sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A II Caminhada Triunfante do Mensageiro da Vidigueira (com cultura e humor)

Depois de provar o ilustre vinho da nossa terra, as passas, o bolo-rei, e comemorar efusivamente a passagem de ano para 2014, eis que optei definitivamente por empreender mais uma célebre caminhada, desta feita, pela freguesia da Vidigueira. A anterior, já devidamente narrada, tinha decorrido em Vila de Frades.
O tempo, excessivamente frio e inconstante, era o nosso principal obstáculo. Contudo, não foi argumento suficiente para impedir mais uma jornada de êxitos.
Iniciamos o nosso percurso na Praça D. Vasco da Gama, designação inspirada naquele célebre navegador que descobrira o caminho marítimo para a Índia (1498) e que mais tarde fora recompensado com o Condado da Vidigueira. Nessa espaço aprazível, encontramos uma grande estátua em honra desta personalidade mundial que, em muito, engrandeceu a história desta localidade alentejana.
Aí visualizamos um pequeno lago com repuxos, e uma esfera, talvez simbolizando o Mundo que entretanto fora descoberto pelos navegadores mais corajosos. O pavimento é composto por calçada e encontra-se coroado por laranjeiras que conferem algum esteticismo.
Encontramos também o Museu Municipal que antigamente fora uma Escola (séc. XIX). Aí detectamos as antigas salas de aula, sectores etnográficos e ainda visualizamos espaços destinados a valorizar as tradições culturais e socio-económicas que caracterizaram o Município nos últimos séculos.



Imagem nº 1 - O Museu Municipal da Vidigueira é um lugar a visitar.



Imagem nº 2 - Os acessos à antiga Escola Vasco da Gama (1883).



Imagem nº 3 - Estátua de homenagem a Dom Vasco da Gama, 1º Conde da Vidigueira (entre 1519-1524).



Imagem nº 4 - A inscrição ressalva os feitos do Navegador.




Imagem nº 5 - A esfera, talvez representando o Mundo outrora percorrido pelos grandes aventureiros europeus.


Inspirado na vertente aventureira que se fazia sentir nesta Praça D. Vasco da Gama, decidi então rumar a sudeste da vila. Nem a chuva e as ondas de vento conseguiriam travar o meu ensejo de revelar ao Mundo mais espaços simbólicos que devem ser conhecidos por todos. O Alentejo é esbelto, e não é de estranhar que seja, para a revista Traveler da National Geographic, um dos 21 destinos mundiais obrigatórios para os turistas usufruírem de belos prazeres em 2014. E logo a nossa Vidigueira, conhecida pelos seus históricos condes e por produtos gastronómicos invejáveis - o vinho, o pão, a laranja, tem de marcar pontos neste capítulo. Conhecer a região alentejana, implica visitar as quatro freguesias deste município.
Entretanto, e ainda no prolongamento da anterior praça, encontramos um velho fontanário, cuja construção pela Câmara Municipal da Vidigueira remontaria a 1958, segundo os traçados presentes na calçada.



Imagem nº 6 - Mais um fontanário da freguesia da Vidigueira.



Imagem nº 7 - A datação da calçada e da sua estrutura.


Continuei os meus passos até alcançar a Ermida de São Rafael, cuja tradição é mais bem conhecida. Este templo foi construído a mando de D. Francisco da Gama, 4º Conde da Vidigueira, que viveu entre 1565 e 1632, e que fora vice-rei da Índia por duas vezes, embora tenha sido alvo das intrigas e suspeitas de irregularidades que afectavam os altos organismos lusitanos no Oriente. A ermida terá acolhido a imagem de São Rafael que acompanhara D. Vasco da Gama na viagem marítima à Índia. Trata-se pois de património que deve orgulhar os vidigueirenses, pois a sua fama é indiscutível.



Imagem nº 8 - A rua de acesso à Ermida.



Imagem nº 9 - O meio é ruralizado.



Imagem nº 10 - Um riacho pode ser observado nas proximidades da ermida.



Imagem nº 11 - O caminho apresentava uma inclinação superior, na qual se encontraria o templete.



Imagem nº 12 - Vista à entrada da Ermida de São Rafael.



Imagem nº 13 - Perspectiva mais próxima sobre a estrutura.



Imagem nº 14 - Vista das traseiras do edifício.



Imagem nº 15 - Lápide que contém a seguinte inscrição:

Esta Ermida foi mandada erigir pelos descendentes do Conde D. Vasco da Gama para recolher a imagem de S. Rafael que o guiou à Índia.
Restaurada pela Câmara Municipal em 1942


Claro que nesta ligeira elevação, não poderia ficar indiferente à paisagem que me rodeava. Como estava numa zona rural, deparava-me com os campos, repletos de vinhas, pomares e gado. Mas ao longe, conseguia avistar a povoação inteira que, a partir do seu labor, desenvolve a sua terra.  
Pela sua maior estatura, as imponentes Torres do Relógio e a de Menagem da Vidigueira, ambas detentoras dum passado valioso, reclamavam maior protagonismo. Naquele momento, sentia-me um privilegiado!!! Queria ser como Ícaro e voar, sem que o Sol me queimasse as asas! Assim sobrevoaria todos aqueles lugares, tiraria as melhores fotografias e alcançaria efectivamente o clímax da erudição!
 
 

 
Imagem nº 16 - Os campos e a vila.
 

 
Imagem nº 17 - A criação de gado também assume preponderância na região.
 

 
Imagem nº 18 - Ao longe, poderia avistar-se a povoação. A Torre de Menagem parecia, a partir deste ponto de observação, a estrutura mais altiva.
 
 
 
Após consolar as minhas vistas, dirigi-me cautelosamente a norte. Atravessei ruelas feitas com a habitual calçada portuguesa. Andava pouca gente na vila. Talvez, muitos fossem festejar a semana da passagem de ano noutras paragens juntamente com os seus familiares. Suportei o frio, e caminhei incessantemente, fazendo um favor ao meu bem-estar físico, visto que me livrei de algumas gorduras e calorias. Posteriormente, passei no centro da Vidigueira, e tirei mais algumas fotos, nomeadamente às traseiras do Centro Multifacetado das Novas Tecnologias, espaço onde podemos consultar vários livros e observar várias exposições.
 
 
 
Imagem nº 19 - O Mensageiro atravessava as ruelas vazias, mantendo assim a sua habitual discrição.
 


 
Imagem nº 20 - As traseiras do Centro Multifacetado das Novas Tecnologias da Vidigueira.
 

 
Imagem nº 21 - O silêncio imperava.
 
 
Em breve, estaria a Norte da Vidigueira, atingindo a rua de Portel que dá acesso à IP 2! Mas é óbvio que não iria deixar a localidade. Era exactamente aqui onde me sentia em paz e em harmonia com a Natureza Paisagística e Histórica desta povoação.
Novamente, voltei a penetrar por ruas interiores e detectei o que aparentava ser mais um fontanário no jardim do Largo Visconde da Ribeira Brava. Trata-se doutro ponto turístico acolhedor.
 


 
Imagem nº 22 - O espaço conhece igualmente um valor estético.
 

 
Imagem nº 23 - O local possui ainda o seu simbolismo.
 
 
Por fim, acabei por parar junto à Igreja de São Francisco. Possui uma decoração exterior em argamassa, e representa um bom exemplo em termos de arquitectura adoptada. De acordo com o site oficial da Câmara Municipal da Vidigueira, sabemos o seguinte sobre este templo:
 

"A igreja tem uma só nave e duas capelas. A rainha D. Maria I, ofereceu as peças mais valiosas da matriz: a imagem de Cristo Crucificado, os santos negros e a figura de Nossa Senhora das Relíquias.
A imagem de Nossa Senhora das Relíquias está colocada no altar-mor, numa redoma azul com adornos dourados, por cima do sacrário. O seu valor provém da antiguidade e dos vários séculos de veneração pelas gentes da Vidigueira e visitantes de outras terras".
(http://www.cm-vidigueira.pt/conhecer/igrejas)
 
 


 
Imagem nº 24 - Outra Igreja com tradição no Concelho que terá sido construída por volta de 1732 (séc. XVIII).
 

 
Imagem nº 25 - O edifício possui um interessante adro à sua frente.
 
 
 
Entretanto, a minha barriga começou a roncar. Era altura de voltar aos meus aposentos e consolar o meu organismo, tão descompensado pela cansativa caminhada que fizera.
Resta-me desejar que 2014 seja um ano luminoso para todo o Alentejo, e acreditem que o Concelho da Vidigueira tem os seus argumentos turísticos, seguramente merecedores de atrair turistas dos quatro cantos do Mundo!
 
 
Nota: Todas as fotografias são da autoria do Mensageiro da Vidigueira, contudo aceitamos a partilha livre das mesmas.


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