes
Que endeusam o teu corpo desejado!

Quanto te avisto com sortilégio,
Beijo o pavimento que pisas, 
Agradeço semelhante privilégio
Seguindo o esteticismo que profetizas!

A tua postura irredutível
Destrói milhões de corações
E gera intermináveis perdições,
Porque és simplesmente imperdível.

Esta obsessão de tanto acariciar
Os teus atributos reconfortantes
Irradiadores de luzes triunfantes
Que o homem jamais poderá depreciar!

Integras a mais atractiva paisagem,
Dotando o Mundo da tua singularidade,
Propagando a infinita felicidade
Em mim mesmo que te presta vassalagem!



A Beleza Feminina

Imagem meramente exemplificativa retirada de: http://tosqueira.album.uol.com.br/a-beleza-feminina/10037020

Quando Vila de Frades chegou a ter o próprio cirurgião...

Nas actas do ano de 1853, abordava-se a questão da vila ter o seu próprio cirurgião, sendo que o nome mais falado era o de Justino Augusto de Lemos Marques, que iria auferir um ordenado anual de 50 mil réis (depois aumentado para 72 mil réis). Não teria residência fixa na vila, e tinha o dever de cuidar de qualquer cidadão enfermo.
O "partido" da cirurgia era visto como uma arte nos manuscritos cuidadosamente analisados, ficando subjacente a importância do auxílio médico neste concelho que acabaria por ser, muito em breve, extinto. 
O oficial seria contratado pela Câmara para assegurar tais tarefas, depois de verificados os requisitos do candidato.




Imagem meramente exemplificativa, embora os cirurgiões do séc. XIX não utilizassem ainda as vestes e os cuidados que hoje são adoptados.



Como desapareceu o último vestígio da Ermida de São Sebastião...

As actas camarárias de Vila de Frades cedem-nos uma resposta intrigante para o ano de 1853. 
De acordo com a acta do dia 11 de Junho do ano mencionado, a Ermida de São Sebastião encontrava-se apenas reduzida a um torreão, de proporções suficientes, para ser considerado, nesse documento, como uma ameaça à segurança pública.
Na altura, o Presidente da Câmara (e último da história do Município Vilafradense) era José Joaquim de Carvalho, contando ainda com a colaboração dos vereadores Manoel António Ferro, José Linhares, Sebastião José de Almeida e António Rodrigues Taborda. O administrador do Concelho era José Fialho Zorrio (este último nome merece ainda as minhas dúvidas até porque a letra não é fácil de decifrar paleograficamente e o nome aparenta não ser muito comum). Para além destes, existiam ainda os escrivães municipais, entre outros oficiais.
Haveria pois um problema por resolver, e que justificava algum alarme nos habitantes de Vila de Frades, concelho que na altura ainda albergava Vila Alva.
Entretanto, eis que Justino Maximo Baião Matoso, o célebre conselheiro e (futuramente) par do reino, decide mexer os cordelinhos, e compromete-se a demolir o torreão, exigindo em troca a utilização da respectiva pedra extraída para uma obra que estava a promover nas proximidades da Ermida citada, isto é, a nascente da vila. O seu pedido à entidade municipal foi aprovada  em conformidade com os regimes administrativos da altura.
Derrubava-se assim o último testemunho desta ermida enigmática (cuja história é quase impossível de traçar) que já só estaria reduzida a esse torreão ermo. Para além de tudo isto, fica igualmente patente a influência de Justino Maximo Baião Matoso naquela região, exibindo as suas qualidades de bom regateador. 

Poema nº XXI - Uma Padeira da Vidigueira

Uma Padeira da Vidigueira
(Poema da autoria do Mensageiro da Vidigueira)


Percorria eu uma calçada,
Com o coração por alugar,
Mas ninguém, com a crise, o queria comprar
Talvez pela minha postura reservada!


Mas contemplei numa pastelaria
Um hino à célebre Afrodite, a Deusa da Beleza,
Com olhos castanhos que me recordavam na doçaria
Os irresistíveis e saborosos bombons de chocolate!


Aquele corpo galante e divinal
Tinha a forma perfeita dum bolo irrecusável,
Esta sim é a combinação ideal,
Juntando o útil ao agradável!


Da próxima vez, não sei o que lhe pedir!
Se mais um doce, ou uma permissão para jantar,
Porque está escrito que alguém, nesta vida, terá de me aturar
Senão, a minha nobilitante inspiração vai regredir!


Ofereço-lhe uns girassóis?
Agora as mulheres não ligam nada às flores!
Escrevo-lhe uma carta expressando os meus amores?
Não, ela vai encarar minhas palavras como amargos rissóis!


Ajoelho-me perante ela e declamo-lhe um poema?
Ficará ela corada e embaraçada,
E nunca mais quererá assistir a semelhante dilema!
Pago-lhe uma apetecível laranjada?
Ou atira-me ela as laranjas à minha cara já defeituosa?


Ai ai ai! Isto é pior do que as contas do Coelho,
E das demagogias do Seguro,
A minha indecisão constitui um enormíssimo muro
Sempre que me vejo diariamente ao espelho!


Eu quero o pão carnal daquela padeira
Jovem, alta e com porte admirável,
Vou tentar encomendar o seu produto para a ceia
Esperando que o meu sorriso constitua factor irrecusável.




Imagem nº  1- Foto meramente exemplificativa retirada de:

sábado, 26 de abril de 2014

Vila de Frades, uma terra com orgulho no seu 25 de Abril



"Não se preocupem com o local onde sepultar o meu corpo. Preocupem-se é com aqueles que querem sepultar o que ajudei a construir" (Capitão Salgueiro Maia, 1944-1992)



Foi sob este lema que se abriu a cerimónia de condecoração dos 54 autarcas que serviram a freguesia de Vila de Frades desde a revolução do 25 de Abril de 1974, embora 17 dos homenageados já tivessem falecido. Antes desta data, os representantes políticos da vila eram indigitados por instâncias superiores, mas a partir daquele dia, o poder foi entregue ao povo que teve a liberdade de escolher os seus próprios líderes políticos.
Na plateia, estiveram presentes cerca de 100 pessoas. Aliás, os 74 lugares do auditório da Junta de Freguesia estavam totalmente ocupados, e ainda havia gentes de pé. Muitos dos presentes porteavam o seu cravo vermelho nas vestes, mostrando orgulho pela liberdade democrática.
Inicialmente, passou-se um vídeo em que se conjugavam fotografias antigas e recentes sobre Vila de Frades. A música de fundo, com cantigas do inevitável Zeca Afonso, e outras melodias míticas, foi excelentemente seleccionada. Neste momento, constatei que algumas pessoas, de idade mais avançada, choravam com estas recordações visuais. Nas imagens que rodavam ao som destas músicas de fundo, apareciam célebres pessoas que ora já cá não estão entre nós, ora não possuem a vitalidade desses tempos mais recuados. A emoção foi muito forte nesses momentos, pois desenterrou momentos felizes das décadas de 70, 80, 90, até aos dias de hoje.
Após a apresentação deste vídeo criteriosamente orquestrado, seguiu-se uma mini-conferência com a presença de Luís Amado, Presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades, Manuel Luís Narra, Presidente da Câmara Municipal da Vidigueira, e Ivone Roque, Presidente da Assembleia de Freguesia de Vila de Frades.
Luís Amado recordou as obras dos presidentes e demais autarcas que defenderam os interesses da terra nos últimos 40 anos (os presidentes foram: Luís Carapeto, Luís Rosa Mendes, Inácio Lucas, Vítor Eira e Luís Amado), citando as seguintes obras que beneficiaram as condições de vida dos vilafradenses:


  1. Melhoramentos de ruas e da rede eléctrica.
  2. Instalação da Sede de Freguesia num novo edifício que substituiria o antigo prédio Leopoldo Mira.
  3. Reabilitação do Mercado Público.
  4. Construção do Pavilhão de Festas que receberia o nome de Luís Rosa Mendes, ex-presidente da Junta de Freguesia.
  5. Criação do Posto Médico, numa área que parcialmente corresponderia à Casa do Conselheiro.
  6. Construção da Casa Mortuária junto à Igreja da Misericórdia.
  7. Recuperação do material da Sociedade Recreativa União Vilafradense.
  8. Construção do Centro Interpretativo das Ruínas Romanas de São Cucufate.
  9. Modernização do Parque Infantil.
  10. Alargamento do cemitério público da vila.
  11. Obras de reparação na Torre do Relógio e na Ermida de Santo António dos Açores.
  12. Apoios na melhoria habitacional.
  13. Comparticipação de medicamentos.
  14. Oferta de Manuais Escolares.
  15. Promoção de Marchas Populares.
  16. Aproveitamento turístico do espaço.
  17. Criação dum Site sobre a Freguesia.
  18. Reabertura da villa romana de São Cucufate e da Casa do Arco ao público.
  19. Luta contra a extinção da freguesia, enfrentando mesmo os poderes decisórios da Assembleia da República.
  20. Inauguração prevista para breve do novo Centro de Leitura dedicado a Fialho de Almeida, e que albergará obras deste conceituado escritor português.

Depois de elencada esta obra dos autarcas da vila, Luís Amado recordou que o Poder Local muitas vezes substituiu o Poder Central, procurando corresponder, de perto, às grandes necessidades da comunidade.
Seguiu-se posteriormente a intervenção de Manuel Luís Narra que lamentou o número elevado de desempregados e o aumento da pobreza, para além dos cortes nos apoios sociais. Mas recordou que o 25 de Abril foi feito para defender os interesses do povo, e que este deve ser ouvido porque está a passar um mau bocado.
Posteriormente, procedeu-se à entrega das condecorações que assentavam na distribuição dum diploma e duma imagem feita de barro. Houve quem esboçasse sorrisos, outros comoveram-se, mas a gratidão da plateia aos condecorados foi imensa, salvaguardando-se muitas salvas de palmas!





Imagem nº 1 - Salgueiro Maia foi recordado na cerimónia.
Foto da minha autoria



Imagem nº 2 - Diogo Conqueiro procedeu à apresentação dos momentos marcantes.
 Foto da minha autoria



Imagem nº 3 - Luís Amado, Presidente da JF de Vila de Frades, discursa perante olhar atento de Manuel Luís Narra, Presidente da CM da Vidigueira.
Foto da minha autoria


Logo de seguida a esta cerimónia que tinha principiado pouco depois das 15:30, decorreu a mostra de doçarias por volta das 17 horas. Todos os presentes abandonaram o auditório da Junta, e dirigiram-se à antiga adega do Parreira que se localizava mesmo à frente daquele edifício. As talhas foram colocadas lá fora, e no interior do edifício montaram-se várias mesas, sendo de ressalvar o envolvimento de 50 doçeiras que criaram e cederam inúmeros bolos (confesso que devorei algumas fatias de chocolate e morango!), isto para além, das bebidas (vinho, sumos e água) e dos bolinhos de bacalhau, rissóis... 
Havia ainda um músico que cantava e tocava guitarra no topo interior do edifício, propiciando a ocorrência de bailaricos.
Podemos seguramente mencionar que o número de visitantes na mostra da doçaria duplicou (pode até ter superado as 200!), já que as entradas eram gratuitas. A variedade de doces e bebidas fez com que muitos vilafradenses e outros curiosos/lambareiros andassem às voltas para satisfazer o seu estômago e paladar.
É elogioso ressalvar os preparativos efectuados pela Junta de Freguesia de Vila de Frades que soube acolher toda esta moldura humana, promovendo da melhor forma esta data simbólica.
Mais de 750 anos da instituição da Paróquia de Vila de Frades, mais de 500 anos depois da promulgação do segundo foral (manuelino) e 40 anos de pós-25 de Abril, a Freguesia continua a demonstrar que está devidamente revitalizada e de boa saúde!



Imagem nº 4 - A afluência praticamente duplicou junto à antiga adega dos Parreiras, mostrando que os doces disponibilizados gratuitamente falaram mais alto.
Foto da minha autoria




Imagem nº 5 - As mesas estavam recheadas de doces que encantaram os visitantes.
Foto da minha autoria



Nota extra - Houve igualmente um cerimónia solene na Vidigueira, mais concretamente no Centro Multifacetado das Novas Tecnologias. Ocorreu ainda fogo de artifício nos primeiros minutos do dia 25 de Abril, isto é, já de noite. Decorreram ainda caminhadas no concelho.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Arquivo Municipal da Vidigueira digitalizará documentos históricos

De acordo com a derradeira edição do boletim "Notícias da Vidigueira", um novo site arquivístico será criado, o qual albergará documentos, descrições e fotografias antigas. A digitalização de toda esta informação histórica facilitará o acesso a todos os interessados, já que poderão consultar tudo isto a partir dum computador que tenham em casa. 
Em simultâneo, este é outro meio utilizado para assegurar a conservação documental, já que alguns manuscritos poderão encontrar-se numa situação degradante dada a sua extrema antiguidade.
Os primeiros dois fundos a serem publicados são respectivos à Câmara Municipal da Vidigueira e às Memórias a Preto e Branco desta terra (isto é, fotos antigas).
O lançamento deste novo site do Arquivo Municipal da Vidigueira estará previsto para 30 de Maio. 
Diga-se que tal será até uma mais-valia para nós, visto que teremos todo o gosto em partilhar com os nossos leitores imagens do passado desta ilustre vila dos Gamas!





Imagem nº 1 - O Arquivo Municipal da Vidigueira decidiu acompanhar o caminho da modernização tecnológica.

Ruínas Romanas de São Cucufate em manutenção

Já começaram os trabalhos de limpeza e de devastação da vegetação expansiva que ameaçava o aspecto físico do sítio arqueológico. Sapadores florestais e funcionários da Junta de Freguesia de Vila de Frades colocaram mãos à obra, numa altura (Primavera) em que é previsível o aumento do número de visitantes. Só hoje, esteve presente uma delegação de 20 holandeses que se mostrou invariavelmente encantada com a grandeza deste monumento nacional.
As visitas continuam a ser permitidas, apesar destas intervenções que eram necessárias.





Imagem nº 1 - O espaço terá agora um visual mais ordenado e sem que a vegetação seja um obstáculo.




PS: Ainda sobre Vila de Frades, cabe-me informar que amanhã por volta das 15:30 decorrerá, no auditório da Junta, a cerimónia de homenagem aos autarcas que representaram a freguesia desde 25 de Abril de 1974. Posteriormente, haverá uma mostra de doçarias. A presença de todos é essencial! Participem!

sábado, 19 de abril de 2014

Santa Páscoa para todos!

O Mensageiro da Vidigueira deseja uma Excelente e Santa Páscoa a todos os seus leitores. Comemora-se a data em que Jesus Cristo terá ressuscitado dos mortos, e revolucionado o curso da História Mundial. Quer acreditemos ou não no seu cariz transcendental, esta é, sem dúvida, a altura adequada para convivermos com a família e amigos, e valorizar as nossas futuras boas acções.
Muitos vão atacar as lambarices, e saborear estes momentos de convívio. Se o tempo permitir, façam umas caminhadas e procurem tomar um café num lugar cómodo.
Não abusem das amêndoas e dos bolos, senão apanham uma diarreia!!!
Eh eh eh
Grandes abraços e/ou beijinhos para os cidadãos do grandioso Alentejo!








quinta-feira, 17 de abril de 2014

Palacete do Mestre Conceição Silva (Vila de Frades)

Trata-se duma propriedade que se situa no Largo Fialho de Almeida e que pertencera ao Mestre António Conceição Silva (1869-1958), grande pintor de retrato e paisagem, ceramista e restaurador, para além de ter sido conselheiro do rei D. Carlos. 
A construção parece ser obra dos finais do séc. XIX e ocupa praticamente todo um quarteirão, albergando, durante décadas, valiosas obras de arte. O seu quintal era cedido pela família para grandes festas populares de São João, São Pedro e Santa Maria. 
Aqui residiram algumas das personalidades conhecidas da Cultura Portuguesa, a convite do dinamizador cultural e resistente anti-fascista José Luís Conceição Silva (filho do Mestre António Conceição Silva), sendo os casos do Prof. Agostinho da Silva, o Arquitecto Frederico George (responsável pelo projecto do Planetário Calouste Gulbenkian em Lisboa)  e o musicólogo João de Freitas Branco. Esta família possuía igualmente o seu campo para fins de exploração agrícola no Almargem. 
O seu estado actual é de quase ruína, exigindo um projecto eficiente de recuperação.





Imagem nº 1 - O Palacete da família dos Conceição Silva. 
Foto da minha autoria



Referências Consultadas:

  • ESPANCA, Túlio – Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Beja, Lisboa, 1992.
  • Ó, Desidério Lucas do – Vila de Frades – Capital do Vinho de Talha. Sintra: Colares Editora, [2010].

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Correio do Leitor - Manuela Pulido recorda os encantos da Vidigueira

Terra amena das hortas e pomares, dos valados floridos e ribeiras, das vinhas e da sombra das figueiras, com o dolente matiz dos teus cantares!em ti,a secura do Alentejo é uma simples ficção! Porque não vejo senão as terras fartas e as verduras, a quem a água fresca mata a sede, sempre que a terra de beber lhes pede! Essa tua laranja é um encanto, tão doce e perfumada e tão seleta, que se eu pudesse um dia ser poeta, havia de compor-lhe um belo canto! Foi o encosto na espalda da serra, que fez suave e fértil essa terra! A água vem de lá, como se fosse nascida, a bem dizer, no Paraiso, e ela dá aos homens o juízo e faz às moças um olhar tão doce... O almirante Vasco, lá no céu, se da vida passada se lembrar, talvez lamente tudo o que perdeu na terra, onde teve o seu solar. Como dádiva sua, a passo lento diz o sino das horas seu tormento! Senhora das Relíquias, se algum dia no Carmo refizerem o teu altar, volve a nós os teus olhos, alumia a quem em tua graça só confia e crê na Luz, que vem do teu olhar! Senhora das Relíquias, mãe cimeira,que sobre um tronco nu, nos apareceste, conserva o teu doce Amparo que nos deste... Resguarda com o teu manto a VIDIGUEIRA!(Oferecido ao meu pai,por Cândido Marrecas)





A veia poética do vosso estimado Mensageiro!


Nostalgia dum adulto
(Poema da minha autoria)


Um dos sentimentos mais indescritíveis,
Que o homem premeditadamente anseia
Procurando no passado a sua própria epopeia
Onde viveu momentos únicos naquela vila ou aldeia!


Sítios em que nos chafurdávamos na lama,
Para além de outros divertidos e infinitos serões!
Os nossos avós preparavam carinhosamente as refeições
Incutindo tempos isentos de responsabilidade e drama!


Usufruíamos da máxima liberdade,
Pedíamos rifas para realizar eventos escolares!
Os vizinhos tratavam-nos com amabilidade,
Alguns até vinham a casa oferecer-nos chocolates e folares!


O convívio com os familiares mais envelhecidos,
E com os animais de estimação que nos fielmente acompanharam,
Neste período de moldagem social dos comportamentos enobrecidos
Que infelizmente, num fechar de olhos, cessaram!


Sinto simultaneamente a inevitável melancolia!
Ouço uma música céltica ou gregoriana
E assim sepulto o passado repleto de alegria,
Jamais revivido e somente recordado!


Saudades dos tempos de infância e aprendizagem!
Tantas boas amizades para trás ficaram,
A vida é um labirinto em que os caminhos descodificaram
A nossa identidade, digna ou não de homenagem!


Nostalgia e Melancolia,
Sentimentos nobres da era do Romantismo!
Altura de valorizar a glória do antigo brilhantismo,
Que encheu outrora a alma lusitana, agora à mercê da agonia!






__________________________________________________________________"_______________


Desgraça de Poeta
(Poema da minha autoria)

Rediges uns meros versos
Para expressar os mais nobres sentimentos de alma,
E louvando os mistérios dos demais universos
Procurando assim a tua paz interior e calma!

Não há poetas de heranças monetárias!
És homenageado em pompa e circunstância
Depois de reduzido a vulgar esqueleto
E rodeado de larvas em abundância!

Uma sociedade que privilegia o banal,
E descarta os livros emblemáticos
Subvalorizando o essencial,
E cometendo equívocos literários e matemáticos!

Ó ilustre poeta que findas na miséria,
Perante um povo que te olvida
E que até nem se importaria
Se fosses desterrado para a Sibéria!

Cada estrofe vale migalhas!
Cada poema, meia dúzia de tostões!
Se fosses um jogador de futebol, milhares ou milhões!
Mas, com os pés, só cometes gralhas!

Também não és um deus grego,
Daqueles que ganham elevados ordenados
Para mostrar os seus sorrisos e corpos iluminados,
Nesse mundo da moda, onde a fama sai a qualquer labrego!

O Poeta só precisa do cérebro e coração,
Para amar, dedicar e recordar,
Um acto de raciocínio e devoção
Por uma arte que não dá lucros a ganhar!

É somente um exercício de reflexão,
Mantendo viva a chama da nossa língua portuguesa,
Elevando ao ponto mais alto, a nossa erudição,
E rimando embriagadamente com nobreza!





______________________________________________________________"_________________

A ruindade nas mulheres

(Poema da minha autoria)

Mulher ruim não engorda,
É o que dizem na minha terra!
Utilizam palavras cortantes como uma serra
Como se pertencessem a uma temível horda!

No seu estômago, reina a azia!
E por isso, não têm fome de gastronomia,
Mas sim de intenso protagonismo
Sorrindo sempre com o seu inseparável cinismo!

Há decerto inúmeras na minha região!
Elas são vaidosas e arrogantes!
Partem qualquer coração!
E entoam vozes discordantes!

Quando elas entram em cena!
É o primado da confusão e dos desmazelos!
Arrancam-se os cabelos 
Até, por vezes, voa uma pena!

Levantam o tom de voz,
Para demonstrar sua superioridade atroz,
Mas desprovidas da razão,
Eis que caem na perdição!

Deslocam-se aos supermercados,
E gastam rios de dinheiro,
Ignorando o tempo mensageiro
Que aconselha comportamentos poupados!

Elas têm sempre razão!
Quem negar tal evidência,
Pode necessitar de assistência
Porque leva em troca uma bofetada de antemão!

Confundem o dom da personalidade
Com a comum maldade!
Revelando um total descaramento
Desde o seu nascimento!

Ninguém atura o seu feitio!
Mais vale, fugir das suas garras,
Porque se caímos nas suas amarras
Jamais nos livraremos do fastio!


Poema a pensar nas mulheres mais intrigantes (este poema não foi feito a pensar em alguém em concreto), mas é claro que não podemos generalizar, até porque as mulheres ruins são casos excepcionais, felizmente. Também já redigi poemas a elogiar as virtudes e a beleza feminina. Na verdade, o que seria de nós, homens, sem elas!