Infelizmente, nenhum autor se aventurou em lançar uma data para as suas reais origens, nem mesmo o nosso erudito José Palma Caetano, normalmente rigoroso no assinalamento dos mais diversos marcos históricos inerentes ao Concelho da Vidigueira.
O primeiro dado oficial que temos sobre a Torre do Relógio, remonta a 1520, quando Vasco da Gama , Primeiro Conde da Vidigueira, cedeu o sino à mesma. Ou seja, a sua existência nos inícios do século XVI é, pelo menos, segura e indiscutível. A questão a saber, tendo em conta a sua presumível existência anterior, terá que passar necessariamente pela obtenção da data da sua construção? Se a Vidigueira, enquanto povoação começou a afirmar-se em meados do século XIII (quem o diz é José Palma Caetano), então deixem-me aventurar e lançar uma teoria, embora que ainda longe de estar bem fundamentada, de que a torre terá sido edificada entre os séculos XIII-XV. Ou melhor, talvez entre os anos de 1250 e 1500. Em 1520, a torre alegadamente medieval sofre um acrescento com o mencionado sino de Vasco da Gama, mas a sua presença física anterior deveria então constituir um cenário bastante provável.
Qual a funcionalidade desta estrutura que, para além da Vidigueira, também pode ser observada em Vila de Frades? Pois entramos novamente numa discussão interessante que dificilmente nos levará a uma certeza absoluta no final, até porque a escassez de documentos e testemunhos constitui uma realidade inegável para estes períodos tão remotos. Mas história é mesmo isto - debate, discussão (construtiva) e reflexão.
Na actualidade, algumas pessoas dessas localidades orientam-se pelo horário visível na Torre, quando não estão munidas dos seus relógios. Alguns querem agora "colar" essa tradição para os primórdios da sua existência. Mas aqui, meus caros leitores, entramos então numa nova discussão. José Palma Caetano refere que a estrutura assinalada no século XVI era obviamente diferente da actual (ao longo dos tempos, restaurada por várias vezes) até porque... não havia ponteiros nem sistema de iluminação (a instalação destes mecanismos na referida torre é apenas recente). Quanto ao sistema de iluminação, útil no período nocturno, não penso que mereça muitos debates, pois foi uma funcionalidade aplicada num passado breve e confesso que não estou surpreendido pela sua inexistência na Idade Média. Mas em relação aos ponteiros, os tais que nos indicam fundamentalmente as horas, aí sim, creio que merece alguns apontamentos. Em primeiro lugar, se são recentes (e tudo indica que sim!), então como é que as pessoas se guiavam há 4 ou 5 séculos por um "relógio" sem ponteiros? Sendo a maior parte esmagadora da população analfabeta como é que eles poderiam interpretar as horas, mesmo que o relógio tivesse (José Palma diz que nunca teve, excepto no período mais recente) os ditos ponteiros? Em suma, de uma forma ou outra, as pessoas não conseguiam saber as horas exactas do relógio presente na Torre. Por isso, a tradição actual (essa sim que incorpora no seu cenário ponteiros e atrai pessoas já minimamente formadas a nível cultural) não pode ser portanto colada às Épocas Medieval e Moderna. Agora, com a existência do sino em 1520, poderemos lançar uma questão pertinente - Se o relógio estava inapto, terá o sino conhecido a funcionalidade de badalar às horas mais marcantes do dia (por exemplo, às 12 horas e às 24 horas?)? Se sim, então a comunidade da Vidigueira guiar-se-ia pelo som do sino e não pela visualização do relógio (sem ponteiros).
Na actualidade, algumas pessoas dessas localidades orientam-se pelo horário visível na Torre, quando não estão munidas dos seus relógios. Alguns querem agora "colar" essa tradição para os primórdios da sua existência. Mas aqui, meus caros leitores, entramos então numa nova discussão. José Palma Caetano refere que a estrutura assinalada no século XVI era obviamente diferente da actual (ao longo dos tempos, restaurada por várias vezes) até porque... não havia ponteiros nem sistema de iluminação (a instalação destes mecanismos na referida torre é apenas recente). Quanto ao sistema de iluminação, útil no período nocturno, não penso que mereça muitos debates, pois foi uma funcionalidade aplicada num passado breve e confesso que não estou surpreendido pela sua inexistência na Idade Média. Mas em relação aos ponteiros, os tais que nos indicam fundamentalmente as horas, aí sim, creio que merece alguns apontamentos. Em primeiro lugar, se são recentes (e tudo indica que sim!), então como é que as pessoas se guiavam há 4 ou 5 séculos por um "relógio" sem ponteiros? Sendo a maior parte esmagadora da população analfabeta como é que eles poderiam interpretar as horas, mesmo que o relógio tivesse (José Palma diz que nunca teve, excepto no período mais recente) os ditos ponteiros? Em suma, de uma forma ou outra, as pessoas não conseguiam saber as horas exactas do relógio presente na Torre. Por isso, a tradição actual (essa sim que incorpora no seu cenário ponteiros e atrai pessoas já minimamente formadas a nível cultural) não pode ser portanto colada às Épocas Medieval e Moderna. Agora, com a existência do sino em 1520, poderemos lançar uma questão pertinente - Se o relógio estava inapto, terá o sino conhecido a funcionalidade de badalar às horas mais marcantes do dia (por exemplo, às 12 horas e às 24 horas?)? Se sim, então a comunidade da Vidigueira guiar-se-ia pelo som do sino e não pela visualização do relógio (sem ponteiros).
Outras funcionalidades possíveis para a torre, poderiam envolver questões decorativas ou de sinalização da zona central da localidade. Mas lá está, também não é fácil provar tais teorias. Desafio todos aqueles que souberem mais sobre este assunto ou desejarem fornecer a sua opinião sobre as suas origens e a sua pertinência inicial, a partilharem os pensamentos que poderão ser enriquecedores em torno desta matéria específica.
Como referi, e ao contrário do que se passou no dossier do Castelo da Vidigueira (ver um dos artigos anteriores), a Torre do Relógio foi devidamente restaurada e preservada ao longo dos tempos. Recentemente, e como já o dissemos, foi dotada de novos mecanismos que beneficiam as comunidades da região. Isto sim, é um facto que merece justos aplausos!
Imagem nº 1 - A Torre do Relógio da Vidigueira, durante o dia!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira
Imagem nº 2 - Sabe que horas marca ali o relógio? Então diga lá, mas tem de saber ler os números romanos!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira
Imagem nº 3 - Uma das ruelas que lhe confere acesso!
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira
Leia-se também: CAETANO, José Palma - Vidigueira e o seu concelho. 2º Ed. Beja: Câmara Municipal da Vidigueira, 1994, p. 183-184.
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