quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Aquiles Estaço, um vidigueirense famoso

 
A VIDA
 
Muito se tem falado em torno de Vasco da Gama, o homem cujo currículo encanta os vidigueirenses que noutros tempos o tiveram como conde. Mas apesar do protagonismo evidente de Vasco da Gama e seus descendentes (daí a designação de Vila dos Gamas) nesta terra, a verdade é que não foram os únicos a ostentar um currículo de grande respeito.
Aquiles EstaçoAquiles Estaço é um erudito que terá mesmo nascido na Vidigueira em 12 de Junho de 1524, sendo filho de Paulo Nunes Estaço (homem que acompanhara Vasco da Gama na sua última viagem à Índia em 1524).
Paulo Nunes queria que o seu filho seguisse a via guerreira, e por isso, deu-lhe mesmo o nome de Aquiles. Todavia, imediatamente verificou que este tinha grande aptência para o conhecimento linguístico e por isso, considerou que deveria seguir os estudos nos centros culturais da época.
Aquiles Estaço acompanhou as tendências humanistas do seu tempo, estudou nas Universidades de Évora e Coimbra (teve em Portugal grandes professores/mestres nomeadamente André de Resende, João de Barros e Martim Azpilcueta) e ainda se especializou em Teologia na Universidade de Lovaina. Também terá depois prosseguido os seus estudos em Paris. Este vidigueirense culto dominava ainda facilmente o latim, o grego e o hebraico, isto para além da língua mãe - o português.
Reunia pois requisitos para se lançar numa carreira de sonho que culminaria na sua nomeação para Secretário do Papa, talvez já a partir de 1555. É aí que passa a viver em Roma, cidade na qual falecerá em 17 de Setembro de 1581. Tinha vivido 57 anos, o que atestava o facto da Esperança Média de Vida ser mais reduzida nesses tempos.
Durante a sua permanência em solo italiano, destacou-se enquanto comentador de autores clássicos (Cícero, Hórácio ou Catulo - em relação à obra deste último autor, Aquiles Estaço lançou um longo comentário num ensaio que está disponível em 33 bibliotecas italianas, o que constitui um claro recorde para uma obra do século XVI) e traduziu os textos de santos padres gregos (S. Cirilo, Santo Anastásio, S. Gregório Nisseno...) para o latim (língua dominada pela Santa Sé).
Refira-se ainda que este erudito foi protegido pelos Papas Pio IV, Pio V e Gregório XIII. Enquanto esteve ao serviço da Santa Sé, foi ainda convidado pelo Rei D. Sebastião para regressar à Pátria e redigir os feitos honrosos dos portugueses a partir da documentação preservada na Torre do Tombo (Lisboa), contudo tal pedido não seria concretizado com sucesso, dado que Aquiles, embora grato pela proposta, não iria trocar uma terra com excelentes condições de trabalho por uma em que as armas levavam vantagem sobre as letras.
Ao todo, deixou enquanto legado 25 obras impressas e 38 manuscritos. Certamente, fora um homem á frente do seu tempo.
 
 
O Pensamento de Aquiles
 
 
Aquiles Estaço exaltou a memória de seu pai - Paulo Nunes Estaço, reconhecendo os seus feitos militares enquanto combatente e agradecendo-lhe o facto de ter acedido a uma excelente educação, no panorama cultural.
Como já disséramos, seguira o pensamento humanista, tendo dialogado com outros cardeais de nacionalidades distintas que optaram pela mesma perspectiva.
Elaborou diversos poemas religiosos e profanos. Nas temáticas sagradas, centra as suas estrofes na Virgem Maria, em Santo António, Santa Catarina, São Sebastião, São Lourenço...
Na poesia não-religiosa, abordou a precaridade da vida humana, o valor da amizade, dedicou versos aos seus protectores e familiares, cantou as vitórias da Cristandade contra os turcos...
Enquanto orador, pronunciou ao todo 5 orações: quatro de obediência e uma fúnebre. Aí Aquiles valoriza o espírito de Cruzada, em voga naqueles tempos, e as acções dos missionários em prol da fé cristã. Louva ainda o novo Papa.
Alcançou reputação elevada também enquanto filólogo, dada a sua especialidade na vertente linguística.
Em termos emocionais, seria um homem sereno mas vulnerável (também se queixava das suas amarguras).
 
 
 
Referências Consultadas:
 
 

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