Eu sei que esta matéria não está directamente relacionada com o nosso maravilhoso concelho da Vidigueira, mas digamos que a temática tem merecido da minha parte uma atenção redobrada nos últimos tempos. O Mensageiro da Vidigueira é um ser lendário que gosta de investigar os variados mistérios da nossa história. Por isso, chegou a hora de abordar mais um!
Em 1492, Cristóvão Colombo, julgando erradamente ter descoberto as Índias, atingia na realidade as Antilhas, sendo que uma dessas ilhas merecia a designação de Cuba. Segundo um grupo minoritário de eruditos, esta mesma designação deve-se alegadamente ao facto de Cristóvão ter nascido e sido educado em Cuba (Pequena Vila Alentejana) e daí ter conferido esta atribuição geo-toponímica. De facto, os nomes são iguais. Mas será toda esta tese credível?
A teoria oficial defende que o grande descobridor das Américas era genovês. Teria sido aí tecelão, segundo um documento de 1498, cuja veracidade foi colocada em causa pelo investigador Manuel Rosa. Todavia, a crónica de D. João II, da autoria de Rui de Pina que o terá conhecido pessoalmente, assegura que Colombo era mesmo proveniente de Itália. De facto, torna-se muito difícil aceitar outra teoria que não a origem italiana deste célebre navegador. Além disso, há outros documentos, embora de menor importância, que chegam a atestar ligações íntimas de Cristóvão à cidade de Génova. Aí teria nascido entre 1436 e 1456, sendo que o ano de 1451 é o que reúne mais consenso. De acordo com esta teoria italiana, seria filho de Domenico Colombo e de Susana Fontanarubea.
Mas o assunto está longe de estar encerrado. Em primeiro lugar, estranha-se o facto de Cristóvão Colombo nunca ter escrito um documento em italiano, mas sim em castelhano com vários "lusismos" (isto é, o famoso "portunhol"). Todavia, também é justo referir que não há nenhum manuscrito seu redigido inteiramente em português, mas também nos estranha o facto de ele nunca ter utilizado a língua italiana...
Como se não bastasse, Cristóvão sempre procurou ocultar as suas origens humildes, fosse um tecelão em Génova ou um jovem nobre da pequena vila de Cuba (Alentejo), até porque tudo isso contrastaria com o prestígio que obteria no futuro. Também há quem refira que ele seria judeu, algo que não seria seguramente permitido em plena época de Intolerância Religiosa na Península Ibérica, mas neste caso teve a proteção dos reis portugueses e castelhanos, até porque este homem detinha elevados conhecimentos a nível marítimo e cartográfico. A polémica continuaria com a tentativa de tornar Cristóvão Colombo num dos filhos bastardos do Duque de Beja, D. Fernando, alegando-se que o descobridor da América utilizava mesmo uma sigla cabalística cuja decifração poderia ser "Fernando, que detém a espada do poder de Pax Iulia [Beja], ligado com Isabel Sciarra da Câmara, são a minha geração de Cuba". Mas esta interpretação não me convence (não existirão outras?), pois não era costume os fidalgos mais reputados arriscarem a sua vida em viagens marítimas, acompanhadas por inúmeras privações. Os grandes descobridores eram normalmente escudeiros ou filhos segundos que tentariam a sua sorte num mar incerto, de forma a alcançar a ascensão social. Por isso, dificilmente Cristóvão Colombo pertenceria à importante Casa Nobiliárquica de Beja. Seria improvável, embora não de todo impossível!
Mas a tese de que ele seria português conta ainda com outros argumentos. O nome de Cuba atribuída a uma das ilhas descobertas por ele não é nada fácil de explicar. Citando o vídeo que apresentamos em baixo, apenas existiria uma localidade com essa designação toponímica na Península Ibérica e no Mundo Ocidental até então conhecido - ficava no Alentejo Português! Confesso que me sinto impotente para arranjar uma explicação racional para contornar este argumento, embora existam outras teorias que tendem a aceitar a origem do nome de Cuba na palavra taínos (significa: terra fértil abundante) ou coabana (lugar amplo). É verdade que a correspondência entre os nomes não é ainda suficiente para comprovar a origem portuguesa do navegador abordado, mas compreendo que seja um forte indício, basta saber se é verdadeiro ou se tudo não passa duma mera coincidência que poderá ter outro fundamento por detrás que ignoramos.
Infelizmente, sabemos muito pouco sobre a juventude de Cristóvão Colombo ou Colón. Os documentos não são claros e as contradições são reais, endeusando ainda mais o mistério. Daí as teorias de que ele seria genovês/italiano, francês, castelhano... e até português! Há ainda muito por explicar.
As certezas da sua vida só começam com a chegada a Lisboa, tendo estado em terras portuguesas entre 1476 e 1485. Aí casa-se com a portuguesa Filipa Moniz (mulher que professava num mosteiro feminino da Ordem de Santiago; ambos terão um filho: D. Diogo), isto para além de obter muitos conhecimentos a nível cartográfico. Em Lisboa, Colombo começa a desenvolver a sua vocação marítima. Teria visitado as ilhas da Madeira, das Canárias, a Guiné, a região da Mina... De facto, ele começa a criar o seu projecto marítimo em Portugal, acreditando mesmo que o Atlântico o levaria à Índia. Contudo, o seu projecto não fora aprovado pela Coroa Portuguesa que, talvez munida de outras informações secretas (derivadas de explorações marítimas privadas), não se deixou convencer pelo projecto.
Em 1485, Cristóvão Colombo apresenta as mesmas intenções em Castela, tendo recebido, alguns anos depois, o apoio dos reis Católicos. Aí apaixona-se por Beatriz Enriquez, e desse caso amoroso, nascerá Fernando Colombo. Não creio que Cristóvão Colombo estivesse a fazer bluff, como se fosse um agente secreto de D. João II para ludibriar os reis castelhanos (como é indiciado no vídeo em baixo) - ele acreditaria mesmo na viabilidade dos seus planos em atingir a Índia pelo Ocidente, pois não há documento nenhum do mundo que comprove o contrário, excepto os mitos infundados que por aí circulam.
Em 3 de Agosto de 1492 parte para a aventura que marcaria, para sempre, a nossa História Universal, tendo chegado a São Salvador (actualmente Bahamas) no dia 12 de Outubro do mesmo ano. Entre 1493 e 1502, continua a explorar a zona das Antilhas e da América Central. O problema é que este continente americano constituiu, na altura, um obstáculo intransitável para atingir a Índia sonhada pelo navegador. Perdera essa batalha para o Magnífico Vasco da Gama (o nosso Conde da Vidigueira entre 1519-1524), mas é certo que, por outro lado, Cristóvão descobriria um continente recheado de ouro, prata, pedras preciosas e de mistérios acompanhados por civilizações surpreendentes. Fez-se luz sobre um continente até então desconhecido no Mundo de então.
Cristóvão Colombo faleceria em 1506 em Valhadolid (Espanha) com 55 anos... Para trás, deixou uma carreira de prestígio, embora os seus primeiros anos mereçam ainda muitas discussões. Terá escondido o seu passado por ter sido demasiado humilde, o que não seria compatível com o estatuto posterior?
Vídeo nº 1 - A teoria que defende a origem portuguesa de Cristóvão Colón/Colombo em Cuba.
Retirado do Youtube, autoria de: Paulo Pereira
Imagem nº 1 - Estátua de Cristóvão Colombo na vila alentejana de Cuba que reivindica as suas origens.
Retirada de: http://ebicuba.drealentejo.pt/ebicuba/jornal/jornal08/pagina-personalidades/cristovao_colon.htm
PS: Já agora também Colos, freguesia do concelho de Odemira, reclama as raízes deste famoso descobridor, alegando que o seu nome real era Cristóvão de Colos.
Referências Consultadas:
- http://www.publico.pt/cultura/noticia/cristovao-colombo-era-portugues-e-de-cuba-1329784, (artigo de Teresa Firmino no Jornal O Público que introduz a teoria defendida por Manuel Rosa que acredita na proveniência lusitana do navegador).
- http://domafonsohenriques.blogs.sapo.pt/40676.html, (artigo electrónico de Rui Romão)
- Wikipédia
- Youtube
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