segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Considerações sobre a Praça 25 de Abril (Vila de Frades)



Imagem nº 1 - A Praça 25 de Abril, outrora designada de Praça Nova, ostenta edifícios seculares.
Foto da autoria do Mensageiro da Vidigueira



Descrição Pormenorizada da Imagem


Ao lado esquerdo, temos os Paços do Concelho do século XVII (extinto em 1854; o edifício em concreto é aquele que possui no seu cimo uma torrela com sino). 
Em 1849, cinco anos antes do fim da era concelhia vilafradense, sabemos que a localidade, juntamente com a freguesia de Vila Alva (incorporada desde 1836), albergaria 2 877 habitantes (contrastando radicalmente com o actual cenário de desertificação). 
Ninguém ainda apurou ainda as origens exactas deste Município. O documento mais antigo que encontramos visando a existência do dito concelho, remete-nos para o segundo foral, da era manuelina, outorgado em 1512. Mas o primeiro foral, outorgado pelo Mosteiro de São Vicente de Fora a Vila de Frades, perdeu-se irremediavelmente, contudo cremos que o mesmo poderá ser talvez dos séculos XIII (mais provável pela necessidade de povoamento e consolidação económica nos últimos anos do processo secular da Reconquista Cristã) ou XIV. Se este nosso raciocínio estiver correcto, Vila de Frades teria sido sede de município por 500 ou 600 anos, tendo ainda que partilhar a sua influência com os senhorios eclesiásticos (o Mosteiro vicentino de São Cucufate detinha terras que poderiam ir até à Serra de Portel e Cuba, outorgou o primeiro foral que se perdeu, e esteve ainda na origem da designação toponímica desta terra - Vila de Frades, ainda assinalada por outros templos célebres que a constituem) e nobiliárquicos (caso dos Gamas que se estabeleceram nos Paços do Castelo da Vidigueira, mas que promoveram aqui algumas iniciativas, nomeadamente a construção dum segundo convento - o de Nossa Senhora da Assunção - 1545 (capuchos-franciscanos).
Ao longe podemos ainda ver o cimo da Igreja Matriz (ladeada pelas suas duas torres sineiras), cuja construção foi assegurada entre 1696 e 1707 a mando da Câmara Municipal de Vila de Frades, contando ainda com o patrocínio dos religiosos vicentinos e dos conceituados Gamas. O seu altar-mor, de estilo rocócó e barroco, impressiona qualquer visitante, tal é a sua beleza indescritível coroada pela talha dourada. Alberga ainda quatro altares laterais que mereceram a devida decoração sumptuária. Apesar de a vermos, é necessário salientar que este templo majestoso encontra-se no Largo de São Cucufate (ora nem mais, o nome do orago da freguesia). 
Do lado direito, temos a rua de Lisboa, a "rua fidalga da vila", como assim a designava Fialho de Almeida na sua obra "País das Uvas".
Ao centro, a Praça verdejante, colorida de laranjeiras, pavimentada com calçada à portuguesa, centrada com um chafariz (ou "bica", como é designado popularmente) datado de 1900 (terá substituído aí o velho pelourinho, claro símbolo do antigo regime) e que revela ser agora um espaço acolhedor de mesas e cadeiras que farão parte do Novo Centro de Leitura dedicado a Fialho de Almeida, e cuja inauguração estará para breve.
A foto foi tirada a partir do segundo piso do Museu da Casa do Arco, outro edifício histórico que outrora albergara uma prisão masculina, conforme o gradeamento das janelas do piso inferior ainda pode testemunhar.
A Praça 25 de Abril, antigamente denominada de Praça Nova, é um dos sítios mais emblemáticos da freguesia de Vila de Frades e até do concelho da Vidigueira. Está repleta de história, o que orgulha certamente os vilafradenses.

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