Antes demais, gostaria de sublinhar que estou muito satisfeito com o rendimento dos autarcas de Vila de Frades tendo em vista a preservação cultural das tradições da terra. É com muito agrado que aplaudirei a inauguração do Centro de Leitura dedicado a Fialho de Almeida, bem como será muito bem vinda a criação vindoura dum Centro Interpretativo para a promoção do Vinho de Talha. Projectos que seguramente dignificarão a história desta terra.
Mesmo assim, e no dever de cidadão atento, devo propor ideias para o futuro, que podem não ser agora atingíveis dada a grave crise económica que atravessamos a nível nacional e local, mas que noutros tempos mais risonhos, e com a criação de parcerias com o Município da Vidigueira e outras entidades culturais/estatais/mecenatos, poderiam ser mais valias para a terra:
- Construção bem conseguida duma estátua dum frade à entrada da Vila, naquela área verdejante que contempla entre si as entradas ou acessos a nascente (isto é de quem vem do lado da Vidigueira), isto já, depois da ponte da rivalidade. Poderiam ainda jogar com a combinação da vegetação em redor da estátua, fornecendo um cartão de visita óptimo para a terra. Com este monumento, recordar-se-ia um dos principais agentes medievais responsável pela fundação e repovoamento de toda esta vila, estando por detrás do primeiro foral outorgado à vila.
- Reabilitação da Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe. Chegou a altura de deixarem as divergências de lado, e avançar para a devida conservação deste templo que remonta ao século XVII.
- Criação dum busto no Largo Dr. José Luís Conceição Silva, em memória deste resistência anti-fascista e dinamizador cultural que faleceu recentemente.
- Comemoração do Dia do Monumento Vilafradense no dia 24 de Junho. Todos (ou quase todos) os edifícios históricos (igrejas, capelas, ermidas, ruínas romanas de São Cucufate, Casa do Arco, casa de Fialho de Almeida...) da vila estariam abertos para receber gratuitamente os inúmeros visitantes e turistas nesse mesmo dia. Este evento deveria ser previamente bem promovido ou divulgado. A escolha da data não acontece por acaso, pois corresponde à criação da Paróquia de São Cucufate em 24 de Junho de 1255, estando aí presentes as raízes desta ancestral freguesia. Para além disso, é uma data que assiste à chegada de muitos estrangeiros ao Alentejo, nos primórdios do Verão.
- Instalação dum duradouro boletim electrónico (internet), sem custos, que manteria a vila informada em todos os sectores informativos do quotidiano: vida social, económica, cultural...
- Comemoração do Dia da Literatura Portuguesa no dia 7 de Maio. - Realização de actividades no futuro Centro de Leitura Fialho de Almeida, em que os habitantes procediam à análise das obras de pessoas que marcaram esta terra, nomeadamente Fialho de Almeida, João Xavier de Matos e Dr. José Luís Conceição Silva que nos deixaram textos meritórios, embora também possam ser consultados os testemunhos de outros ícones da nossa literatura. Sugeríamos ainda que os participantes redigissem textos descrevendo com entusiasmo e sabedoria, as virtudes da sua terra, podendo os mesmos ainda desenvolver poesias em torno desta localidade. Seria agradável convidar igualmente as escolas a participar para que possam apresentar biografias e obras de autores que engrandeceram a nossa língua desde a fundação da nacionalidade. O dia 7 de Maio não é escolhido por acaso pois trata-se da data de nascimento de Fialho de Almeida (1857).O objectivo deste evento passaria por fomentar hábitos de leitura, e irradiar de vez o analfabetismo ainda vigente no interior do país.
- Concurso Anual de Melhor Fotografia da Terra - Qualquer pessoa (independentemente da sua naturalidade ou lugar de residência), poderia participar, desde que provasse os créditos da sua imagem sobre Vila de Frades. Iria ser constituído um júri que avaliaria e premiaria com diplomas e/ou medalhas os três melhores classificados. O mesmo deveria realizar-se em meados ou finais de Dezembro. Ao fim de cada 5 anos, seria organizada uma exposição com as 15 melhores fotografias (isto é, as 3 melhores de cada ano) no Museu da Casa do Arco, com entrada livre para todos os visitantes.
- Mega-Distribuição de Flyers ou Folhetos por muitas unidades turísticas. Vila de Frades deveria ser uma referência a ter em conta, em variados postos de turismo de Norte a Sul do País. O investimento traria seguramente retorno, nesta vila pitoresca do Alentejo.
- Instauração do dia da Gastronomia. Os principais pratos e doçarias da freguesia seriam assegurados para que num dia primaveresco ou veranil, num espaço aberto e de dimensões consideráveis, se pudesse divulgar assim a arte da culinária.
- Reforçar a sinalização toponímica com indicações para a villa romana de São Cucufate e o núcleo museológico da Casa do Arco. Tal poderia atrair mais visitantes aos lugares supracitados e à vila em si.
Claro que sei que alguns destes projectos são irrealistas actualmente, dada a difícil conjuntura que atravessamos, e que tão pouco seriam concluídos em poucos anos, mas se nos próximos 25 anos, fizessem metade do que isto, digo-vos que a localidade estaria melhor preparada para enfrentar o fantasma da desertificação.
Imagem nº 1 - Vila de Frades possui história e cultura suficientes para desafiar os perigos da desertificação.
Foto da minha autoria
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