quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Vasco Luís da Gama e D. Francisco da Gama, 3º e 4º Condes da Vidigueira

Em textos anteriores, já tínhamos abordado a carreira de D. Vasco da Gama e de D. Francisco da Gama, 1º e 2º Condes da Vidigueira respectivamente.
Por isso, chegou agora a altura de continuar a abordar a descendência dos Condes da Vidigueira. 
O 3º Conde foi D. Vasco Luís da Gama, contudo pouco ou nada sabemos sobre os actos que tomou em prol da Vidigueira. Sabemos que também tombará, ao serviço da Pátria, neste caso, na desastrosa batalha de Alcácer Quibir de 1578. 
O seu terceiro filho era D. Francisco da Gama (nascido por volta de 1565) que também foi preso na sequência dessa derrota das forças portuguesas lideradas por D. Sebastião. Teve, por isso, mais sorte do que o seu pai (morto em combate), embora tenha estado em cativeiro durante alguns anos até ser definitivamente resgatado, o que permitiu o seu regresso a Portugal. 
Com o desaparecimento do rei D. Sebastião, a independência nacional acabaria por ser colocada em causa e, sem grandes surpresas, se iniciaria em breve a dinastia filipina. Mas é nesse preciso período que D. Francisco da Gama, 4º Conde da Vidigueira (e homónimo do Segundo Titular deste cargo), alcança o seu auge. Em 2 de Dezembro de 1595, foi nomeado Vice-Rei da Índia por Filipe I, embora só tome oficialmente posse em 22 de Março de 1597. 
Durante o seu governo, D. Francisco da Gama consegue algumas vitórias perante os piratas indianos, ordena a construção da Fortaleza de Mombaça e assegura a conquista da ilha de Ceilão. Contudo, as intrigas e as acusações internas de corrupção fazem com que ele seja substituído por Aires de Saldanha em 1600. As inimizades, a inveja e os jogos de bastidores aconteciam frequentemente nos altos organismos portugueses da Índia. 
Mesmo assim, no seu novo regresso a Portugal (anexado à Coroa Espanhola), é agraciado com novos títulos, nomeadamente o de Presidente do Conselho da Índia. Em Dezembro de 1622, é nomeado, pela segunda-vez, Vice-Rei da Índia. Neste palco que já conhecia bem, consegue alguns triunfos diante dos holandeses e repele mesmo um ataque do Sultão do Achém contra Malaca. Neste seu segundo mandato, foi construído o Palácio dos Vice-Reis e a Fortaleza de Mormugão, assegurou a recolocação da estátua de Vasco da Gama, seu bisavô, no Arco dos Vice-Reis. No ano de 1628, é forçado a abdicar do cargo de Vice-Rei a favor do Bispo de Cochim - Frei Luís de Brito. As acusações de abuso de poder e da prática de diversas irregularidades forçam-no a abandonar o prestigiado ofício que desempenhava. É certo que nada ficou provado a nível judicial. 
Quando retornou a Portugal, tenta imediatamente apresentar a sua defesa, estando mesmo disposto a deslocar-se a Madrid para expor a sua versão dos factos. A sua saúde já não seria a melhor (teria mais de 60 anos de idade!), e quando decide mesmo rumar à capital espanhola, acaba por falecer em Oropesa no ano de 1632, sem conseguir reunir-se com as altas dignidades de forma a assegurar a sua defesa.
Os seus restos foram trasladados para o Convento de Nossa Senhora das Relíquias (Vidigueira), onde já se encontravam os restos mortais do seu bisavô - D. Vasco da Gama, pelo qual Francisco sempre mostrou uma grande admiração.
No que diz respeito aos serviços prestados por D. Francisco da Gama em prol da Vidigueira, supõe-se que terá ordenado a construção da Ermida de São Rafael que, nos seus tempos iniciais, terá merecido um culto intenso por parte da comunidade vidigueirense.



Imagem nº 1 - A Ermida de São Rafael foi erigida a mando de D. Francisco da Gama, 4º Conde da Vidigueira.
Retirada de: http://www.flickr.com/photos/vitor107/3313775624/, (Vítor Oliveira)


Ficheiro:Francisco da Gama.jpg

Imagem nº 2 - D. Francisco da Gama, 4º Conde da Vidigueira, e Vice-Rei da Índia por duas vezes (1597-1600; 1622-1628).
Retirada de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_da_Gama,_4.%C2%BA_Conde_da_Vidigueira


Referência Consultada: CAETANO, José Palma - Vidigueira e o seu Concelho. 2º Ed. Beja: Câmara Municipal da Vidigueira, 1994, p. 72-111.


Sem comentários:

Enviar um comentário