Pôs-se o Sol
Pôs-se o sol... Como já na sombra feia
Do dia pouco a pouco a luz desmaia,
E a parda mão da noite, antes que caia,
De grossas nuvens todo o ar semeia!
Apenas já diviso a minha aldeia;
Já do cipreste não distingo a faia.
Tudo em silêncio está; só lá na praia
Se ouvem quebrar as ondas pela areia.
Co’a mão na face, a vista ao céu levanto;
E cheio de mortal melancolia,
Nos tristes olhos mal sustenho o pranto.
E se inda algum alívio ter podia,
Era ver esta noite durar tanto
Que nunca mais amanhecesse o dia!
João Xavier de Matos, in 'Rimas' (1770-1783)
Soneto retirado de: http://www.citador.pt/poemas/posse-o-sol-joao-xavier-de-matos
Imagem retirada de: http://www.papeldeparede.etc.br/fotos/papel-de-parede_por-do-sol-na-floresta/
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