sábado, 26 de abril de 2014

Vila de Frades, uma terra com orgulho no seu 25 de Abril



"Não se preocupem com o local onde sepultar o meu corpo. Preocupem-se é com aqueles que querem sepultar o que ajudei a construir" (Capitão Salgueiro Maia, 1944-1992)



Foi sob este lema que se abriu a cerimónia de condecoração dos 54 autarcas que serviram a freguesia de Vila de Frades desde a revolução do 25 de Abril de 1974, embora 17 dos homenageados já tivessem falecido. Antes desta data, os representantes políticos da vila eram indigitados por instâncias superiores, mas a partir daquele dia, o poder foi entregue ao povo que teve a liberdade de escolher os seus próprios líderes políticos.
Na plateia, estiveram presentes cerca de 100 pessoas. Aliás, os 74 lugares do auditório da Junta de Freguesia estavam totalmente ocupados, e ainda havia gentes de pé. Muitos dos presentes porteavam o seu cravo vermelho nas vestes, mostrando orgulho pela liberdade democrática.
Inicialmente, passou-se um vídeo em que se conjugavam fotografias antigas e recentes sobre Vila de Frades. A música de fundo, com cantigas do inevitável Zeca Afonso, e outras melodias míticas, foi excelentemente seleccionada. Neste momento, constatei que algumas pessoas, de idade mais avançada, choravam com estas recordações visuais. Nas imagens que rodavam ao som destas músicas de fundo, apareciam célebres pessoas que ora já cá não estão entre nós, ora não possuem a vitalidade desses tempos mais recuados. A emoção foi muito forte nesses momentos, pois desenterrou momentos felizes das décadas de 70, 80, 90, até aos dias de hoje.
Após a apresentação deste vídeo criteriosamente orquestrado, seguiu-se uma mini-conferência com a presença de Luís Amado, Presidente da Junta de Freguesia de Vila de Frades, Manuel Luís Narra, Presidente da Câmara Municipal da Vidigueira, e Ivone Roque, Presidente da Assembleia de Freguesia de Vila de Frades.
Luís Amado recordou as obras dos presidentes e demais autarcas que defenderam os interesses da terra nos últimos 40 anos (os presidentes foram: Luís Carapeto, Luís Rosa Mendes, Inácio Lucas, Vítor Eira e Luís Amado), citando as seguintes obras que beneficiaram as condições de vida dos vilafradenses:


  1. Melhoramentos de ruas e da rede eléctrica.
  2. Instalação da Sede de Freguesia num novo edifício que substituiria o antigo prédio Leopoldo Mira.
  3. Reabilitação do Mercado Público.
  4. Construção do Pavilhão de Festas que receberia o nome de Luís Rosa Mendes, ex-presidente da Junta de Freguesia.
  5. Criação do Posto Médico, numa área que parcialmente corresponderia à Casa do Conselheiro.
  6. Construção da Casa Mortuária junto à Igreja da Misericórdia.
  7. Recuperação do material da Sociedade Recreativa União Vilafradense.
  8. Construção do Centro Interpretativo das Ruínas Romanas de São Cucufate.
  9. Modernização do Parque Infantil.
  10. Alargamento do cemitério público da vila.
  11. Obras de reparação na Torre do Relógio e na Ermida de Santo António dos Açores.
  12. Apoios na melhoria habitacional.
  13. Comparticipação de medicamentos.
  14. Oferta de Manuais Escolares.
  15. Promoção de Marchas Populares.
  16. Aproveitamento turístico do espaço.
  17. Criação dum Site sobre a Freguesia.
  18. Reabertura da villa romana de São Cucufate e da Casa do Arco ao público.
  19. Luta contra a extinção da freguesia, enfrentando mesmo os poderes decisórios da Assembleia da República.
  20. Inauguração prevista para breve do novo Centro de Leitura dedicado a Fialho de Almeida, e que albergará obras deste conceituado escritor português.

Depois de elencada esta obra dos autarcas da vila, Luís Amado recordou que o Poder Local muitas vezes substituiu o Poder Central, procurando corresponder, de perto, às grandes necessidades da comunidade.
Seguiu-se posteriormente a intervenção de Manuel Luís Narra que lamentou o número elevado de desempregados e o aumento da pobreza, para além dos cortes nos apoios sociais. Mas recordou que o 25 de Abril foi feito para defender os interesses do povo, e que este deve ser ouvido porque está a passar um mau bocado.
Posteriormente, procedeu-se à entrega das condecorações que assentavam na distribuição dum diploma e duma imagem feita de barro. Houve quem esboçasse sorrisos, outros comoveram-se, mas a gratidão da plateia aos condecorados foi imensa, salvaguardando-se muitas salvas de palmas!





Imagem nº 1 - Salgueiro Maia foi recordado na cerimónia.
Foto da minha autoria



Imagem nº 2 - Diogo Conqueiro procedeu à apresentação dos momentos marcantes.
 Foto da minha autoria



Imagem nº 3 - Luís Amado, Presidente da JF de Vila de Frades, discursa perante olhar atento de Manuel Luís Narra, Presidente da CM da Vidigueira.
Foto da minha autoria


Logo de seguida a esta cerimónia que tinha principiado pouco depois das 15:30, decorreu a mostra de doçarias por volta das 17 horas. Todos os presentes abandonaram o auditório da Junta, e dirigiram-se à antiga adega do Parreira que se localizava mesmo à frente daquele edifício. As talhas foram colocadas lá fora, e no interior do edifício montaram-se várias mesas, sendo de ressalvar o envolvimento de 50 doçeiras que criaram e cederam inúmeros bolos (confesso que devorei algumas fatias de chocolate e morango!), isto para além, das bebidas (vinho, sumos e água) e dos bolinhos de bacalhau, rissóis... 
Havia ainda um músico que cantava e tocava guitarra no topo interior do edifício, propiciando a ocorrência de bailaricos.
Podemos seguramente mencionar que o número de visitantes na mostra da doçaria duplicou (pode até ter superado as 200!), já que as entradas eram gratuitas. A variedade de doces e bebidas fez com que muitos vilafradenses e outros curiosos/lambareiros andassem às voltas para satisfazer o seu estômago e paladar.
É elogioso ressalvar os preparativos efectuados pela Junta de Freguesia de Vila de Frades que soube acolher toda esta moldura humana, promovendo da melhor forma esta data simbólica.
Mais de 750 anos da instituição da Paróquia de Vila de Frades, mais de 500 anos depois da promulgação do segundo foral (manuelino) e 40 anos de pós-25 de Abril, a Freguesia continua a demonstrar que está devidamente revitalizada e de boa saúde!



Imagem nº 4 - A afluência praticamente duplicou junto à antiga adega dos Parreiras, mostrando que os doces disponibilizados gratuitamente falaram mais alto.
Foto da minha autoria




Imagem nº 5 - As mesas estavam recheadas de doces que encantaram os visitantes.
Foto da minha autoria



Nota extra - Houve igualmente um cerimónia solene na Vidigueira, mais concretamente no Centro Multifacetado das Novas Tecnologias. Ocorreu ainda fogo de artifício nos primeiros minutos do dia 25 de Abril, isto é, já de noite. Decorreram ainda caminhadas no concelho.

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